O ECUMENISMO
O ECUMENISMO
“Para que o mundo creia “
Jo 17,21)
Estamos no centenário da celebração da Semana de Oração pela União dos Cristãos (SOUC): quanto caminho já andamos e quanto temos ainda a percorrer . “Antes o objetivo era aproximar mensagens no intuito de não confundir povos que ainda não conheciam o Evangelho . Hoje , porém, o desafio maior é incutir nas igrejas a criação de uma linguagem comum para nós mesmos , povo cristão “: com mais ou menos estas palavras , assim se expressou o secretário nacional do CONIC , revdo. Luis Alberto Barbosa .
Ainda neste ano , a igreja escocesa celebra o centésimo aniversário da conferencia de Edimburgo . Santo Inácio de Antióquia se ufanava em dizer e apontar Roma como “aquela sede que deveria presidir às demais igrejas no amor “ , mas ainda resta uma longa caminhada .
Notável é a figura de João XXIII , de saudosa memória , que teve a coragem e a ousadia de convocar o Concilio Vaticano II para um aggiornamento da igreja católica e , embora , este concílio ser chamado de Ecumênico , que na realidade foi um concílio tópico do catolicismo romano , TEVE SEUS EFEITOS...) através de seus documentos, tais como : “ Lumen Gentium “ , Unitatis Redintegratio e Nostra Aetate , dentre outros , cujos efeitos se fez sentir em toda a cristandade , mais positivamente que negativamente . Conforme afirmou o Dr. Gottfried Brakemeier : “Sem este concílio, de fato , a caminhada ecumênica teria sido outra “.
O concílio ecumênico se tornou uma bola de neve dada a sua repercussão ,efeitos e extensão internacionais, na tentativa de atingir as igrejas históricas separadas de Roma : ortodoxas , anglicanas , luteranas e outras. Atingiu à todo o orbe cristão e até não cristão, ao ponto de aprofundar o conceito de Corpo Místico de Cristo, proposto por Pio XII , para o de Igreja - Povo de Deus , o que é muito mais abrangente , ou seja, uma eclesiologia do povo de Deus . Já na carta de Pedro, este conceito de Igreja - povo de Deus é tão antigo quanto a carta ...
Mas a Igreja Católica Romana se manteve distante do movimento ecumênico , postura esta , hoje ,bastante modificada em prol do ecumenismo , em prol da unidade das igrejas cristãs ...
A meu ver , e com base no texto do insigne Dr. Gottfried Brakemeier, intitulado “ A igreja Católica-Romana e o Ecumenismo” , lido e relido por mim , inclusive nas entrelinhas , e quando se lê algo , reescrevemos outra coisa , a minha conclusão , como resposta à pergunta feita neste artigo, é :
A Igreja Romana é o grande impedimento do Ecumenismo , por isso fica à distância , embora tudo pareça o contrário . Ela jamais abdicará da sua consciência de que ela é A IGREJA DE CRISTO , e somente ela . Os tapinhas nas costas nas reuniões ecumênicas , os sorrisos de hiena, a partilha de pão que de longe simboliza “pão “ , por que usam o ázimo , quem dirá partilha de Cristo feito pão dos pobres , dos pecadores , pois continua excluindo da mesa eucarística até mesmo seus membros : divorciados .... Jamais aceitará a hospitalidade eucarística , mesmo crendo na mesma coisa que eles , na presença real de Jesus sob as espécies de pão e de vinho , no metabolismo da fé .
Ela é a Igreja ! As demais , e dentre elas ainda existe uma classificação : Igrejas irmãs , cristãos separados ; comunidades eclesiásticas , igrejas rituais ....
A centralização , o fundamento, é o vigário de Cristo, que não necessita de vigário, pois Ele jurou estar com sua igreja - “ os egrégios “ - até a consumação dos séculos , e que as portas do inferno não prevaleceriam sobre ela . A Igreja não está acéfala , não precisa de cabeça , precisa de cristãos ,membros do único corpo de Cristo , indivisível – a igreja.
Portanto , jamais a igreja romana entrará de cabeça neste movimento ecumênico , pois ela é a igreja; as outras o são até o momento que tiverem elementos que ela considere “ remanescentes do catolicismo “ , ou elementos que ali subsistem . Portanto , em sendo a igreja romana a igreja , seria incoerente que ela reconheça a outra como plenamente igreja . Por isso , no CMI ela ainda é membro observadora .
