O QUE FAZER

O QUE FAZER?

Há algumas histórias nos Evangelhos que trazem indagações. Precisa-se de reflexão para entender a profundidade da mensagem de Cristo Jesus.

O evangelista Lucas relata a história de um homem de posição social elevada, de posses financeiras altíssima, ele vai até Jesus com a mais importante pergunta, que todo homem busca resposta. Diz o homem a Jesus; “Bom mestre que farei para herdar a vida eterna?” (Lc 18.18). Por certo, essa é a interrogação que tirava o sono daquele cidadão de bem, da sociedade. Jesus por sua vez questiona aquele homem, porque ele chama Jesus de bom. Jesus disse: “não há ninguém que seja bom, a não ser somente Deus”. Você conhece os mandamentos: não adulterarás, não matarás, não furtarás...” (Lc 18.19).

Aquele ético homem afirmou que tudo aquilo fazia parte do seu comportamento desde a adolescência, todos aqueles mandamentos era o seu estilo de vida, estavam incorporados no seu padrão ético de vida.

Jesus confronta aquele respeitado, ético cidadão a vender os seus bens e distribuir aos pobres, depois segui-lo e ele obteria um tesouro nos céus. Jesus não propõe aquele homem (que o evangelista Marcos chama de Jovem) rico um estilo de vida franciscano, Cristo não defende uma piedade franciscana. A proposta de Jesus ao homem de posição social é a mesma que ele fez a um pescador chamado Pedro, a beira do mar da Galiléia. Jesus convoca aquele rico de si mesmo a segui-lo.

O homem sai da presença de Jesus desapontado, porque Jesus se apresenta a ele como Deus e o convoca a abandonar tudo e segui-lo. Seguir Jesus na época e hoje é sinal de perda de status social, seguir um homem indigno socialmente. Deixar tudo, não é abandonar tudo. Jesus disse que quem abriu mão de pai, mãe, irmãos, família, por causa do reino dos céus não deixará de receber na presente era muita vezes mais, e na era futura a vida eterna. Jesus convoca o homem a deixar, mas não abandonar, ou abandonar, mas não deixar. O grande ensino de Jesus, é que o amor a Deus, e a Jesus esteja em primeiro lugar.

O patriarca Abraão sai do meio da sua parentela, por causa do chamado de Deus, mas nunca deixou, ou desamparou a sua família.

O fato de não possuir bens, não é essencial. O importante é que os possua como se os não possuísse, e que esteja intimamente livre deles e não prenda a eles o coração. Jesus ensinou aquele homem, a viver como se não possuísse os seus bens. Não prendas o teu coração naquilo que possui.

O pecado do rico que foi ter com Jesus não eram as posses. Essas não são pecados. O verdadeiro pecado desse homem, era a arrogância de um homem ético; socialmente correto, e religiosamente admirado. Orgulho é pecado que afasta o homem de Deus, da eternidade e de Jesus. No chamado sermão do Monte, Jesus disse: “bem aventurados os pobres em espírito, porque dos tais é o Reino dos céus” (Mt 5.3). O grande desafio de cada homem, é doar-se a Jesus, é aceita-lo, é segui-lo. E isso significa perda, porque seguir Jesus é negar-se a si mesmo. É negar a sua agenda, para seguir a dele. É negar os instintos mais animalescos que a ética social não consegue ver. É obedecer à vontade de Deus. Ele conhece todas as inclinações egoístas do ser humano, que manifesta no pescador e também no executivo, no homem do campo e no homem urbano, no intelectual e também no analfabeto, no rico e no pobre. O “rico” arrogante não está na conta bancária, como também a humildade não está na miséria do barraco. A vaidade, a arrogância pode estar na obra de filantropia do rico, como na esmola dada pelo pobre. Pode estar no trabalho social do ativista político, como também no criminoso deputado que vota leis e lesa o pobre, está no advogado que é honrado por todos, mas defende o crime com sofismas, está no religioso que aparece como modelo, mas que molesta crianças, ou lesa os fiéis; também no depravado... Desde que a obra feita for por motivo de autopromoção, diante dos homens ou de Deus. Ninguém se autojustifica diante de Deus. Deus sempre chama o homem para perder a vida, visando encontrar-se Nele.

Nota-se que a ética faz de um miserável pecador, um santo de altar. Porque a ética é humana, mas o amor é divino. O amor aceita perder, o amor leva o prejuízo, leva a carga do outro, sem cobrar o ônus do labor.

Jesus se apresenta como o mandamento a ser seguido. Ele diz: “... depois, segue-me e terás um tesouro nos céus”. (Lc 18.22). A pergunta do homem era sobre a vida eterna. Jesus responde: “Segue-me”. Em outras palavras eu sou o teu mandamento, o meu chamado é o novo mandamento, venha!!.

Na espiritualidade o conflito do fazer perde o sentido. A fé na pessoa de Jesus resolve o problema da justificação do pecado do homem diante do criador. De agora em diante que tudo foi colocado em segundo plano, para obedecer ao chamamento do Mestre, segue o fazer, como conseqüência da resposta positiva ao chamado de Jesus.