O Lucro da Tragédia Nordestina
Complementando meus textos Solidariedade Humana e Tragédia em Alagoas, reproduzo o que ouvi de um amigo que é professor universitário na área de administração: “Esses políticos têm sorte. Uma tragédia dessas logo no ano eleitoral.”
Agora, analisando o farto noticiário sobre a tragédia, principalmente suas causas, vejo que o amigo está com a razão.
Já dizia a minha avó que “não adianta colocar a trava na porta só depois de arrombada”.
Depois do “Tsunami Nordestino”, como foi chamado por uma Revista de circulação nacional, eis que o Presidente da República, acompanhado de ministros, governadores dos estados afetados e políticos das mais diferentes cores partidárias desembarcam em locais onde a população jamais esperou merecer a visita dessas autoridades.
A mesma Revista corrobora as minhas afirmativas dos textos anteriores, quando diz que “uma torrente de água e incompetência destruiu cidades do Nordeste”. Não houve investimento na prevenção. Segundo dados apurados, o governo federal liberou apenas 14% dos recursos prometidos à defesa civil, sendo que desse total liberado 57% foram para a Bahia, onde o Ministro da Integração é candidato a governador. Mais da metade dos recursos só para um Estado. Nenhum pai da família cometeria essa injustiça com seus filhos na hora de dividir o pão.
E eu disse que a chuva, que é um somatório de pingos d’água, não provocaria tamanha tragédia se não fosse o rompimento de algumas barragens. Enquanto a imprensa local não divulgou esse fato, a Revista vem em meu favor, enumerando as barragens. Constata, assim, a evidente falha humana, por não levar em conta o período de chuvas historicamente conhecido, com intensidade maior a cada dez anos. Deixaram as barragens no seu nível máximo, não podendo reter o excesso da carga d’água das chuvas previsíveis para esta época. Tragédia para uns, lucro para outros.