A ICAR , portanto, é a verdadeira e a única igreja de Jesus Cristo ...assim afirma , assim pensa e assim pensará .Assim sendo, os elementos cristãos existentes noutra igreja cristã não católica romana , são elementos dela , herdados ....Com isso entenderemos a idéia do retorno à casa paterna tão apregoado por ela , pois ela é a igreja ....
Roma só vê unidade em termos de poder , de jurisdição . Em volta da pessoa de Pedro , do qual o papa lhe é o sucessor direto , o 263º, “ calcada no fundamento da rocha que é Pedro “, não ignorando, na prática, que o fundamento da igreja , a sua Pedra angular , é Jesus Cristo , o Theântropo . Não é sobre a carne e o sangue que ela se fundamenta , mas sobre a homologia da fé de Pedro , que interrogado por Cristo ... o apóstolo , cheio do Espírito Santo, professou : “ Tu és o cristo , filho de Deus vivo ...”
Unidade , portanto, significa sujeitar-se ao sucessor de Pedro ....e os outros apóstolos onde ficam nesta sucessão ....? E o mais hilário de tudo isto é que o apóstolo Pedro morreu sem saber que era papa . E ainda o titulo de Papa foi por primeiro atribuído ao Patriarca Ortodoxo de Alexandria , que até os dias de hoje assina : Papa e Patriarca de Alexandria e toda a África . E o Bispo de Roma , também intitulado Papa , quando se corresponde com o Patriarca de Alexandria , não se esquece de também chamá-lo de Papa . E na igreja ortodoxa de língua grega , Papá , é titulo atribuído a todo presbítero : Papá Vassili ....etc...
Roma semper eadem !
Estando muito longe do Amor , seu anagrama , as coisas mudaram muito nos últimos anos , principalmente no que refere ao ecumenismo , cuja postura atual , no entanto, continua deixando a desejar , ora caminhamos , ora retrocedemos , mas o que importa é caminhar sempre . A declaração Dominus Iesus , para mim, é um retrocesso neste processo instaurado no Concilio Vat.II . , o que tornou o clima ecumênico meio áspero.
Parece que a cúria Romana se move na contramão do ecumenismo : a volta das indulgências; a preferência por clérigos conservadores quando da nomeação de bispos; a exclusão da mesa eucarística os batizados validamente .
Finalmente , falando das igrejas em geral , e das ortodoxas em particular , que graças aos santos Fócio e Miguel Cerulário e a Marcos Eugênio , ela se tornou livre do jugo da igreja romana , que hoje chamamos de Vaticano . E, em se restaurando a unidade , não me refiro à eucarística , mas à de à, em vez Jurisdição , nunca mais será livre , e será engolida pela cúria romana e destruída pelo atual direito canônico oriental , que deturpou totalmente o Direito Canônico oriental “ O Pidálion “ , tão puro , tão belo , tão original , que se baseia nas Atas dos sete primeiros concílios: Atas Apostólicas , a Didaquê ... e assim perderá sua identidade , porque ela, sendo minoritária , o maior destrói o menor ... o mesmo que se passa com as chamadas igrejas uniatas , cada vez mais latinizadas ...
Esperamos também que as veneráveis igrejas protestantes - luteranas e reformadas - não se curvem cegamente à igreja romana, sob o pretexto de estarmos fazendo ecumenismo pois, como muito bem disse o autor deste artigo , motivo desta síntese : “ a igreja que cremos é maior do que a igreja que vemos “.
Quando vejo o Ecumenismo , que em si é vontade de Cristo , mas na prática é um jogo de interesses de poder - quantitativo , político e econômico - deploro tanto esforço , lágrimas e suor dos Reformadores no ocidente e no oriente . E me pergunto valeu à pena tudo isso! Enfim , o que defendemos , por que nos convertemos em protestantes e ortodoxos se no final seremos engolidos pela super igreja , a unificação , que nada tem de unidade ....?
A confissão de Augsburgo , expressão básica do luteranismo , que já há cem anos se considerava ecumênica .
Que Jesus Cristo continue sendo o critério da unicidade da fé e da comunhão do Espírito Santo !
Padre Basilio Lima
protopresbítero
padre.basilio@hotmail.com