Dualidade aglutinada
Dualidade aglutinada
Os olhos irmanam radiações etéreas ante os astros mil. As vontades emudecem. Os sorrisos cerram os cenhos diante do semblante da vida. A natureza reforça a tese da terceira visão. Forças tímidas os fazem sonhar. Lonfas noites vigoram. No augúrio o pálido poeta reclama. O gênio insiste e declama o santo nome. Incertezas à rima espraiam. A tormenta tudo arrasta. O negro véu o céu tenta avivar. Uma pergunta do âmago quer esgrimir, mas a poesia vem e balbucia: quer aprender a amá-la. E no êxtase, grita a liberdade. Por que ousa refugiar-se na antessala das irmãs convivas? Confidências à parte, as aparências não lhos engana: anseia amalgamar a mais íntima e pura das vontades na alcova alquebrada de rangidos dentes e se deleita da nota límpida como a um sonho nunca se apagando ao amanhecer.
Ah amor! Como réu confessa e abençoa os venturosos sonhos a insuflarem essa esquadrinhada vontade evidenciada pela púrpura turba a urrar pela aliança poética, de cuja quadra enleia e tece o epitáfio a impregnar as rimas decassílabas a abençoar as almas combalidas pelos alforjes dos destempos; e na soluçante lágrima realçar aquilo que jaz no epiceno do ontem, quando os olhos à vista irmanaram as mais íntimas e puras das brumas a invitarem o instante e na esfera sinfônica soçobrar os degelos das discordâncias dos desejos.
Não existem garantias entre a vontade maior e a visão secreta do olhar. Não há álibis a testemunhar qual das lágrimas derramar-se-á primeiro. Perde-se a chama da razão, ganha-se a fagulha da emoção a tirar o fôlego. O enlace da lua com o astro-rei se consuma. E no delírio dos desejos a volúpia do instante a desfolhar a epiderme às nuances do acaso. Ardentes os anseios crepitam. A aliança labial balbucia ao inclemente verdugo a emparedar os alicerces do abstrato sentimento qual corda amorosa a entoar a seresta reticente.
Esmorece a já combalida resistência à matéria que no instante sucumbe de joelhos ao confrontar a razão em face das ponderações do sublimado querer alçado aos píncaros suaves dos irrestritos e desconhecidos páramos espirituais, onde se metamorfoseiam em líquidos poemas as líricas sinfonias a envolver a inefável perenidade do sagrado e eterno enlace a vivificar a mais íntima das notas: o amor em brancas névoas a uni-los sob a sombra dos contrastes, na antecâmara do infinito, onde a sublime aliança aglutina a dualidade unificando em etérea substância o sonho formatado em sua lídima e candente expressão.