Do Certo e do Errado I

O bem e o mal. Dois conceitos dos mais antigos da sociedade humana. Mas o que define um individuo como bom ou não? A política, a religião, os outros homens?

Tomemos como exemplo um garoto de 14 anos que matou seu pai. Ao ser perguntado sobre o por que de tal ato, ele respondeu que o fez pois o pai o espancava e fazia o mesmo com seus irmãos e sua mãe, transformando a vida da família em um verdadeiro inferno. Tal ato torna-o um monstro? Um ser que merece repúdio geral dos homens? Observemos por ângulos distintos.

Pelo ponto de vista social, estamos diante de um monstro. Um assassino com coragem de matar o próprio progenitor. Consequentemente é um perigo para a sociedade e deve ser afastado dela. Considerando deste modo, o jovem é mal.

Agora observando o ponto de vista pessoal, conseguimos notar divergências gritantes em relação ao ponto de vista social. Nesse caso, temos o garoto como vitima dos abusos do pai, sendo coagido, maltratado e humilhado por ele, justificando assim o assassinato. Tanto é que o jovem não se diz arrependido do que fez. Podemos então concluir que ele se julga bom.

Mas do que interessa o ponto de vista pessoal, não é mesmo? Muitos questionam este ponto de vista. Acreditam que não há como considerar válido o desejo individual de tirar a vida de outra pessoa. Alegam que a individualidade não é algo inato ao ser humano e que este deve pensar na coletividade e não apenas em si mesmo, tendo em vista o bem da sociedade. E aí está o “calcanhar de Aquiles” do argumento, pelo menos na história do garoto.

Seu objetivo não era matar por matar. Não era matar para receber qualquer herança (vide a grande Suzane Von Richthofen). O único objetivo foi libertar sua família de seu karma, visando assim, o bem coletivo. Do seu coletivo.

O que quero dizer, é que devemos nos colocar em seu lugar. O que você faria se tivesse que ver todos os dias sua mãe entre lágrimas e sangue, seus irmãos machucados e amedrontados, enquanto seu pai se afoga em bebida para depois espancar você também?

Julgamentos nem sempre são justos. A justiça nem sempre é justa. Alías, o que seria a justiça?