DE GIGANTE A MENINO

DE GIGANTE A MENINO

O literato inglês, Oscar Wild, escreveu um conto muito bonito. Ele conta a história de um gigante mal e malvado. Esse grandalhão tinha um jardim, mas não deixava ninguém se aproximar do seu canteiro de flores. Muitas crianças olhavam aquele jardim e desejava brincar naqueles campos verdes, queriam sentir o cheiro das flores, subir nas árvores, entrar no lago, comer frutas, as mais diversas qualidades naquele pomar. Mas toda aquela maravilha era do gigante, e ele não compartilhava o eldorado com ninguém; muito menos com crianças barulhentas, sedentas de aventura. Mas um belo dia o gigante afastou-se do jardim, foi a montanha e demorou alguns dias. Quando voltou, viu uma porção de crianças brincando, correndo, gritando no meio do pomar. O gigante enfureceu-se, deu gritos altamente sonoros. As crianças correram do jardim com medo. Aquele Golias resolveu construir um grande muro em volta do jardim. Pedra sobre pedra, enfim a fortaleza estava construída. Ficou o monstro preso dentro do seu próprio jardim. Mas como ninguém fica sozinho neste mundo, começou a aparecer dentro dos muros do jardim os monstros dos ventos impetuosos, árvores derrubadas; veio a assombração do granizo matou as folhas verdes, o mostro das neves congelou o belo e perene lago. O mostro nas nuvens negras, veio e tapou o sol.

O jardim agora já não era o lugar aprazível, que desperta sonhos e traz sossego. Agora era o inverno eterno. O gigante subiu para a torre do jardim e se recolheu do frio que quase o matara.

Mas as crianças continuavam a brincar fora dos muros, porque fora dos muros tinha sol, natureza verdejante. As crianças sempre olhavam para o muro com um desejo enorme de entrar e fazer a festa, mas também viam a penumbra sobre o jardim. Um belo dia, alguns meninos estavam brincando próximo ao muro, quando um raio caiu sobre uma árvore que acabou abrindo uma brecha na fortaleza do gigante. As crianças subiram em um galho da árvore que ficou fora do muro, alcançando a brecha e todos entraram no jardim. Poucas horas depois as nuvens que pairavam sobre o jardim, diluíram-se, a água com os raios do sol descongelaram, a neve derreteu e correndo para o rio, as flores e o verde enfim retomou o seu lugar no campo. O gigante que estava na torre, fugindo do frio, viu um raio de sol entrar na sua janela; logo foi despertado pela curiosidade e a festa das crianças. Os pequenos convidaram o mostro para participar da alegria, porque a paz chegara novamente ao jardim. O gigante aceitou o convite e foi brincar com as crianças. Um dos meninos chamou o gigante e pediu para colocá-lo na copa na árvore. O gigante pegando a criança com a palma da mão, colocou em um dos galhos mais altos da árvore. Aquele menino convidou o gigante para subir com ele, na árvore. Quanto mais eles subiam mais a árvore crescia; crescia, crescia, que o menino e o gigante chegaram a um jardim superior, muito mais bonito e gracioso; cheio de vida e de luz intensa. Ao amanhecer as crianças voltaram ao jardim, para sua surpresa, o gigante estava morto debaixo da árvore.

Este belo conto revela as verdades do Evangelho de Cristo. O homem é um dos seres que mais depende dos pais quando criança. Um bebê não tem a capacidade mínima de sobreviver, sem a presença e os cuidados dos pais. Jesus convoca o homem a lembrar disso; que ele necessita novamente depender de Deus, em tudo, para a salvação eterna. Essa verdade evangélica mexe com o orgulho do ser humano; pois nada do que faz o homem, poderá pagar a salvação. O homem pode dar todos os bens aos pobres, fazer toda espécie de filantropia, ainda assim, não impressiona a maturidade de Deus. Diante da impossibilidade humana de conseguir alguma coisa de Deus por méritos próprios, Jesus ensina o homem a voltar a ser criança. Ele diz: “Da boca de pequeninos e crianças sai o perfeito louvor” (Mt 21.16). Jesus chama o homem a inocência, chama a simplicidade. O que impede a inocência é a vaidade, ela faz o ser humano construir os muros, as fortalezas, com o objetivo de esconder as mazelas egoístas. Tentar esconder o ódio, a vingança, o egoísmo, a mentira, os apetites desordenados e desenfreados... Construindo fortalezas e se escondendo. Mas o homem não pode esconder de si mesmo e muito menos do criador. Pode negar o mal com a força do orgulho, mas ele faz brechas na consciência e permitindo terceiros entrarem para revelar o temporal do mal. Mas existe uma solução! O apóstolo Paulo diz: “as armas espirituais são poderosas em Deus, para destruir fortalezas (esconderijos do homem), anulando enganos mentais no homem” (2ª Cor 10.4). Jesus chama a inocência. Ele diz: “quem não se converter como essa criança e não vos tornar como crianças, de modo algum entrarão no reino dos céus” (Mt 18.2,3). O convite de Jesus é para a simplicidade. Não é preciso mais construir muros, nem esconder na torre; precisa-se urgentemente derrubar a fortaleza, deixar o sol entrar, para dissipar as trevas, deixe a vida correr, sem congelar a beleza da perenidade, da mansidão; deixe o sol da justiça (Jesus), destruir os seus locais de fuga, corra para os braços de Jesus.

O criador quer o homem, e não, o que o homem faz. Deus fez pelo homem o impossível. Fez a salvação em Cristo Jesus. “Pela Graça sois salvo, por meio da fé; e isto não vem de vós e presente de Deus” (Ef 2.8). Deus entristece com almas agigantadas e adota gigantes que tem alma, como alma de criança.