NOTA SOBRE PEDAGOGIA

Pensando na força do que há de passional/estético no ser humano, ocorre-me a idéia de que uma das melhores (senão a melhor) maneiras de se ensinar algo é provocar constantemente o interesse através do encantamento.

Não somente expondo, a princípio, resultados belos, a subentender que por certa conduta se chegará a fazer aquilo... Também especificamente, claro, mas além disso: encantar o educando em relação à realidade sensível (o que se sente) e à produção humana em geral.

É que é propriamente o que há na natureza imediata o motivo afim ao qual as pessoas constantemente se referem e aceitam como mediador entre si e entre elas e seus interesses. Também porque é o que serve aos sentidos, ao prazer, ao saber fazer. Esse mesmo o lastro da produção humana, de todas as interpretações do mundo, que são propriamente o que é uma pessoa. O laço entre estes dois lugares de mundo é composição de tudo, inclusive daquilo de que o conhecimento é capaz – em relação complexa, causal, prática etc.

O que não significa ser totalitário; no sentido de que, – contando que, okay, principalmente visões positivas a respeito de certo assunto inspirarão alguém a aprendê-lo –, se pode contar com uma diversidades de visões, a título de lobby. É possível oferecer aos olhos do aprendiz uma necessidade de conhecer maior que a perspectiva universal, profissional, tradicional etc. crua, quando ele percebe que há pessoas que praticam determinada coisa e que o fazem por gostar.

Em um trabalho de ensino desse tipo, a idéia é contrário à frieza dos textos dissertativos objetivos dos artigos científicos, mas não os exclui nem lhes tira a importância. Porém questiona a eficiência e razão da disseminação de sua lógica no ensino de crianças e adolescentes, por exemplo. É estéril, soa-lhes a escola como uma fase a superar, do mesmo modo que alguns universitários encaram seu curso.

O encantamento com a realidade sensível e com a produção humana é o encantamento e confiança em si mesmo, uma atribuição de valor ao que, de fato, parece comunicar as pessoas e trazer liberdade.

E essa visão das coisas provoca uma típica reação. Exatamente a recusa em relação ao lobby, como corruptor da personalidade do aprendiz... No entanto, auto-portante, essa maneira de pensar considera não somente natural a influência do mundo sobre a personalidade de alguém, mas a fonte única dela – de uma ou de outra maneira.

Precisamente no acesso à diversidade das visões do mundo (acompanhadas de suas valorações, necessariamente humanas, parciais) onde enxergo a liberdade.

Andrié Silva
Enviado por Andrié Silva em 03/04/2010
Reeditado em 03/04/2010
Código do texto: T2174818