Esboçando o quadro da formação de professores em psicologia educacional
Capítulo I Esboçando o quadro da formação de professores em psicologia educacional
Palavras Chaves: Psicologia; Formação; Educação.
Por: Sirlane Santos
A autora Priscila Larocca apresenta inicialmente propostas para redefinir a Psicologia Educacional no contexto da formação docente. Segundo a autora, foi somente no século XIX que a Psicologia começou a conquistar autonomia que até o momento mantinha uma relação com a Filosofia. Foi após essa ruptura que a Psicologia passou a ser reconhecida e começou a se desenvolver como ciência. Na Europa, surgiu o primeiro laboratório de Psicologia, sua independência passa a ser mais nítida e cresce tendo como um dos princípios desenvolver finalidades práticas, onde o sujeito deveria se “ encaixar” sem questionar a estrutura socioeconômica da sociedade.
Segundo Larocca, a Psicologia preocupa-se mais com o estudo da natureza particular do ser humano deixando de lado as questões sociais que afetam o indivíduo. Não podemos esquecer que todo esse crescimento da psicologia ocorreu na segunda metade do século dezenove, ou seja, no mesmo instante que as indústrias capitalistas se consolidavam. Ou seja, a Psicologia se desenvolve refletindo circunstâncias históricas e sociais, porém, como Larocca nos apresenta a Psicologia salienta a idéia da natureza humana individual e que se sobrepõe às circunstâncias sociais que a cercam.
Com o passar do tempo, os princípios psicológicos começa a ser base de sustentação das propostas que se formam no âmbito educacional. Através da relação entre Psicologia e Educação as questões relativas à insuficiência escolar como: repetências, evasões, entre outros, foram explicadas em termos de “problemas individuais”. Tudo isso, segundo o que a autora nos passa.
Conforme Larocca nos apresenta, a Educação é de tamanha complexidade que não pode ser resumida ou presa a uma única ciência, tomando consciência disso, passa-se a reconhecer que não cabe a Psicologia ditar normas à Educação, porém, é importante compreender a concepção de Psicologia da Educação visando à formação de docentes. Por tal motivo, por estar a serviço da Educação, a Psicologia não pode ignorar a responsabilidade social. Ela é um conjunto de referenciais que juntamente com outras áreas contribui para a criação e recriação de modalidades de intervenção.
Reconhecendo que a escola com o passar do tempo cresceu quantitativamente, percebemos também, que com ela as dificuldades do cotidiano aumentaram na mesma proporção, dificuldades essas que vão dos desentendimentos entre professor-aluno, a outras ocorrências que focalizam os males da sociedade. A Psicologia oferece ao docente maneiras de compreender e desenvolver o seu método de ensino dentro da escola.
Larocca apresenta-nos que a escola “alimenta” expectativas de que a família deve dar atenção afetiva, econômica, para que o aluno obtenha um bom desenvolvimento na escola. Independente de o professor obter uma boa formação ou não o mesmo enfrenta as cobranças diárias dos familiares e da escola sobre a melhoria do ensino. De acordo com que Priscila Larocca afirma, nem sempre o professor tem claros pressupostos teóricos em que se sustentam suas decisões. Muitas teorias têm muito a apresentar sobre a prática escolar. Tentar reconhecer essas teorias supõe aderir uma visão crítica do conhecimento produzido pela Psicologia Educacional.
Por mais que se focalize uma teoria na formação do professor, dificilmente o docente estará totalmente preparado para enfrentar a difícil realidade do processo educativo. Principalmente porque diversas capacitações aderem uma única teoria como se fosse a única capaz de contribuir para a resolução dos problemas existentes no espaço escolar. Dessa maneira torna-se mais tortuoso o trabalho do professor e o fracasso será sempre de responsabilidade do professor e do aluno.
Segundo a autora, afirma que, é comum a utilização de conteúdos inadequados que não atendem as necessidades na formação do professor, há insuficiência na formação e má organização na política de investimento na área. A constatação se dá no momento no momento em que não se observa diferenças significativas entre os professores que trazem consigo apenas o curso secundário e os que possuem a tão comentada formação. A Psicologia Educacional torna-se marcada pela preocupação com a seleção dos conteúdos trabalhados na psicologia aplicada nos cursos de magistério.
Por fim, finaliza colocando que, os avanços para a melhoria na formação docente faz-se necessária. A Psicologia Educacional deve se organizar de forma que venha a contribuir na formação dos atuais e futuros professores.
Comentário
O texto de Priscila Larocca amplia o horizonte das expectativas da Psicologia Educacional, na medida em que se insere a noção de Psicologia, Educação e Formação do Professor que é de extrema importância não só para o professor como também para o aluno. Torna-se relevante o que nos apresenta SOUZA & KRAM (1991) frisando que “quanto mais as universidades e os sistemas de ensino confundirem as cabeças dos professores com teorias redentoras supostamente dotadas de capacidades de resolver os problemas educacionais [...], menos contribuições efetivas estarão sendo dadas a uma educação democrática, e portanto de qualidade” (LAROCCA, p. 19). No nosso cotidiano como estudante, é comum acontecerem grupos de discussões sobre o que o aluno está estudando e como o conhecimento que foi produzido pode ser utilizado. O professor pode aderir uma teoria, contando que deixe claro para o educando sobre a existência de alternativas que também podem ser utilizadas.
O papel do aluno não deve se restringir apenas a aceitar uma atividade escolar e sim o de poder atuar de forma crítica sobre ela. “A experiência prática mostra também que o ensino direto de conceitos é impossível e infrutífero. Um professor que tenta fazer isso geralmente não obtém qualquer resultado, exceto o verbalismo vazio” (Vigotski, 2000: 104. In. VOESE, p. 148).
Contudo, a Psicologia Educacional nos proporciona desenvolver métodos que facilitam na dinâmica do ensino dentro da escola, nos viabiliza formas de compreender e enxergar a realidade que nos cerca e nos faz desenvolver o lado crítico como seres capazes e competentes que somos. É dessa forma que acontece a dinâmica do ensino, com a troca de conhecimentos e a utilização das diversas teorias existentes, não “abraçando” apenas uma teoria como sendo a única capaz de resolver os problemas do ensino.
Referências
VOESE, Ingo. Análise do discurso e o ensino de língua portuguesa. – São Paulo: Cortez, 2004. – (Coleção aprender e ensinar com textos; v.13/ coord. geral Adilson Citelli, Lígia Chiappini).
LAROCCA, Priscila. Esboçando o quadro da formação de professores em psicologia educacional. In: A psicologia na formação docente. Campinas, SP: Editora Alínea, 1999.