EU E O PAI SOMOS UM
 
Sem dúvidas, todos nós seres humanos, temos nossa identidade existencial e pessoal, isto é, a vida natural nos identifica e por isso mesmo, temos um nome, um credo ou não, um “status” de vida, etc.; e assim desenvolvemos as capacidades naturais recebidas do Criador para interagirmos entre nós e pormos em prática sua bondade presente em nosso ser.
 
Na verdade, mais do que identidade existencial e pessoal, somos “imagem e semelhança” do Criador e Pai de nossas almas; e a vida que vivemos só tem sentido real, para além de nossa naturalidade, quando permanecemos unidos à Ele, que é Deus, Único e Verdadeiro e se nos revelou plenamente em seu Filho Jesus Cristo para nos dá a conhecer qual o destino eterno que nos espera. Porém, se negarmos nossa origem divina, definhamos pouco a pouco, perdemos as capacidades recebidas e a própria vida que Ele nos deu.
 
A IDENTIDADE CRISTÃ
 
Nós, que professamos a fé Católica, somos portadores da identidade de Cristo, isto é, somos cristãos, visto que, trazemos em nós os sinais de sua presença salvadora, ou seja, a filiação divina (Cf. Jo 1,12-13) e o selo do Espírito Santo (Cf. Ef. 4,30), gravados em nossas almas; é como disse São Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. (Gál. 2,20). De certo, enxertados em Cristo Jesus, como à Vide Eterna (Cf Jo 15,1-8), damos frutos da redenção operada por Ele em seu sacrifício de cruz, participando de sua Natureza Divina (Cf. 2Ped 1,4), e glorificado a Deus nosso Pai com nosso viver.
 
Certa feita, São Felipe pediu ao Senhor: “Mostra-nos o Pai e isso nos basta. Jesus respondeu: Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe! Aquele que me viu, viu também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai... Não credes que estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que vos digo não as digo de mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é que realiza as suas próprias obras. Crede-me: estou no Pai, e o Pai em mim. Crede-o ao menos por causa destas obras”. (Jo 14,8-11).
 
Ora, este é o grande mistério da Presença Divina em meio à criação; é como está escrito na Carta aos Hebreus: “Muitas vezes e de diversos modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas. Ultimamente nos falou por seu Filho, que constituiu herdeiro universal, pelo qual criou todas as coisas. Esplendor da glória (de Deus) e imagem do seu ser, sustenta o universo com o poder da sua palavra. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, está sentado à direita da Majestade no mais alto dos céus, tão superior aos anjos quanto excede o deles o nome que herdou”. (Heb 4,1-4).
 
Por ocasião da conversão de São Paulo, o mesmo ouviu a voz do Senhor vinda dos céus que lhe dizia: “Saulo, Saulo, por que me persegues? Saulo disse: Quem és, Senhor? Respondeu ele: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. [Duro te é recalcitrar contra o aguilhão]”. (At 9,4-5). Ora, sabemos, por esse mesmo texto dos Atos dos Apóstolos, que Paulo perseguia os cristãos de Damasco para prendê-los por seguirem Jesus.
 
Logo, entendemos perfeitamente que também nós fazemos parte dessa visibilidade divina em meio à naturalidade que nos rodeia, ou seja, o Senhor está presente em nossa vida e nós somos seus reveladores no mundo. Assim como Jesus é a visibilidade do Pai, também nos deu a nós, que o amamos e seguimos, ser visibilidade Sua.
 
“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele”. (Jo 6,56).
 
Paz e Bem!
 
Frei Fernando,OFMConv.