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Urnas falsas para candidatos falsos.
O surgimento de urnas eletrônicas falsas está se alastrando em espantosa velocidade e a céu aberto. Em 2002, começou em Brasília, passou por Minas e chegou a São Paulo, Ceará e Pernambuco. Contaminou o país. A ação da PF (sem recursos adequados) apenas ocasiona a fuga dos meliantes por um breve tempo. Retornam logo que as manchetes da imprensa se acomodam nas páginas finais dos periódicos. O poder público nem de longe tende a aprofundar investigações que possam apontar para os autores da façanha, pois haverá respingos no primeiro escalão do governo, além de revelar a incapacidade do TSE em administrar um sistema altamente inseguro por natureza. Quando muito, poderão prometer uma CPI uns três anos depois da "apuração" do resultado. Ainda por cima os membros do TSE colaboram com a fragilidade do sistema ao bloquear as tentativas de impressão do voto para posteriores conferências aleatórias bem como outras recomendações sugeridas por aqueles que entendem do assunto e desejam dar transparência ao processo.
E nenhuma entidade representativa da sociedade (serviriam aquelas mesmas que gritaram para retirar Collor) aproveitou este fato para impugnar o processo em função desta fragilidade tão evidente. E não fazem isto pois seus líderes já devem estar comprometidos com o poder e não são pressionadas pela população, que por sua vez já foi devidamente domesticada e pouco se importa com os resultados forjados do pleito, desde que as novelas, o samba, o futebol e o BBB tenham espaço garantido na lata de lixo de 29 polegadas em frente à mesa de jantar. Depois de dezenas de anos sendo ludibriada, já se acostumou em viver no nível mais baixo de qualidade possível, mesmo sendo escravizada por migalhas para enganar o estômago.
O povo esfomeado, doente, abandonado e fragilizado perdeu aquela chama de entusiasmo para lutar por seus direitos. O poder permite que façam alguma algazarra na esquina da Rua Alzira na época da Copa mundial de futebol ou marchem pacificamente pela orla da praia vestindo peças brancas (comandados pelo Viva Ri©o, patrocinado por Rockfeller, Vitae, Kellogs e grupo Roberto Marinho) para demonstrar indignação com o alto índice de violência que envolve as grandes cidades. Como se estas caminhadas pudessem sensibilizar as autoridades no sentido de trabalhar pelos que pagam seus salários e mordomias através de altos impostos. As amenas manifestações populares devem lhes causar risadas dentro dos luxuosos gabinetes atapetados e refrigerados. E você que está diante destas linhas, há de se lembrar que fatos escandalosos são denunciados regularmente e se repetem meses depois com a maior naturalidade pelos que conhecem o grau de impunidade que reina nesta terra onde pisamos (e que já está sendo loteada para entrega aos abutres estrangeiros). Recordemos alguns:
1) Produtos maquiados – foram exibidos com estardalhaço há menos de cinco anos. Dezenas de indústrias não foram multadas devidamente. E se fossem, poucas estariam preocupadas – já não pagam IR e INPS mesmo. E nós continuamos comprando papel higiênico com 35 m e pagando por 40 m. Sacos de cereais que atingem 970 gr com rótulo de 1 kg são os mais “honestos”.
2) Remédios BO (bom para otário) – as indústrias do setor só perdem em faturamento para os bancos. Se estes falirem por mau gerenciamento, contam com o PROER para salva-los, enquanto a população está sem escola, hospital e segurança. Por isto os governantes não desenvolvem os programas pela prevenção da saúde do povo.
E para finalizar, voltemos às urnas falsas. Se você acha saudável perder seu domingo para participar do maior ato cívico da nação e não tem certeza de que SEU voto será computado para o candidato escolhido, divirta-se dentro deste circo. Entre na fila, encha o peito de entusiasmo e saia orgulhoso exibindo o recibo por ter participado da farsa nacional. Se o sistema não é sério, pouco teremos a perder. Se as urnas são bonitinhas e falsas, os candidatos são falsos (prometem mas não cumprem) e já que estamos acostumados a viver de falsas ilusões, não seremos surpreendidos. Já estamos habituados com cd’s falsos, tênis falsos, perfumes falsos, cigarros falsos, médicos falsos, Windows pirata e até padres falsos.
No máximo, podemos fazer-lhes uma surpresa votando NULO. Talvez o sistema informatizado não esteja preparado para uma enorme quantidade de votos inválidos e torcemos para que os programas entrem em pane e produzam um princípio de incêndio simultâneo nas urnas. Esta atitude não é ato de covardia. Representa o nosso conhecimento sobre a personalidade e a honestidade (?) dos candidatos oferecidos e que ora simulam estar com a direita, ora fazem acordo com a esquerda, eventualmente se aliam a uma seita religiosa e na verdade estão a serviço daqueles que patrocinam suas campanhas e oferecem vantagens polpudas aos defensores do sistema que nos escraviza.