Isabella Nardoni. Mais um crime sem resposta ou a solução aos olhos de todos???
ISABELLA NARDONI. MAIS UM CRIME SEM RESPOSTA OU A SOLUÇÃO AOS OLHOS DE TODOS???
(*) Texto de Aparecido Raimundo de Souza
Vamos refletir em cima do que nos foi passado até agora e em tudo o que vimos pessoalmente na cena do crime, no caso da menina ISABELLA NARDONI, de cinco anos e tentar chegar a um consenso lógico, ou pelo menos, nos colocar no ângulo da visão bestial do criminoso e montar o quebra cabeças cujas pedras, no enorme tabuleiro, se acham totalmente desencontradas. De certo, temos que ela realmente foi morta no sábado, dia 29 de março, por volta de 23h e 39 minutos, após ser jogada do 6º andar, arremessada, de cabeça para baixo, ou mais precisamente do apto 62 do Condomínio do Edifício Residencial London, situado na Rua Santa Leocárdia nº. 138 na Vila Mazzei, zona norte de São Paulo.
É fato notório que a queda ocorreu a partir da janela do quarto dos irmãos dela (Cauã, de 11 meses e Pietro, de 4 anos), por parte de pai, advindos da união dele com ANNA CAROLINA TROTA JATOBÁ. O apartamento do Condomínio do Edifício London é um prédio novo, recém entregue e de alto padrão. Cada unidade possui 88 metros quadrados, 3 quartos, sala ampla, cozinha e varanda. A área de laser, logo à entrada, ostenta todas as comodidades para quem gosta de viver bem: churrasqueira, salão de jogos, salão de ginástica, sala de massagem, sauna, quadra poli esportiva playground e, nos fundos, um muro de 4 metros de altura, com cerca eletrificada. Moderno circuito interno de televisão, monitora todas as dependências 24 horas por dia. Isso leva a conclusão óbvia que ninguém entra ou sai, sem ser visto ou identificado, a não ser que existam interesses escusos por debaixo dos panos.
Não é necessário dizermos que o apartamento 62, palco de toda essa brutalidade pertence a Alexandre Nardoni, cidadão formado em ciências jurídicas, porém, não exerce a profissão, vive às custas e a sombra do pai que, por sinal, é também um profissional do ramo do direito. No mesmo andar, sua irmã Cristiane Nardoni é proprietária do apartamento nº. 63.
De palpável, além de tudo o que já foi esmiuçado, nada nos sobra, nada nos resta, que possamos agarrar e chegar a uma conclusão positiva, clara, séria, que não deixe dúvidas pairando no ar. De certo, sabemos que uma princesinha, cinco anos, 21 quilos e 500 gramas, antes de ser friamente lançada pela janela, foi barbaramente torturada. Em seguida, o assassino a asfixiou - ela que tinha toda uma vida pela frente não mais poderá reunir seus amiguinhos para festejar seu aniversario - que ocorreria dia 18 de abril. É quase certo que, diante das evidencias, e pelo rumo das investigações (apesar da seriedade com que vem sendo conduzido o caso pelo brilhante delegado de policia Doutor Calixto Calil Filho, do 9º Distrito Policial, na Rua dos Camarás, no Bairro do Carandiru, e da delegada assistente, Dra. Renata Pontes), mormente todo esse trabalho exaustivo, com depoimentos sendo colhidos dia e noite, alguns deles no mais completo sigilo, tudo leva a crer, dentro em pouco, engoliremos mais um crime atroz e bárbaro que, certamente deverá ficar impune, como os de João Hélio, Vinícius, Gabriela Cristina, e, agora, por último, da menina Madelene MC Cann e tantos mais que aconteceram por ai e não chegaram ao conhecimento da mídia. Bem sabemos daí para o esquecimento completo é questão de tempo. Basta um jogo de futebol, um final de semana prolongado...
