PROIBIDO SER HUMANITÁRIO

Do demônio ninguém espere que ele seja leniente com alguém, sequer tenha o mais mínimo traço de inclinação para prestar o bem comum. Vocação do mal para exercitar o bem é, sem sombra de dúvida, inteiramente descartada. E o demônio, no curral daquilo que por egocentrismo considera de sua jurisdição, até em Deus, caso pudesse, atearia fogo.

É explicitamente o que ocorre, nos dias atuais, com o demoníaco poderio bélico e volitivo de Israel. Senhor de todas as vontades, ombreando com os EUA em “cagar regras” (pesquei a expressão do João Ubaldo Ribeiro) para o mundo, só que na mera condição de ventríloquo do seu aliado número 1, vale dizer, o maioral império ianque.

Além, no seio do distante Oriente Médio, asseclas israelitas, os lídimos matadores de Cristo, tripudiam da Humanidade e cospem em quaisquer gestos que por ventura apresentem alguns laivos de ações caritativas e humanitárias.

Armado até os dentes pelo imperialismo norte-americano, alistando para a guerra jovens mulheres e até crianças, já desde antes da “Guerra do Golfo Pérsico”, em 1991, Israel casa, batiza e faz barba e bigodes do povo de Deus, os seus vizinhos, na Palestina. São os únicos que, de fato, detêm armas nucleares no Oriente Médio.

Primeiro Israel tomou à Síria, na marra, pelo poder dos tanques, aviões e canhões, as Colinas de Golã, na dita “Guerra dos Seis Dias”, em 1967. Na sangrenta operação, pisoteou simultaneamente os vizinhos da região, a saber, principalmente o Líbano, a Jordânia e a maior vítima entre elas, o território onde hoje se situa a Faixa de Gaza e o oprimido povo palestino.

Aqui, nas regiões invadidas, indo com muita sede ao pote, o nazifascismo israelense começa a fazer assentamentos de agricultores judeus. Por total leniência e lassidão da ONU, em duas decisões históricas nas quais o privilégio de Israel sobrepujou o direito natural da Síria e da Palestina, respectivamente em 1981 e 2008, os Montes de Golã foram definitivamente anexados ao império das aves de rapina.

Não se tem dúvida de que a mão suja israelense envenenou, aos poucos, o líder Yasser Arafat, que muito antes da morte já vivia isolado, literalmente sitiado em seus próprios domínios. O cerco que Israel fez a esse líder e ao povo palestino foi um crime inconcebível que, mais uma vez, a ONU fez vistas grossas, corroborando com o vilipendioso crime dos assassinos da cúpula ianque-israelense.

Era numa segunda-feira, 31 de maio passado, e um pequeno comboio de seis embarcações cargueiras dirigia-se para Gaza, na Cisjordânia, levando víveres, remédios, agasalhos e outros materiais de ajuda humanitária, todos de sobrevivência para os habitantes miseráveis daquela parte bloqueada pelos cruéis e desumanos israelenses. Do jeito que fizeram com Arafat, a tática dos infelizes é utilizarem o isolamento físico de suas vitimas.

A bordo da flotilha, os 628 ativistas de 38 nações haviam partido da Irlanda, muitos recolhidos na ida em outros países, capitaneados pelo ganhador do prêmio Nobel da Paz, o irlandês Mairead Maguire, na companhia de outros membros da comunidade internacional, todos ligados a entidades de defesa dos direitos humanos, inclusive um antigo subsecretário-geral das Nações Unidas, o também irlandês Denis Halliday.

Pasmem o que àquela meritória expedição de paz, infelizmente, mercê da sanha dos nazifascistas judeus, aconteceu. O resultado, no placar, foi que com a intervenção armada de Israel, que não concorda em ser humanitário, e proíbe qualquer gesto neste sentido, nove ativistas foram mortos e quarenta saíram feridos, entre eles cidadãos de várias nacionalidades. Indefesos pacifistas, em alto mar, sob chuva de helicópteros e o ataque de navios lança - mísseis.

Agora a Turquia promete retaliações comerciais e a covardia do Estado israelense não ficou impune: o repúdio internacional é crescente. Basta notar que esta semana finda foi marcada, em várias partes da Europa, por manifestações de apoio à nobre ação dos ativistas e contra os miseráveis bloqueadores das liberdades do povo palestino.

O navio de bandeira irlandesa “Rachel Corrie”, que se atrasara do restante da flotilha, por motivos mecânicos, sozinho, transportava 1,2 mil toneladas de mantimentos, somando um total de 10 mil toneladas de ajuda. No entanto, sábado, 05 de junho, pela manhã, a exemplo dos barcos que foram na frente e atacados, o navio “Rachel Corrie” também foi interceptado pelo Exército nazifascista de Israel.

No bloqueio a esta última embarcação, felizmente, não houve baixas; felizmente, em razão da estrondosa repercussão mundial contra a matança dos humanitários cidadãos da ONG “Gaza Livre” e outros movimentos. Os ativistas interceptados apenas aquiesceram às exigências de revista dos militares de elite que saltavam de helicópteros e ordenavam o desvio do barco para o território dos fazedores de regras para o planeta Terra, soprados pelos ianques, que são os donos do resto do mundo.

Por uma Faixa de Gaza sem bloqueios por terra, mar e ar, pois que a muralha que já se ergue entre Israel e a Palestina é uma vergonha sem par! Por todo o Oriente Médio livre do jugo nazifascista do imperialismo! Assim seja para os povos espoliados da nossa América Latina e também para todo o Terceiro Mundo.

Fort., 06/06/2010.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 06/06/2010
Reeditado em 06/06/2010
Código do texto: T2303135
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.