Tesouros Submersos
Conforme alguns historiadores, os anos entre 1500 à 1800, foram os anos de maior fluxo das grandes navegações intercontinentais. Foi nesse período e através da navegação, que se tornou possível a descoberta de novas terras, além da expansão do comercio internacional e do transportes de pessoas e bens de altíssimos valores financeiros. Porem, também foi através da navegação que a pirataria ficou conhecida. Sua bandeira negra era sinônimo saque e morte.
Neste período também, foram muito comuns os naufrágios. Hora devido às investidas dos saqueadores, hora por problemas nos percursos ou ainda devido aos acidentes causados por catástrofes naturais, como tempestades e furacões. Embarcações carregadas com valores incalculáveis afundavam, levando com elas todo o seu tesouro interior.
Em 1638, o galeão espanhol Concepcion, afundou perto da Republica Dominicana e até hoje guarda em seu interior moedas de ouro avaliadas em mais de U$100 milhões, o navio Santa Rosa de nacionalidade portuguesa, afundou em 1726 na costa nordestina brasileira, carregando 6,5 toneladas de ouro, além de muitas peças de arte que hoje valeriam U$ 1 bilhão, o navio americano SS Republic, foi a pique em 1865, na costa da Geórgia, nos Estados Unidos, com 50 mil moedas de ouro e prata, cujo valor chega aproximadamente a U$ 75 milhões.
Como os velhos Galeões, somos embarcações carregadas de muitos tesouros. Mas, alguns infelizmente também já se encontram submersos, não resistiram às constantes investidas da pirataria do egoísmo e da vaidade. Alguns outros, ainda lutam para conservarem o “casco” e se manterem no curso certo de seus destinos, mas para tanto abriram mão da maior parte de seus tesouros.
Travamos constantemente em nosso intimo uma luta de interesses. Buscamos sempre não naufragar, buscamos ao máximo atingir nossa meta, buscamos sempre ser felizes. Porem em nossa jornada, vamos sempre sofrer a investida da pirataria, sofreremos com o nosso próprio orgulho, com o nosso próprio egoísmo, que se transformam em tempestades e insistirão em nos afundar.
Mais vezes para não sofrer buscamos camuflar nossas embarcações, mudando o curso que nos fora preparado. Através do nosso livre arbítrio abrimos mão de nossos tesouros mais íntimos e passamos a dar uma maior atenção para atributos sem valor.
Substituímos bons costumes pelos péssimos hábitos, substituímos nossas famílias pelas promessas de estanhos, deixamo-nos nos levar pela “pirataria” e assim afundamos como os velhos galeões.
É necessária uma revolução completa. É necessário içar as velas e não temer o mar aberto, ignorar os piratas, descobrir novas e boas terras e encantar-se com elas. Descobrir que a vida continua, que seus bons valores estarão apenas temporariamente submersos e que é possível resgatá-los e continuar a sorrir. Basta apenas atravessar a rua que o impossível será superado.
Nossa vida realmente é um mar aberto. Há muitos perigos, muitas novidades, muitas delicias, muita briga, muito choro e muitos sorrisos, por toda essa imensidão. E cabe a cada um de nos trilhar seu próprio rumo, seu próprio caminho e ancorar em sua ilha preferida.
Amigo leitor, nunca se esqueça, que somos nossos próprios timoneiros. Temos muitos tesouros escondidos e só dependemos nós mesmos, para trazê-los à tona.
Reginaldo Cordoa, futuro Administrador de Empresas e Apaixonado pela Vida.
22/08/2006