SAUDADE

Defendemos que a melhor maneira de se conviver com a saudade é lembrar sempre do motivo que a gerou. Afinal, não se tem saudade de momentos ruins que tenhamos vivido. Lembrar de alguém que morreu é sempre muito bom, principalmente quando esse alguém foi querido e amado enquanto vida teve e conviveu conosco.

Para nós outros, é muito bom lembrar-se da dolente oração de D. Amparo, mãe do querido professor Antonio de Pádua Emérito, quando de seu sepultamento: - Deus, deste-me um bom filho, bom amigo e bom pai. Quando em vida, deve ter cometido alguns pecados. Por isso, bom Pai, rogo-Te perdão para ele, ao tempo em que peço que abras as portas do céu para receber o filho que ora te devolvo.

Serena e consciente de seu papel de mãe, a vetusta senhora, soube, como poucos, prender e chamar a atenção de todos os presentes que se despediram do Professor Emérito, afinal, seu filho soube, também como poucos, conquistar a admiração e a simpatia de alunos e colegas e por isso, ele é e continuará sendo um ótimo motivo para se ter saudade.

Emérito se foi, mas sua lembrança continua presente nos lugares que labutou e freqüentou. Sua falta, porém, enseja-nos refletir sobre o valor de uma boa amizade. Muitas vezes, os afazeres e o corre-corre de cada dia obrigam-nos a relevar palavras e ações de bons amigos e como nunca sabemos quando faremos a última viagem, (será mesmo a última?) convém-nos aprimorar e intensificar as boas relações, a fim de que não precisemos falar de saudade para mostrar o bem que se quis.

A saudade de Emérito e de tantos outros que se foram, induz-nos a pensar no apático viver de quem não sente saudade ou não tem motivos para tê-la. Sentir saudade ou não, pode não ser uma questão sentimental ou de opinião pessoal, mas, sem cerimônias, como o próprio Emérito dizia, confessamos: amigo Emérito, sentimos saudades de você.

Rui Azevedo - Professor

Publicado no Jornal Diário do Povo, edição de 20.03.2010

Rui Azevedo
Enviado por Rui Azevedo em 22/03/2010
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