De certo temos ainda, a sociedade paralisada, estarrecida, de pernas e mãos atadas, voando nas asas de um mistério que teve inicio no 6º andar e cujo trajeto não foi além dos 20 metros (a distancia do 6º pavimento até o jardim onde Isabella terminou a sua trajetória) deixando em todos nós o apogeu de uma morte sem razão aparente, o troféu funesto e mesquinhamente sinistro de um acontecimento assemelhado ao de um longa metragem de péssimo gosto. De palpável, temos um pouquinho mais: a figura fria do criminoso, alguém que até agora não apareceu; um terceiro elemento, um suspeito de rosto não revelado, uma figura retórica, que se move oculta, que se mantém cercada por pesadas nuvens de fumaça e, neste exato momento deve estar em casa assistindo a tudo pela sua tela plana, e rindo, talvez, quem sabe, saboreando uma cervejinha gelada e curtindo um churrasquinho em companhia de amigos. Essa terceira pessoa, a nosso ver, NÃO EXISTE. Pode ser fruto da imaginação de certos indivíduos, entre aspas, que insistem em manter a farsa, que perseveram em continuar mentindo, enganando, intentando levar as evidencias para sendas onde tudo caia no esquecimento e acabe em pizzas. É sabido, por todos, que o Tenente Neves, comandante da operação que esteve no local, procedeu a uma varredura minuciosa em todos os apartamentos, nela incluída revistas em armários, guarda-roupas, áreas de serviços e clarabóias. Referida devassa se estendeu também às unidades não ocupadas, cujas chaves ficam na portaria aos cuidados de um porteiro. Restou evidente, nessa operação, que nenhuma porta, ou fechadura, veio a ser arrombada, como igualmente nenhuma pessoa alheia ao conhecimento dos moradores transitou pelo prédio.
Nessa confusão toda, de certo, para nos agarrarmos, sabemos que o casal Alexandre Carlos Nardoni, de 29 anos e Anna Carolina Trotta Peixoto, de 23, continua atrás das grades desde 5ª feira p.p., dia 03 de abril, prisão que ocorreu por volta das 16h40, após os dois se apresentarem “espontaneamente” a Justiça. Ressaltamos que essa prisão se deu depois de um circo magistralmente bem armado, onde o ápice do espetáculo trazido ao respeitável público culminou com a notícia de que os advogados de ambos, encabeçado pelo Doutor Ricardo Martins fecharam um acordo com o juiz do 2º Tribunal do Júri de Santana, Doutor Mauricio Fossem e com o representante do Ministério Público, Doutor Francisco Cabraneli. Ora, se o senhor Alexandre não tem nenhuma culpa, nem tampouco sua esposa Anna Carolina, não havia necessidade de uma manada de advogados (isso mesmo, manada) promover um estardalhaço dos diabos e, em seguida, pactuar qualquer tipo de acordo, seja com o delegado, com o juiz ou com o promotor. Se os dois, realmente, não têm nada a esconder, nada devem, estão “limpos”, são, portanto, marionetes, bodes expiatórios, em todo esse triste e vergonhoso episódio, evidentemente um único representante do direito teria sido suficiente para desempenhar o papel de defensor. Paralelo a isso, se nada devem, nada temem, nada receiam, para que recorrer a “acordos”? Acordos, geralmente levam os cidadãos a pensar em, primeiro plano, em falcatruas. Acordos, num segundo patamar, induzem os manés da vida a imaginar que pai e madrasta morrem de medo, estão intranqüilos, se aquietam se borram, e temem represálias ou uma possível condenação futura. Até o presente momento, pelo que nos foi empurrado garganta abaixo, tudo leva a crer e as investigações não sinalizam ou não apontam caminho diferente: existe algo ungido de sujeira grossa; vemos um amontoado de lixo escondido por detrás das cortinas. Persiste na atmosfera, um ar rarefeito, com algo de muito grave se arrastando pelos bastidores, algo considerado fétido, que, até onde conseguimos alcançar, se amontoa imensamente monstruoso diante do nariz da sociedade. A sua constituição, como um todo, deve permanecer encoberto e trancado a sete chaves. Acordos, dimensionados por outra ótica, cheiram a dinheiro sujo, a mutretas, a modificações de conversinhas por debaixo dos tapetes. Acordos são brechas que certos causídicos (regiamente recompensados por polpudos honorários) deles se utilizam visando favorecimentos ilícitos, induções de má-fé e incorreções fantasiosas junto aos representantes do judiciário e, num plano mais complexo, descambam para uma somatória de opiniões contrárias, no sentido de denegrir a imagem já bastante agastada do judiciário, que inclusive, diríamos, anda as raias da total falta de credibilidade por parte da população. Acordos, num lanço espúrio, exalam o odor inexpugnável de jogadas ensaiadas, além de atonar planos bem traçados e estratégias buriladas por cabeças imaginativas, mentes que sabem exatamente como usar os códigos e as leis a seu favor, e, nesse bolo, delas se beneficiarem a bel prazer. O final dessa desordem a galera imagina, dispensa comentários: culpados e devedores, assassinos e salafrários acabam inocentados diante dos tribunais que lhes clamam a carcaça. Devemos ter em conta que são literalmente através de acordos previamente temperados, que a impunidade toma vida e forma, aflora e avança, cresce se e expande a olhos vistos.
