Fingindo de "égua"
É a décima vez que o telefone toca.
É a décima vez que deixo de atender. Engraçado falar de toque! Isto me lembra como tudo entre nós começou, não foi como o trivial, ou seja, troca de olhares, foi diferente, foi um toque de olhares que houve entre a gente e que acabou tocando todo o nosso ser. E agora estou aqui recusando em atender este insistente chamado.
De um lado fica talvez você pensando que eu não esteja, de cá fico eu fingindo de "egua" e ignorando, e o telefone continua tocando.
É tempo demais pra ficar ouvindo esta campainha, porem é pouco tempo para esquecer o passado, e ele pode estar ali, bem do outro lado.
Minha mente ainda guarda bem as palavras de algumas semanas atrás, que pode ter sido a nossa ultima conversa, onde eu passaria a ser pra você um simples estranho, e você, como eu bem disse: Uma fulana qualquer.
O telefone insiste, já passou da vigésima vez, então resolvo atender para acabar com este tormento, e muito bruscamente digo: Aqui não mora quem você procura. E logo veio a resposta delicadamente: Então aceito falar com um estranho, se por acaso quiser falar com uma fulana qualquer.
Depois disto quem tentou me ligar só ouviu o toque de ocupado.