Eutanásia e aborto: o encontro da vida com a morte ou seria da morte com a vida?

Há quem seja contra ,há quem seja a favor dessa polêmica decisão.Creio que a morte é a única certeza absoluta,imutável da vida, tudo o mais é relativo.Julgamentos a parte todos terão seus argumentos fundados ou infundados na emoção ou na lógica, na defesa de suas teses.Não cabe a mim dizer que a sua está errada, nem mesmo dizer que a minha é a certa, pois em uma situação limite como essa, não há como determinar o que é certo ou o que é errado.

Alguns de nós acreditam, que a hora da morte é uma decisão divina e que a nós mortais nos é dado, apenas o conformismo de aguardar a indesejada hora de nos livrarmos desse invólucro provisório, dessa matéria decadente cuja duração tem prazo certo e determinado para expirar em sua validade.

Mas se a morte é algo tão esperado por que nos apegamos tanto à vida? Vida esta que já não se vive plenamente por circunstâncias alheias a nossa vontade e que desesperadamente nos aprisionamos a ela?

O que é vida? O que é morte? Podemos impor as nossas crenças pessoais ou devemos apenas respeitar as decisões do outro? O debate a cerca da eutanásia, desenvolve uma reflexão muito mais profunda do que pretende o nosso querer, vai além do que desejamos, precisa na verdade ser aquilo que muito mais interessa aos nossos entes queridos, do que aquilo que nos interessa.

Ser ou não ser egoísta? Libertar a alma do seu corpo esquife? Saudar a vida após a morte? Manter a vida a qualquer custo? Aceitar a morte do corpo para que a alma possa viver livremente?

Perguntas que nem sempre geram respostas, talvez aumentem as dúvidas.Talvez você precise acreditar ou deixar de acreditar em certas coisas para atender ao imperativo de uma decisão.Morte e vida ,vida ou morte? Nem tudo é tão preciso como a soma de 2+2 que universalmente, independentemente do país, cor ,raça, sexo ,ou religião, ou crença, haverá de ter seu resultado igual a 4! Isso pelo simples fato de que convencionamos esta resposta não importando em que parte do mundo estejamos.

Porém,quando o assunto é morte nossas emoções se descontrolam,perdermos a razão e nem mesmo queremos debater sobre o assunto.Hoje no Brasil a eutanásia, assim como o aborto é crime.No primeiro caso não há atenuantes, já em relação ao segundo, há ao menos duas permissões que não se pune o crime (estupro e risco de morte para a mãe).

Talvez sejamos mais solidários com a vida de um adulto formado do que de um feto em formação, mas o fato é que nos apegamos mais rápido aquilo que conhecemos do que ao que não conhecemos, o que talvez explique, em parte,a exceção dada ao aborto...

Mas não fujamos do assunto, eutanásia é um “crime” para muitos ,ainda que seja legalmente permitido em outros países.No discurso pró vida mantemos em nome de Deus, a qualquer preço a vida do outro em “nossas mãos”.Dizemos que só Deus tem o poder de tirar a vida pois foi Ele quem nos deu essa dádiva. Nesse discurso nos auto proclamamos porta-vozes do divino e com toda presunção do mundo "nos tornamos "carcereiros da vida alheia.

No discurso pró morte “nós brincamos de Deus”, já que "tomamos" a missão de encurtar o sofrimento do outro e,por que mão dizer do nosso próprio, mas sempre acreditando que "estamos" fazendo o melhor!

Viram como ambos os discursos conseguem infalivelmente seduzir seus adeptos?Viu como é impossível determinar quem está certo ou errado, nesta argumentação? Pois bem caros leitores, qualquer que seja a sua posição, se pró ou se contra a eutanásia/aborto, o mais importante você está fazendo agora, ou seja, pensar sobre o assunto.

O direito de decidir não se confunde com a decisão.Você pode ser a favor do aborto, a favor da eutanásia, a favor do parlamentarismo, da república ou até mesmo contra, só não pode ser contra a liberdade do outro de pensar diferente de você.

Radicalismos a parte todo país que se diz democrático deve estar aberto ao diálogo.Não cabe a lei decidir como vamos pensar,no máximo limitar como devemos ou não agir, por isso a descriminalização do aborto e até mesmo da eutanásia são problemas que merecem um amplo debate e negar essa condição é negar a liberdade de expressão, o livre pensamento, é negar a própria democracia.

O que você decide pode até causar polêmica, o que você não pode decidir causa indignação. Não importa se você é contra ou a favor de um assunto, o que importa é que você tenha o direito de escolha!