Análise do conto: Terça - Feira Gorda, de Caio Fernando Abreu

Terça-Feira Gorda, conto de Caio Fernando Abreu, narra em primeira pessoa, uma experiência homoerótica entre dois homens. Tudo começa em um baile e se estende até uma praia, na qual, o casal troca carícias até serem repreendidos por um grupo de pessoas. O narrador-protagonista mostra ao leitor uma história entre dois homens envolventes, que se conhecem enquanto dançavam em uma noite de carnaval. O espaço do conto se dá em um local próximo à praia.

Esse conto retrata em seu contexto uma sociedade preconceituosa, fato que fica explicito desde o começo do conto, onde os personagens são difamados no baile como forma de repreensão à sua relação. Um detalhe que vale ressaltar é o fato desse enredo acontecer no período do carnaval, justamente uma festa pagã, conhecida pelo desregramento, que é a tônica maior dessa festa, porém foi dentro da festa que começaram as manifestações de intolerância e agressão moral, contradizendo o objetivo da cerimônia carnavalesca.

Pode dizer que o conto é narrado na época da ditadura militar, período no qual o Brasil passava por uma repreensão sexual estimulado pela burguesia que, por sua vez, regia um pensamento conservador, pensamento este que impedia a sociedade de aceitar uma ruptura com as normas conservadoras e de repreensão.

Por fim, o conto tem em suas últimas linhas um final melancólico, recheado de metáforas. Dá-se a entender que “(...) a queda lenta de um figo muito maduro, até esborracha-se contra o chão em mil pedaços sangrentos.” Evidencia a morte de um dos personagens e se essa for a intenção, o Caio Fernando Abreu trata a morte nesse trecho de forma banal, sendo falta de humanidade dos “outros” para com aquela pessoa. E ainda, quando se diz “(...) um figo muito maduro...” enfatizando o estado da fruta, observa-se que há uma irônica intenção de mostrar que o personagem, talvez por ter a coragem de se libertar desse conservadorismo, mostra ser “mais maduro” comparando-se aos outros que o espanca.