De certo, temos mais de cem depoimentos tomados, dezenas de perícias feitas no local do crime, com possíveis retornos a ela. A polícia alega nesse juntar de peças, que 70% da cena do crime se conclui fechada, pronta, faltando apenas 30% para ser elucidado todo o mistério. Isso tudo é uma farsa. A policia mente, as testemunhas se contradizem, os familiares empurram pra barriga, enfim, há todo um pandemônio construído para a trama, para o enredo terminar em nada. As informações que a policia diz ter em mãos, parece manipuladas, espoliadas, lavadas, divorciadas, portanto, de espelharem a verdade que o Brasil inteiro espera, a verdade sem rótulos, sem maquiagem, a verdade nua e crua. Se o senhor Alexandre, voltamos a repetir, não teve nenhuma participação na morte da filha, de igual sorte, a madrasta Anna Carolina é politicamente inocente, se a queridinha irmã Cristiane não vomitou a frase “MEU IRMÃO FEZ UMA GRANDE BESTEIRA” ou teria sido uma “GRANDE MERDA”, não vemos necessidade de toda essa procrastinação, de toda essa enrolação, de todas essas jogadas ensaiadas de cenas marcadas, com câmeras, luzes, diretores, produtores e, igualmente, não valoramos motivos palpáveis para dar prosseguimento a essa palhaçada tecnicamente bem engendrada, onde, a cada minuto, a cada novo dia, surgem, no picadeiro entrançados e diferentes “disse-disse”, bem ainda, atores novos contracenando com velhas raposas, todos na esperança de subir, crescer e se firmar no papel que lhes foi atribuído pelos autores dessa comedia infame. A morte da pobre e indefesa Isabelle, na verdade virou mídia, deu o IBOPE que todos esperavam. Fez sucesso, se suplantou, engoliu as emissoras rivais com suas traminhas de água com açúcar. Os autores agora, querem fazer de todos nós, telespectadores e integrantes dessa turba de desesperados, um bando de apalermados e bufões.
No contra fluxo, atentem para a programação vista a todo instante. É só ligar a tevê. Desde o início da novela, um forte esquema de segurança se posicionou em estado de alerta para conduzir, pelas ruas da cidade, em viaturas da PM e da Policia Civil, os dois possíveis acusados. O trânsito nas imediações do 9º Distrito Policial, do 77º DP e do 89º DP, paralisou horas a fio. O fórum de Santana fechou. As ruas paralelas tiveram o acesso desviado. Formou-se um verdadeiro caos urbano. Um pandemônio de informações desencontradas surgiu em todos os programas levados ao ar, ao vivo, em rede nacional. A encenação foi tanta e tamanha, que pouco ou quase nada se falou do seqüestro de um membro da família do cartunista Maurício de Souza, o pai da Mônica e do Cebolinha e, antes dele, da menina Lucélia, mantida em cativeiro pela empresaria Sílvia Calabrezi. Sem mencionarmos o fato de que até o diretor geral do Departamento de Policia Judiciária, de São Paulo, o brilhante delegado Doutor Aldo Galiano, mostrou a cara, tomando a linha de frente, como bucha de canhão. Estamos batendo nessa tecla, porque segundo a própria imprensa (escrita, falada e televisada), em nenhum outro caso de tamanha ou igual envergadura tivemos o brilhante policial fronteiriço ao palco das investigações, ainda que para tentar passar um mínimo de credibilidade e respeito à população. Possivelmente ele pretende fazer nome às custas da pobre menina morta.
