A Páscoa no Brasil, sob uma perspectiva de Joaquim Maria.
Hoje vi uma legião de palhaços.
Palhaços com todos os tipos de roupas e as mais inusitadas maquiagens.
Eu olhava para cada palhaço e notava suas expressões faciais. Será que sou estranho assim também?
Eu pensava comigo.
Os palhaços estavam num lugar comum com um fim comum.
Os palhaços organizavam-se desorganizadamente numa fila.
Em todos os eventos festivos aqui no Brasil os palhaços reúnem-se.
Nos jogos da seleção brasileira e dos times de futebol, lá estão eles enrolados em seus estandartes, mas como sempre, o narizinho vermelho fazendo parte da indumentária.
No natal, no dia das mães, dos pais, no ano novo, na páscoa...
Mas o que vem a ser páscoa?
Bem, os palhaços pouco se importam com o que seja de fato a páscoa. Pois, o que interessa é que naquela loja, com aquela enorme fila, os ovos de páscoa estão em promoção.
Alguns palhaços saiam da loja com caixas e mais caixas do chocolate com formato oval.
“Economizei um dinheirão”,“É para as crianças, elas gostam”, diziam os palhaços, felizes da vida.
Deixavam o dono da loja muito contente, embora os funcionários que estavam trabalhando no domingo não pensassem da mesma forma.
Havia grande concentração de palhaços e seus necessários emissores de CO² em frente à loja de doces em formato de ovo.
“A vaga é minha, cheguei primeiro”, “Não, é minha eu cheguei primeiro seu FDP!”
Os palhaços disputavam as últimas unidades da iguaria feita de cacau, leite e gordura vegetal e as vagas de estacionamento quase aos tapas.
As crianças, filhas dos palhaços, ficavam fascinadas com a variedade de cores dos presentes do coelhinho.
Certamente, quando forem crescidinhos, também vestirão suas fantasias, colocarão seus narizes vermelhos e perpetuarão a tradição desprovida de significado que não seja simplesmente o do consumo pelo consumo.
Simplesmente isso, consumimos logo somos.
Mas que enorme circo Deus foi escolher para me jogar nesse mundo!
Ninguém merece!