Lições de um executivo para seu sucessor

Por Sonia Jordão

A sucessão empresarial pode acontecer em diversas situações: quando o fundador resolve se aposentar, quando quer simplesmente ficar no conselho consultivo ou mesmo quando não tem mais condições de tocar o negócio por qualquer motivo. Entretanto, quando a empresa não se prepara para esse momento pode ocorrer uma situação traumática. Conflitos entre membros da família por causa da transmissão do capital e também do poder, podem até arruinar o negócio. Para evitar isso a organização precisa montar uma boa estratégia para a sucessão empresarial.

Organizações de sucesso, geralmente, têm na alta direção um bom líder. Este consegue enxergar a necessidade de formar seu sucessor e para isso torna-se um coach para a pessoa que ele acredita que terá capacidade de dar continuidade ao seu projeto. Como um bom coach, sua tarefa principal é ajudar, conduzir a pessoa que está sendo treinada a obter o melhor de si. Como entende isso, chama o futuro sucessor para junto de si e mostra o que acredita que ajudará na condução dos negócios quando não estiver mais no dia a dia da empresa.

Uma transição familiar bem sucedida pode significar um novo começo para a empresa. Inúmeras organizações permanecem por décadas, quando a sucessão acontece com sucesso. Se o fundador tiver dificuldades é possível contratar um consultor para ajudar a conduzir o processo de sucessão.

Muito importante também é preparar os herdeiros para serem empresários, já que assumir um negócio tem diversas responsabilidades - além de ser um empreendedor é preciso ser um bom gestor, um bom líder e, muitas vezes, lidar com um ou mais sócios. Empresários de sucesso cuidam dos recursos e das pessoas.

Caso o empresário tenha sócio, é preciso deixar as coisas bem claras, escrever os acordos. O melhor momento para preparar o divórcio é na hora do casamento. Assim também é na sociedade. É bom fixar as regras para a separação ou para a sucessão, quando está tudo funcionando bem.

Se existe uma boa preparação, quando o executivo se vai o sucessor lembra-se constantemente de suas orientações. Algumas delas tornam-se verdadeiras lições. Entre elas:

- Para cada pessoa que trabalha na empresa, em média, existem duas outras que dependem do salário do funcionário.

- As empresas precisam ser lucrativas porque, se forem à falência, não é só o empresário e os funcionários que saem prejudicados. Também os familiares, fornecedores e até os clientes sofrem, já que deixam de ter um serviço ou produto à sua disposição.

- As pessoas são o que se tem de mais importante em qualquer negócio. Entretanto as empresas precisam andar independentemente delas. Porque se alguém adoecer, ganhar na loteria ou tirar férias, os negócios não podem parar.

- Não é preciso sofrer para aprender. É mais sábio aprender com os erros de outras pessoas.

- Estar presente fisicamente nos lugares não é suficiente. É preciso estar por inteiro com as pessoas.

- Coletar dados e depois tratá-los para que virem informações ajuda a analisar as situações, para tomar as melhores decisões.

- Não adianta coletar dados se não fizer nada com eles.

- No mundo de hoje, com a velocidade dos negócios, as decisões precisam ser tomadas rapidamente.

- Com bons indicadores de desempenho é mais fácil gerenciar o negócio.

- A pontualidade é fator importantíssimo. As pessoas precisam respeitar o tempo dos outros e não podem se atrasar para os eventos e/ou reuniões.

- As empresas precisam andar independente de qualquer pessoa. Já que por mais importante que uma pessoa seja, sua saída não pode desestruturar a empresa.

- E, finalmente entender que não é problema contratar parente ou amigo, o que não se pode é contratar profissional incompetente.

Fazer o sucessor nos negócios não é tarefa fácil. O fundador precisa saber que falar de sucessão é falar de continuidade de seu projeto, e não de morte.

Essas são lições extraídas do romance corporativo “E agora, Lívia? – Desafios da liderança”. Elas foram percebidas por Lívia após a morte de seu pai.

Sonia Jordão é especialista em liderança, palestrante, consultora empresarial e escritora. Autora do livro “A Arte de liderar – Vivenciando mudanças num mundo globalizado”, e dos livros de bolso “E agora, Venceslau? - Como deixar de ser um líder explosivo” e “E agora, Lívia? – Desafios da liderança”.

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