UNIVERSO MANIQUEÍSTA
Para alguns, a palavra maniqueísmo pode nem ser tão comum.
De maneira clara e objetiva, eu diria que se trata de uma doutrina religiosa ensinada pelo profeta persa Mani; ou Manes, conforme enciclopédias. Sua filosofia dualística divide - de forma bem simplista e talvez até errônea - a criação do mundo sob dois princípios irredutíveis e antagônicos: Bem-Deus e Mal-Diabo, fusão espírito-bem e matéria-mal, ou ainda bem-luz e mal-trevas.
A questão é bem ampla e não merece apenas um post. Entretanto, como sempre considerei interessante, optei por discorrer um pouquinho a respeito, dividindo com meus leitores.
Se pararmos e pensarmos, percebemos que muitas de nossas realidades giram exatamente em torno do bem e do mal.
Nem é preciso ir tão longe; basta analisar o que está próximo, estampado em todos os lugares. Novelas, por exemplo: nunca saem daquele nucleozinho de mocinha rica apaixonada e o mocinho bom versus o vilão, ou do espertalhão de má índole que ficou milionário às custas do pobre trabalhador honesto. Pensando bem, acho que esta é a marca das nossas novelas: maniqueísmo - exagerado. Filmes, minisséries, desenhos infantis e afins seguem a mesma linha: bem e mal em batalha pelo mesmo espaço. Na maioria das vezes apresentam os desfechos melodramáticos, extremamente iverossímeis, que acabam levando o telespectador à ridícula expurgação de suas emoções.
Nossa! Quanta sensibilidade!
Como poderia deixar de mencionar os contos de fada, as fábulas?! São inúmeras obras, e naqueles contextos, ou se é do bem ou se é do mal. Uma simplificação tão pura, que justifica-se unicamente pelo fato de promover o entendimento por parte dos pequenos inocentes.
Mas em até que ponto isto é positivo?
A educação e a cultura conduzem cada um ao maniqueísmo em sua forma de pensar. A criança cresce tendo que compreender a convivência social e determinados valores do comportamento humano no meio em que está inserida. Então, desde cedo ela aprende a rotular, sejam coisas, pessoas, lugares. A vida fica reduzida sob uma estruturação dualística de certo/errado, feio/bonito, fraco/forte, razão/emoção, branco/negro, e/não é... Tudo o que é cultural e moralmente proibido é demoníaco, do mal, e todo aquele que busca banir de si as trevas, tentando fazer o bem - perante Deus -, é do bem.
A questão é bastante dúbia, no entanto, percebe-se que a divisão bem/mal depende do ponto de vista de cada um, da perspectiva e interesse de quem está julgando. Para quem "representa" o bem, o inimigo será sempre o mal, e vice-versa.
A grande verdade é que talvez esta visão pura e extremamente simples nunca mude, afinal, é na mente humana em que bem e mal digladiam.