O Mosteiro do Crucificado lugar escondido de oração
O Mosteiro do Crucificado lugar escondido de oração.
Em algum lugar nas imediações da Serra da Cantareira, na área metropolitana de São Paulo, existe uma pequena comunidade de monges eremitas.
Duas casas de madeira rústica, muitas árvores em um terreno com cinco mil metros quadrados, como numa espécie de reserva florestal vivem os monges, também reservados.
Vivem os votos de pobreza, castidade e obediência, feitos mediante seu bispo. Apresentam-se como monges cristãos e por isso mesmo ecumênicos. Anglicanos de formação passaram um período como católicos romanos, mas não se adaptaram, preferindo retornar a antiga fé dos ingleses.
No local simples, pobre e rústico não há televisão, nem rádio, mas há internet usada com parcimônia.
Embora não recebam visitas, vivem de modo alegre e bastante satisfeitos com a vida que escolheram. Seguem a Regra de São Bento como modelo de ascese, mas dentro da ótica anglicana. Pretendem viver o amor, o maior de todos os ditames cristãos. São ecumênicos, pois ecumenismo é um ato de amor.
Sendo um mosteiro pequeno, ali não há afluxo de pessoas, e nem deve haver, pois escolheram viver em solidão o mais completa que lhes seja possível. Sair do mosteiro somente em raras ocasiões e por exímia necessidade. Não recebem visitas, mas fazem um apostolado epistolar e respondem as cartas que lhes chegam com amor, e rezam em todas as intenções que lhes são pedidas, independente da religião de quem lhes pede oração. Evangelizam no silêncio, não com proselitismo dizem eles.
O lema “oração e trabalho” é seguido por eles. Vivem do trabalho das mãos, não tem empregados para nada e fazem todos os serviços domésticos, não somente da casa, mas do jardim.
Celebram as orações todos os dias principalmente a Eucaristia, momento máximo do dia que começa bem cedo e inclui ainda orações durante a noite e a madrugada em retiros particulares. Usam o LOC sigla que significa “livro de oração comum” o breviário dos anglicanos, que contém todas as orações necessárias para seu dia.
Usam hábito negro, tradicional aos beneditinos.
Um costume a muito alimentado por eles é incluir algumas tradições ortodoxas cristãs, como a reza do “terço” ou do “cordão de oração ortodoxa” que tem o mesmo significado, orar de modo repetitivo o Nome de Jesus, emitindo jaculatórias como “Senhor tem piedade de nós”. Também tem o uso da “Poustinia” palavra russa que significa deserto e compreende um tempo de solidão voluntária, dentro de sua cela (quarto), venerando o Santíssimo rosto do Senhor ou de sua Mãe através dos ícones – e sobretudo, através da oração meditada da Palavra de Deus, com uso da Bíblia, também conhecida como “léctio divina”. Nestes dias de recolhimento nada fazem, senão somente contemplar.
Embora não possam e devam receber visitas, qualquer pessoa que o deseje pode ajudar aos monges com suas orações ou com “gestos concretos” doando alimentos, roupa de cama, utensílios em bom estado de conservação que possa ser-lhes úteis e doações em espécie, feitas diretamente na conta corrente do mosteiro e utilizadas para pagar despesas de impostos e taxas – como aliás em qualquer casa. Eles pagam os impostos como qualquer outro cidadão, mas não recebem salários de suas igrejas, nem dízimos, vivendo da Providência de Deus, em alguns casos (não raros) com grandes privações. Estes contatos podem ser feitos pelo email priorado@uol.com.br – lá encontrarão mais detalhes.
Todavia, os monges pedem que não lhes escrevam em vão, com curiosidades, pois isso dissipará tempo precioso deles dedicados às orações cotidianas.
A melhor forma de divulgar o trabalho deles é no silêncio, no sussurro de amigos que passam a outros amigos a sua existência.
Jamais propaganda pessoal deles, divulgação institucional ou nada disso, eles querem apenas continuar a vida silenciosa e discreta a que se propuseram e certamente estarão rezando por todos e todas.
Um recente estudo feito na Europa contabilizou já em número de mil os eremitas e eremitas dispersos na América e Europa. Vivem tanto no campo, quanto nas cidades e isso nos mostra o valor da oração e da vida escondida daqueles que oram.
Certamente você não encontrará um deles na rua ou no supermercado e se – raramente – isso acontece eles são tão discretos quanto possível for – vão e voltam à sua ermida de onde saíram e voltam a rezar e contemplar.
Se, todavia, você os encontrar, respeite seu silêncio, se souber deles, respeite a solidão de sua ermida e ofereça-se apenas para ajudar naquilo que porventura eles estejam precisando para manter seu estilo de vida intacto. Não se espantem, todavia, se lhes responderem que precisam de muito pouco ou nada do mundo de hoje em que vivemos. Pois parafraseando o evangelho, e as palavras de Jesus, o reino deles “não é deste mundo”.
Emmanuel Maria.