MUTANTE E "DE PAVIO CURTO"

O atual d e p u f e d e Ciro Gomes é um político “cearense”, nascido em Pindamonhangaba, SP, que tem feito carreira e se notabilizado, na vida pública nacional, justamente por ter-se revelado um formidável político carreirista.

Entre outros cargos, mais atrás, Ciro ocupou um ministério no governo Lula e, agora, preterido por ele, para beneficiamento da candidatura da Dilma Rousseff, o contraditório deputado federal, de porrete aos dentes, bate forte em todo mundo que o pôs de escanteio na corrida presidencial.

Sempre criticou José Serra e até o rotulava de “inimigo número 1 do Nordeste”; no entanto, sendo contrariado, passa a endeusá-lo e declara com todas as letras que o candidato tucano é o melhor para o Brasil. Durma-se com tanta mutabilidade, para não dizer volubilidade!

Ele vem da panela dos velhos “coronéis” da politiquice conservadora e mandachuva do “sim, senhor”, ao tempo da ditadura. Egresso da juventude da ARENA, o bastião político do obscurantismo pior que já tivemos no País, em termos de cerceamento às liberdades mais elementares e primárias.

Da ARENA, a filha bastarda da famigerada ditadura, o nosso rapaz pescoçudo prosseguiu na sua rota de mutante. Militou no PDS, que foi a extensão da primogênita sigla da ditadura militar, lá de onde viera, mas por aí não se deu por rogado.

A partir do disfarçado PDS, emigrou para várias agremiações partidárias, sempre portando a fama de ter a língua quente e afiada. E, no patamar nacional, ganhou a bola da vez, por ser “de pavio curto”, quando em algum enfrentamento com os seus adversários. Até aí, tudo bem, não levar desaforos para casa.

Ciro foi deputado estadual, depois se aparceirou de Tasso Jereissati, "coronel eletrônico" e atual senador, sendo prefeito de Fortaleza, num pleito discutível, e governador do Estado do Ceará, sem concluir nenhum dos mandatos, nem no Governo nem na Prefeitura. Quer dizer, deu com os pés no nariz dos que o elegeram.

Na euforia do PMDB, sob a tutela do “Plano Cruzado”, de Itamar Franco / José Sarney, o sobralense de Pindamonhangaba virou ministro do primeiro, o Itamar, e aí não esquentou lugar. É quando começa a pleitear tornar-se presidente da República, por duas vezes, sendo derrotado. A esta altura da roda-viva da História, Ciro bandeia-se todo para as esquerdas brasileiras, mas sempre aparceirado do PSDB, que loteou o patrimônio nacional, muito unha e carne com o tucano Tasso Jereissati.

Um eterno “inacabado”, partidariamente; ele pula de galho em galho como o tico-tico. Mutante, contraditório e “de pavio curto”. No f r o n t da oratória, tem pensamento ágil. É bom de gogó; loquaz, fala pelos cotovelos e não aceita provocação dos antagonistas. Mas, por desabotoar-se todo e destemperar-se, às vezes, é-lhe muito comum falar o que não deve. Aí mete os pés pelas mãos.

Tentou, virou, mexeu, bateu o pé e pretendeu ingressar nas hostes das esquerdas; ele, um capitão direitista, e de longo curso. Leonel Brizola, com aquela dignidade que o caracterizava, rejeitou-o no PDT. Seu Miguel Arraes, não menos digno, idem. Rechaçou-o com cipó de boi nos lombos, no PSB.

No mato sem cachorro, o traidor do Partido Comunista Brasileiro, Roberto Freire, fez-lhe uma fita. Arrebanhou-o com entusiasmo, amoitando-o no PPS, uma imitação grosseira do “Partidão”, onde Ciro só passou uma estação de águas. Contudo, morto o velho cacique socialista, o honrado cearense / pernambucano Miguel Arraes, o trânsfuga caiu mesmo de paraquedas no PSB, já onde, por uma coligação esdrúxula, impera o irmão Cid Gomes, atual governador do Ceará, aliás, sem concorrente para reeleger-se.

Agora mesmo, ontem, pela imprensa, Ciro acaba de baixar a ronca no Lula, na Dilma, no PT e no resto do pessoal. Acha ele que levou rasteira, que foi preterido na corrida-maluca pela candidatura, este ano, à presidente do Brasil.

Não sou petista nem xereta do Lula, mas as contradições do político “de pavio curto”, que forceja entrar no céu à força, a qualquer custo, e ainda mais com o aval das esquerdas, sendo na realidade um reacionário à moda dos calhordas dos ex- e atuais da ARENA, PDS, PP, PPB, PPS, PSDB, PFL (o tal de atual DEM), etc., são contradições gritantes e irritantes que ninguém deve engolir calado.

O eleitor brasileiro – por uma análise fria dos atuais candidatos à sucessão do Lula, em outubro próximo – que tire as suas conclusões e vá às urnas de acordo com a sua consciência, sem manipulações da mídia nem papo furado de useiros e vezeiros da contumaz demagogia.

Fort., 24/04/2010.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 24/04/2010
Código do texto: T2216484
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.