Do Samba ao Jazz: a influência da realidade social na música negra
Se comparado ao Jazz, o Blues é um gênero musical menos técnico e marcado pelo sentimento. Um fator importante que revela a realidade social no ambiente que se gerou o Blues enquanto estilo musical foi o fato de seus precursores serem, em sua maioria, autodidatas. Um ambiente mais rural e sofrido marcou a solidão transposta nas emotivas notas que marcaram o estilo.
O Jazz, de caráter mais urbano e gerado nas grandes cidades norte-americanas, foi crucial para a inclusão social de músicos negros na elite musical, sendo considerado por muitos um estilo mais diversificado e erudito dentro da música negra em geral. Neste gênero, foram inseridas outras formas de tocar de acordo com a influência de diversos músicos – entre eles o trompetista Miles Davis e o guitarrista Wes Montgomery (que era autodidata) - que aderiram ou contribuíram para a fundação do estilo, que é marcado pela complexidade e sofisticação, entre mudanças de compasso e altas doses de improvisação.
No Brasil, um exemplo de música negra que teve sua relação exposta com o meio social foi o Samba, que gerou subgêneros e posteriormente diversas outras vertentes, como a Bossa Nova, fusão do Samba com o Jazz. A Bossa Nova popularizou o Samba ao redor do mundo, ao relacionar a harmonia do Jazz com o suingue do Samba. Porém, antes do seu surgimento, o Samba tinha uma veia fortemente popular dentro do país, chegando a causar polêmica no país por sua veia crítica em defesa da população mais carente do subúrbio carioca, principalmente. Seus cantores e músicos eram considerados polêmicos por expor, de forma poética ou até mesmo escrachada, os problemas sociais do povo.