NÃO SE PODE EXIGIR DO OUTRO O QUE ELE NÃO PODE ME DAR.
Sei que é demais querer que as pessoas pensem como se pensava antigamente ou, ainda mais, que se faça no presente o que aconteceu no passado. Além de falta de respeito com a história, seria “burrice” retornar com as ações que outrora se vivia. Por outro lado, fico imaginando como poderia ser a pós-modernidade vivendo a exemplo daqueles que nos antecederam. Não que estes tenham o merecimento de serem chamados de “o exemplo vivo concreto da máxima perfeição possível” ou “poderosos o reto agir e pensar”. Não se trata em repetir atos passados, mas sim em tê-los como exemplo para a vivência futura.
Blaise Pascal diz que: “o homem não sabe em que posição colocar-se. Está visivelmente extraviado e caiu do seu verdadeiro lugar sem poder tornar a encontrá-lo. Procura-o por toda parte com inquietude e sem êxito, em meio as trevas impenetráveis”. Belíssima colocação de Pascal, pois nos remete a pensar em que posição está assumindo no mundo. Será que estamos assumindo as nossas ações com autêntico entusiasmo ou porque sentimos obrigados a fazer determinadas coisas sem nos questionarmos se são coerentes com a nossa forma de pensar e ver o mundo? Penso que a melhor forma de pensar estas coisas é, de fato, voltar às origens e ver como os nossos antepassados entendiam o mundo e a si - próprios e de que forma eles podem nos ajudar para enfrentar as dificuldades existentes em nossas vidas.
Um exemplo claro disto é a própria Igreja Católica que tem como centro a pessoa de Jesus Cristo. Este que norteia todo o caminhar apostólico das pessoas que querem seguir a Igreja. (sugiro a leitura do livro: Jesus Cristo: luz da vida consagrada , da autoria de Dom Luciano Mendes de Almeida, SJ)
Não se pode caminhar sem um norte, não dá para viver sem um objetivo e é impossível fazer determinadas ações sem a espera de uma finalidade. Por esta razão que, seja qual for a opção de vida de qualquer pessoa, é indispensável que se volte as origens e veja de que forma era a vida dos antepassados para que estes nos direcione ao nosso ideal. Ninguém é obrigado a pensar e viver igual aos outros, todos nós somos livres para escolher qual será a forma que irei viver.
Afinal de contas, quem falou que todos devem ser cristãos? Quem disse que devemos aceitar a sociedade da forma que ela se encontra? Ninguém falou isto, apenas é recomendável que cada um procure vivenciar da melhor forma possível os seus idéias e seus anseios. E, mais uma coisa: que respeitemos as opções dos outros, mesmo que seja a escolhe oposta a minha. Daí vale repetir a lei máxima que deveria reger toda a consciência: “não se pode querer que o outro seja igual a mim” e, mais ainda, “não se pode exigir do outro o que ele não pode me dar”.
Para finalizar este breve texto, quero deixar um dos grandes e belos pensamentos de Pascal que, a meu ver, retrata muito bem o que consiste a pessoa do homem e de que forma ele pode se tornar digno de ser chamado de “pessoa”: A grandeza do homem é grande pelo fato de ele ser reconhecer miserável. Uma árvore não se reconhece miserável. Reconhecer-se miserável é, portanto, ser miserável; mas conhecer que se é miserável, é ser grande.