A HORA DA VERDADE
A HORA DA VERDADE:
Todos os homens são iguais perante a lei e a Deus e estão submetidos às mesmas leis da Natureza. Deus a nenhum homem concedeu superioridade natural, nem pelo nascimento, nem pela morte; todos, aos seus olhos são iguais. A desigualdade social não é lei da natureza. É obra do homem, e não divina. Um dia desaparecerá quando o orgulho e o egoísmo deixarem de predominar a face da Terra. Restará apenas a desigualdade do merecimento. Dia virá em que os membros da grande família dos filhos do Homem deixarão de considerar-se como sangue mais ou menos puro. Podemos colocar os descendentes de sangue azul, como se diz no dito popular. Os que abusam da superioridade de suas posições sociais, para, em proveito próprio, oprimir os fracos serão a seu turno, oprimidos. Deus outorgou, tanto ao homem como à mulher, a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir. A inferioridade da mulher em certos países provém do predomínio injusto e cruel que sobre ela assumiu o homem. A mulher é mais fraca fisicamente, e por isso os seus trabalhos são mais leves.
É de notar que foram dados aos dois seres, masculino e feminino o livre-arbítrio. Baseado nessas nuances, os estudiosos da época atual, vêem a olhos nus, que a mulher vem deixando aquela vidinha tranqüila de dona de casa, e adotando uma política de liberdade. Resolveu imperar no mercado formal e às vezes no informal, assumindo posições mais altas na política e em outras funções de destaque, que anteriormente eram privativas do século masculino. Uma das facetas da mulher é ter se infiltrado na mídia mostrando para todos seus predicados intelectuais e sua performance no setor. No mês em que se comemorou o Dia Internacional da Mulher, muitas foram às programações para debater a questão. Muitas foram às homenagens também. Algumas receberam flores. Outras, presentinhos como batom ou até estojos de sombra. Foram lembradas diziam com prazer. Mas como? Pois é, é aí que a "porca torce o rabo", como se diz no sábio dito popular.
Foram lembradas como mulheres bonitas, profissionais, liberais, pra frente. Mulheres sem problemas. Mulheres resolvidas, porque o mercado assim o quer. Aqui denotamos uma estratégia de sabedoria e destinação para o trabalho, que muitas vezes são mais bem executados por elas, do que pelos homens. Mais de 20 mil mulheres, com certeza, tomarao a Avenida Paulista, em São Paulo, no dia 8 de março de 2006, e em menor escala em outros Estados da Federação. Os jornais não poderão esconder tantas imagens, ou preferirão estatísticas errôneas, na tentativa de ludibriar a camada feminina. Darão pequenas notas com certeza. Mas esconderão o principal: o motivo da ida das mulheres, às ruas. Com certeza não é para mostrar satisfação ou reconciliação com o mundo que explora.As alas femininas deverão lançar mão da “Carta das Mulheres para a Humanidade”, onde são ressaltados cinco princípios: solidariedade, igualdade, justiça, paz e liberdade.
Falar de mulher e não falar do homem, também pouco se está falando. Falar de mulher e não falar de mercado, de exploração, de neoliberalismo, não se está falando tudo. Nesta entrevista não há linearidade, não há começo, meio, fim. Podendo começar do fim ou do meio. Ou do começo. Não importa. O que importa é que falar de mulher e mesmo que falar do mundo. O olhar da mídia para as mulheres é o olhar da mídia feito “para” as mulheres. Não é “para as mulheres” no sentido que elas são ativas na constituição da sua imagem pública, cuja emissão será derivada das várias mídias, predominantemente pela mídia televisiva. Esse olhar que é produzido para as mulheres, e não pelas mulheres, ele se dirige ao olhar masculino, em primeiro lugar, mas é um olhar masculino também ele coisificado. O que eu entendo por coisificado: significa que você tem estereótipos criados sobre o feminino, e no caso sobre a mulher, e o olhar também já está preparado, porque ele está previamente preparado a ver o que ele vai ver. Então, é como se houvesse uma identificação entre saber e ver. Então, o que eu sei da mulher é aquilo que eu vejo sobre a mulher ou da mulher. Então, há toda uma construção da figura da mulher onde a idéia do feminino não aparece. Eu quero estabelecer uma dissociação, um pouco arriscada talvez, mas acho que vale a pena para nós pensarmos sobre isso, entre a mulher, o homem, o feminino e o masculino. Quando nós falamos em mulher e homem nós damos predominantemente uma ênfase no aspecto biológico, e enquanto que quando falamos em masculino e feminino é mais no aspecto simbólico da presença dos valores, tradicionalmente ligados, no Ocidente, entre a figura da mulher e a do homem. Por isso eu preferiria até nem falar em homem e mulher, mas em masculino e feminino. Porque acreditamos que todas essas palavras remetem a experiências afetivas, emocionais, cognitivas, sociais, antropológica, que se consagram nessas expressões. O momento em que vivemos é muito triste e interessante, porque vai exigir formas de intervenção, de transformação e de criação de um homem e mulher que se contraponham ao que foi criado. Reportamos-nos a 1968, nessa época as lutas femininas e masculinas se misturavam, e a idéia era criar um homem novo. Novos valores. Nova qualidade de vida. Razões para se estar juntos. Novos sentidos para as ações coletivas. Agora nós temos um homem novo, mas quem criou foi o neoliberalismo. O homem novo é competitivo, incapaz de amizade, desleal, que batalha individualmente por seus interesses, que tem medo de perder os seus cargos. É uma sociedade totalmente dissocializada, porque os fatores de coesão social não estão mais dados. Eu acho que um dos exemplos típicos e dramáticos disso é o filme “As invasões bárbaras”. Em 1968 se procurava um tipo de intervenção coletiva num espaço recíproco, compartilhado, onde a ação fosse irmã do sonho. Essa idéia vem dilacerando o machismo exarcebado contra o sexo oposto.
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-ESTUDANTE DE JORNALISMO DA FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA.