A VAIDADE NUA E CRUA...

Os sere humanos vem ao mundo para crescer e desenvolver-se de tal forma que possam construir ao seu redor uma redoma de estabilidade que lhes possam garantir uma vida digna. Isso é uma regra de subsistência inalienável a cada pessoa, sendo certo que os pais preparam os filhos desde o seu nascimento para serem pessoas bem sucedidas e que estes possam alcançar no mundo social uma aquiescência que muitas vezes transcende o mundo afetivo, já que a própria sociedade se encarrega de criar horizontes de consumismo volvendo o espírito puro em estratagemas ambiciosos que acabam vilipendiando os verdadeiros objetivos de crescimento individual. Daí surge a ambição que se não for bem interpretada, acaba criando um ser extremamente vaidoso, que perde a noção de suas próprias vontades, que muitas vezes não consegue administrar a própria carência humana, já que as pessoas, com o passar do tempo, perdem a sua jovialidade.

A vaidade humana pode ser avaliada sobre várias prismas em nossa vida cotidiana. A mais comum e a mais observada como comportamento individual é a relativa à silhueta humana, quando o ser percebe (desde criancinha) que a aparência corporal é um elemento de diagnóstico nas relações entre as pessoas. Assim, é normal enxergarmos uma menininha que desde tenra idade lança mão de todos os artefatos de beleza que dispõe, para que possa se sentir mais bonita perante as coleguinhas de relacionamento cotidiano. Até aí, tudo bem, eis que a própria sociedade exige que as pessoas sejam apresentáveis no contexto da individualidade, até porque, como dizem alguns: - É a aparência que manda!!! . O que não pode ocorrer é a vaidade que subtrai a inteligência e o bom senso. Vemos muitos exemplos de celebridades que em face do avanço da medicina estética, acabam deformando o corpo, porque buscam uma aparência mais bonita. Cite-se: Michael Jackson, a milionária Jocelyn Wildensteir (de visual assustador), a atriz Meg Ryan, a cantora Rosana (da música como um Deusa), a cantora Fergi (Black Eyed Peas). Enfim, as pessoas fazem tanta plástica e usam tanto Botox que acabam se tornando monstruosinhos ambulantes. O seja, negam a própria evolução da espécie, posto que o envelhecimento é algo natural e que não cabe ao ser humano contestar, por ser uma vontade Divina.

Infelizmente essa busca pela estética se tornou algo comum, o que causa certa instabilidade no contexto humano, pois observamos modelos morrendo de inanição, porque desejam se manter magérrimas. Ivana Quadros, jornalista em Mato Grosso, na crônica Até onde vai a vaidade humana? disse o seguinte: "Infelizmente essa busca se tornou obsessiva e compulsiva. Ter o "corpo perfeito" não mais sonho, já virou pesadelo. São muitos os casos de pessoas que morrem por causa disso. E as estatísticas apontam que a maior parcela das vítimas é do sexo feminino. Hoje, as pessoas se preocupam tanto com isso que se esquecem do resto. A televisão é um dos maiores contribuintes a essa apologia. Para se ter idéia, uma bunda pode até ganhar um programa de TV, que o dia a Carla Perez!"

Entretanto, a questão não fica inserida apenas no campo ótico ou visual, posto que a vaidade humana também está presente nas ações das pessoas. Um exemplo bem atual é a celeuma que se criou em torno de uma certa regalia que os magistrado do Estado de Mato Grosso do Sul possuem, ao receber um percentual de 20% de seus salários, em nome de um eventual direito chamado de Auxílio Moradia. De um lado está o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que tem a função de manter o controle externo das atividades e do direitos envolvendo a magistratura Nacional. De outro, a Amansul, entidade representativa dos Magistrado do Estado de Mato Grosso do Sul, dizendo-se ferida no seu direito, pois 'jura de pé junto' que o benefício está amparado na Constituição Federal. Sem querer tomar partido, está evidente que alguma coisa está errada, pois, caso contrário o órgão fiscalizador não iria interferir em algo que tem amparo na lei. Assim, os vaidosos magistrados do MS se julgam muito além de outros funcionários públicos federais, estaduais ou municipais, pois uma categoria de mesma espécie não pode ter privilégio em detrimento de outros, posto que a Constituição Federal dispõe dos princípios de igualdade e paridade. Além desse aspecto (de uma classe se julgar aquém das demais), há ainda o fato de que muitos magistrados, quando passam num concurso e assumem a função, acham-se acima de qualquer outro ser, endeusando-se na sua nova função.

Sobre o tema disse o articulista Flávio Gikovate, em matéria publicada no site "www.somostodosum.ig.com.br", o seguinte: "A vaidade cega subtrai o bom senso, nos afasta da realidade e do que é possível para nós. A vaidade nos afasta da reflexão útil e nos leva a querer ganhar discussões. Não é este o meu objetivo, como de resto nunca foi este o meu modo de me posicionar perante os problemas da psicologia. Acho que nós deveríamos nos voltar para os fatos e tentar interpretá-los de todas as formas possíveis. Mas os fatos e não aquilo que gostaríamos que eles fossem".

Diga-se, assim, que até os criminosos se valem das suas vaidades para justificar seus crimes. Lilian Gonçalves, de Juiz de Fora-MG, em seu artigo "Criminalidade sinônima de vaidade Humana", acentua que: "Se formos observar o perfil de criminosos, o discurso deles sempre ronda a falta de oportunidade e o desejo de uma vida melhor de forma fácil, não importando que para isso tenham que realizar alguma atividade lícita ou não. A Igreja impedia essa vaidade de querer sempre mais em benefício próprio, e não do coletivo, ou pelo menos o necessário para a sobrevivência...Houve uma perda de referencial e objetivos tanto da religião quanto da ciência. Sendo assim não há leis e segurança que impeça o avanço da criminalidade, se a ciência continuar a ser utilizada para atender à vaidade humana e as igrejas continuarem mercantilista".

Observa-se que referido autor inclui inclusive as Igrejas na questão da vaidade humana, já que elas são extremamente sensíveis às questões econômicas e não abrem mão daquelas arrecadações que engordam as contas das entidades religiosas, que são livres de impostos etc.etc.

A conclusão inafastável é que não é fácil viver numa sociedade que preserva tais valores individuais, plenamente nocivos à realidade do contexto. Ou seja, os valores são reduzidos a dinheiro e à beleza do corpo. Quem vive dessa triste realidade, não tardará a enxergar que ora ou outra a 'carapuça cai' e se verá ilhado numa redoma de riquezas fúteis, vendo que se foram os anos de vida e todos os méritos da alma, que deveriam ser estribados nos valores éticos, nos valores intelectuais; coisas que o dinheiro e a aparência não pagam.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 25/03/2010
Reeditado em 25/03/2010
Código do texto: T2158131