QUANDO O AMOR VEM DA ALMA... 

Na última cena do filme Ghost - uma das pérolas da cinematografia espiritualista - o personagem principal pronuncia uma verdade profunda, que é a essência de toda a trama, e, sobretudo, da história de cada um de nós: "(...) o amor, este nós o levamos conosco para sempre!

Seja brotando da inspiração refinada de um cineasta, seja na de outras pessoas de tempos em tempos, esta realidade é definitiva!

Ainda noutro dia, em decorrência de um poema que publiquei noutro site, um leitor me escrevia dizendo, em frase curta mas precisa, esta mesma verdade a respeito de todos nós: "(...)o amor, quendo vem da alma, é eterno."

Isto se explica: a energia do amor puro é o sustentáculo da própria Criação, e, em assim sendo, permeia todo o Universo, residindo, por conseguinte, na nossa maior e mais profunda intimidade. "Vem da alma"; nasce bem dali, da facêta eterna da nossa realidade existencial, naquele elo supremo entre tudo e todos.

Na jornada evolutiva humana, o atrativo amoroso funciona obedecendo às afinidades entre as energias individuais - até que todos, em consciência, se unifiquem no Todo diferenciado da Criação. E este atrativo energético, esta sintonia irresistível, anula e prescinde a noção de espaço, distância e tempo. É isto, precisamente, que justifica toda ordem de acontecimentos corriqueiros na nossa afetividade, e no decorrer das nossas vidas físicas.

A mãe experimenta as dores e os desconfortos da moléstia física do filho; os grandes amigos, as almas irmãs, se pressentem - um adivinha quando o outro vai telefonar ou aparecer: antecipa o que o outro vai dizer, compartilham opiniões de forma matemática, riem das mesmas coisas, rejeitam outras tantas em identidade de opiniões; sofrem um com o sofrimento do outro no âmago do coração, ou compartilham as mesmas e idênticas alegrias, na mesma intensidade. Mais! - e isto constatei há pouco, de experiência própria - em casos mais críticos, vivenciam provas e acontecimentos iguais, e situados num tempo e circunstâncias rigorosamente iguais embora em palcos diferentes do mundo, no mais das vezes sem obterem disso, ambos, ou apenas um, na época, a mais leve desconfiança, para descobrí-lo somente muitos e muitos anos depois...

No contexto de uma para outra vida física, ocorrem, por conseguinte - já que empatias se constroem a partir do burilamento das energias entre os seres - as simpatias e antipatias instantâneas. Sedimentadas as afeições ou os desafetos no decorrer dos séculos, vemos que rostos e fisionomias podem não se reconhecer de uma reencarnação para outra; mas, fatalmente, se reconhecem os seres, as almas, em obediência à irresistível magnetização entre campos vibratórios individuais que se atraem em similitude de expressão, ou se distanciam em processo contrário. A verdade facilmente observável, contudo, é que as afeições genuínas e lapidadas, nestes parâmetros, desde tempos imemoriais, perduram e se aprimoram. Mas os sentimentos ilusórios de ódios e rejeições, baseados apenas em particularidades pessoais transitórias e destinadas ao obscurecimento próprio das vivências embotadas do passado - estes tendem a esmorecer, a esvanecer, por mais que demore o processo.

Os personagens em questão retornam, tantas quantas se façam necessárias as vezes para que o engano seja sanado, e o entendimento conquistado; forja-se paulatinamente o respeito e o afeto entre indivíduos que, finalmente, em superando meras diferenças e idiossincrasias fugazes de suas personalidades fadadas às transformações implacáveis do correr do tempo, alcançam, enfim, o aspecto embrionário deste sentimento sublime, que só tende a se fortalecer na perenidade, e em sintonia com a própria qualidade excelsa da Vida!

Familiarizemo-nos, portanto, com os indícios certos deste "amor que vem da alma"! Com esta facêta sublime da Criação, inerente aos nossos seres, que tantos fenômenos maravilhosos produz no decorrer dos nossos dias, muitas vezes passando despercebidos, ignorados debaixo do peso das nossas urgências de momento: as simpatias instantâneas; as transmissões de pensamento; o "fui com a cara dele" sem nem ao menos conhecê-lo; o amor profundo e inexplicável por desconhecidos, por indivíduos aparentemente dissociados do nosso enredo de vida atual; o "adivinhar com precisão como o outro é e admirá-lo por isso", só de observá-lo de longe, sem um contato mais próximo, sem nem ao menos um mínimo de convivência que a isto justificasse; o sentir com facilidade espantosa as alegrias ou as tristezas da vida de alguém, mesmo à distância, em compartilhamento de emoções, e mesmo de sensações físicas, aparentemente absurdo; o completar ou pronunciar o que o outro vai dizer antes que abra a boca...e, finalmente, a sensação gostosa, indescritível, de se adquirir, com o passar do tempo - e freqüentemente no seio de nosso círculo social mais próximo - a certeza da simpatia gradativa por alguém que, de início, por alguma razão qualquer, inexplicável, nos incomodava de forma quase insuportável por meras diferenças de conduta que agora, pensando bem, aprendemos a apreciar como uma lição a mais de vida, e como um complemento novo e enriquecedor da nossa vasta trajetória humana!

Com amor,  


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Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 19/08/2006
Reeditado em 26/09/2006
Código do texto: T220090
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