Mas, afinal, nesse conjunto de pequenas doses que nos servem do remédio da inércia, gostaríamos de colocar as seguintes indagações: qual das crianças teria gritado, “pára pai, pára pai?” Pietro de 4 anos ao ver o pai batendo na irmãzinha, ou a própria vítima, a Isabella ao ser espancada? Quem subiu com a menina, o pai, a madrasta, um terceiro elemento? Quem permaneceu no carro? E por quê? Por que a família tão querida e unida não subiu com todos seus integrantes? Onde está a fita com a gravação das imagens mostrando o instante exato da chegada do Ford K de propriedade de Alexandre no interior da garagem, e a movimentação das pessoas que o ocupavam, até o minuto fatídico que culminou com a morte da Isabella? O porteiro de plantão não presenciou essa chegada? Nada viu de anormal? Até quando, meu Deus, até quando vão nos fazer de babacas e bobos da corte? Até que ponto pretendem tapar o sol com a peneira e continuar a atirar excrementos em todo nós? Por que o senhor Alexandre não ligou para o socorro, para o bombeiro, ou para o resgate? Por que, antes de qualquer outra atitude normal de um ser humano perfeitamente situado no tempo e no espaço fez uso do telefone para se comunicar, primeiramente com o pai, o sogro e a irmã? Falta agora o Tribunal de Justiça dar o veredicto final, ou a porrada faltosa: COLOCAR O LINDO CASAL DE POMBINHOS NA RUA E OS DEFENSORES DE AMBOS PEDIREM PROTEÇÃO POLICIAL PARA QUE NADA DE RUIM OU DE MAL ACONTEÇA A ELES. SÓ NOS FALTA, MEUS AMIGOS, A CIVIL OU A MILITAR VIRAREM BABÁS. Não devemos esquecer, em nenhum momento que isso aqui é Brasil, um país de corruptos e baderneiros que se vendem por uma cesta básica. Um apelo veemente pretendemos deixar registrado. Por favor, senhores, não nos subestimem. Não faça de nós, meras bestas e patetas. Melhor colocando a oração: não só a nós, prezados amigos, advogados, familiares dos envolvidos, mas igualmente, os milhares e milhares de pais, mães, avós, os trocentos cidadãos de brio e vergonha espalhados em cada canto deste mundão sem porteiras, enfim, a sociedade como um todo. Mostrem logo a verdade. Para que continuar alimentando essa palhaçada? Essa babaquice está fazendo mais sucesso que “Duas Caras”, da Rede Globo. Não acham os ilustres envolvidos no caso da menina Isabella (e aqui abrimos um parêntese) para nos dirigirmos diretamente aos assassinos... Não seria de bom alvitre, uma vez que estamos todos contaminados pela síndrome da cara de pau, todos nós, participarmos de um torneiro de ferraduras?!...
Por todo o exposto, no meio desta sacanagem quem, afinal, matou a menina ISABELLA NARDONI?
Simples: se no local do crime só estava o casal Alexandre e Anna Carolina - e não foi nenhum dos dois que jogou a menina pela janela - só nos resta vestir a carapuça de bobos e apalermados e engolirmos toda essa balela misturada com um bom prato de arroz com feijão e um copo de refri bem gelado. Terminando, meus caros, meus amados, a terceira pessoa no apartamento (e por essa razão ninguém viu, claro, nem poderia) não é outra senão o Espírito Santo. Só um espírito assim consegue dar umas escapadelas lá do céu, vir a terra, fazer uma merda dessas e, depois, dar uma banana bem grande para todo mundo e sair da mesma forma que entrou. Voando! Foi isso: o Espírito Santo entrou no apartamento, jogou a menina pela janela, pretendia dar uma trepadinha com a Anna, mas o Alexandre estava puto da vida e ele, o Espírito, achou melhor cair fora. Por esta razão, Senhores Representantes desta nossa justiça de merda, senhores juízes, promotores, acusadores e outros ores. ACABEM COM ESSA FARSA. CHEGA DE ESPETÁCULOS CIRCENSES. PONHAM OS NARDONES NA RUA, RASGUEM O PROCESSO, OU USEM COMO PAPEL SANITARIO EM CASA PARA LIMPAREM A BUNDA. PRENDAM, PELO AMOR DE DEUS, O ESPÍRITO SANTO. ELE É UM MANÍACO E PODE PINTAR EM OUTRO APARTAMENTO E “APRONTAR DE NOVO”. PENSEM NA MÃE DE VOCÊS... QUALQUER UMA DELAS PODE VIR A SER A PRÓXIMA VITIMA!
(*) Aparecido Raimundo de Souza, 57 anos, é jornalista.
Este texto publicado originariamente em 11.04.2008 e juntado aos autos do inquerito quando da fase policial em 13.04.2008.