" Linguagem e Interaçao: um olhar analitico na sala de aula com foco na troca comunicativa do professor com seus alunos".
Varios sao os exemplos de linguagem e de interaçao apresentada pelo professor numa sala de aula de lingua portuguesa para com seus alunos. Tentaremos mostrar, brevemente, que a ideia de que as palavras tenham seus valores semanticos fixos, que ultrapassam as situaçoes de discurso, vao ao respeito das diversificaçoes linguisticas que sao trazidas à sala de aula pelos alunos de diferentes lugares e de diversos grupos socioculturais que convivem no seu cotidiano.
Essas diversificaçoes linguisticas que ocasionam o problema da variaçao das linguas vem despertando a curiosidade de varios estudiosos do idioma.
Havendo assim, diversas causas que contribuem para a diversificaçao linguistica que sao apresentadas como: os condicionamentos socioeconomicos, os geopoliticos, enfim, causas essas chamadas linguisticas externa que interferem, indiscutivelmente, na linguistica interna, a ponto de duas pessoas nao falarem, exatamente, da mesma maneira, a mesma lingua materna.
É importante observar, tambem, que ao lado de toda essa diversificaçao ha uma tendencia para manter-se a norma linguistica, que é o conjunto de habitos linguisticos coletivos, como a todos os elementos de um grupo e que ganham força de convençoes tacitas, leis, admitidas pela maioria e conservadas, atraves das geraçoes com caracteristicas prescritas. Sendo muito importante destacar aqui o papel do professor na sala de aula, diante desse emaranhado de conceitos.
É funçao do professor de lingua portuguesa levar seus alunos a adquirir, como se fosse uma segunda lingua, a competencia no uso das formas linguisticas da norma socialmente prestigiada, a guisa de um acrescimo aos usos linguisticos regionais e coloquiais que ja dominam.
O objetivo do artigo nao é propor que se "aprenda a norma culta em vez do portugues que voce fala", e sim "aprenda a norma culta alem do portugues que voce fala" e, utilize uma ou outra segundo as circunstancias.
Em funçao dessas diferenças culturais e regionais e das discrepancias de objetivos, professor e aluno nao conseguem se entender mutuamente sobre o sentido dos termos regionais usados no Nordeste e os usados no Sul e Sudeste.
Isso gera uma interaçao problematica, como os exemplos abaixo:
__na regiao Sul e Sudeste, a palavra é: "aipim", ja no Nordeste pronuncia-se "macaxeira" ou "mandioca";
__o baiano nao pronuncia "ketchup" e sim: "quetechape";
__as vogais sao pronunciadas pelos baianos em tom aberto.
Esses exemplos sao para mostrar que podemos trabalhar na sala de aula sobre a visao da linguagem social, atraves das variaçoes linguisticas dos falantes da lingua materna. E, se o professor tiver competencia e habilidade, enriquecera sua aula dentro de um contexto da linguagem e da interaçao; respeitando as variaçoes de linguas diatopica(regional, de acordo com o lugar) e diastraticads(nivel socioeconomico do falante).
Esses exemplos acima, de linguagem e interaçao numa sala de aula de lingua portuguesa, acaba por levar o professor e seus alunos ha um conflito de interpretaçao.
Entao, refletir sobre o ensino/aprendizagem passa a ser pre-requisito basico para compreender e desenvolver as atividades de ensino de lingua materna, numa perspectiva interacional. Uma concepçao pragmatica de lingua/linguagem e uma concepçao interacionista de aprendizagem, estao diretamente associadas à pragmatica social e a competencia interacional em sala de aula.
A aula, em si, é uma interaçao. A movimentaçao do professor pode, no entanto, ser um fator para promover com mais ou menos frequencia esta interaçao.
A interaçao passa a ser nao so um meio de ensinar/aprender, mas tambem um objeto de aprendizagem e, portanto, um objeto de reflexao metalinguistico.
O professor preocupado em promover interaçoes construtivas do ponto de vista da aprendizagem e do ponto de vista da interaçao valoriza as intervençoes do aluno e sempre as solicita. Sem a possibilidade de paticipaçao efetiva do aluno, nao ha possibilidade de criaçao em sala de aula. Se a fala é um recurso especial para que o aluno marque sua presença em sala de aula, é preciso tambem que ele seja "ouvido". Propoe-se, entao, ao professor a quebra dessa rigidez e que o mesmo deixe o aluno falar. O que ira enriquecer as trocas comunicativas na sala de aula é propor ao professor que permita que haja trocas de interaçoes, atraves da linguagem para que aconteça uma comunicaçao interacionista. Em outras palavras, diriamos que o professor, na maioria das vezes, levado, inconscientemente, pelos proprios valores que o envolvem, poderia abrir mao do "autoritarismo" que a hierarquia lhe outorgou; poderia, no minimo, permitir que a linguagem do espaço escolar se tornasse polemica, pela aceitaçao de vozes discordantes, e a partir dai, promover um trabalho ,atraves do qual ele e seus alunos cresçam como individuos.
A falta de respeito com que é tratada a variedade linguistica de um grande setor social impoe aos alunos o silencio. Sem participar das discussoes e das argumentaçoes, nao ha uso efetivo da linguagem no contexto da sala de aula. E como podem os alunos participar se sao levados a envergonhar-se de sua variedade linguistica.
A questao de como se da a relaçao entre o ser humano, a sociedade, a formaçao da consciencia e de qual é o papel da linguagem nesse processo é rediscutida por Fiorin.
Fiorin (2000,p.35), afirma que "o homem é produto de relaçoes sociais ativas e inteligentes" e a consciencia é formada pelo conjunto dos discursos interiorizados pelo individuo ao longo da vida. Assim, o autor explica que , como materializaçao da consciencia e instrumento de comunicaçao, a linguagem constitui um fator social, ou seja, que sofre determinaçoes sociais.
A decorrrencia das afirmaçoes de Fiorin, apresentadas neste artigo, de que o falante forma sua consciencia pelos discursos que assimila e passa a verbalizar essa consciencia atraves da linguagem, é de reconhecer que esse falante é, na verdade, um "suporte das formaçoes discursivas" e, portanto, ideologicas e sociais. A linguagem carrega consigo, em cada signo, uma dada ideologia, um dado valor social.
Segundo Alckmin(2001,p.34-35), as variedades linguisticas podem ser descritas, sobretudo, a partir dos parametros ja citados: variaçoes geograficas(diatopicas) e variaçoes sociais(diastraticas). As variaçoes geograficas sao facilmente observadas entre os falantes de diferentes regioes do Brasil.
As variaçoes sociais, por sua vez, tem a ver com a identidade e a organizaçao sociocultural da comunidade do falante e pode relacionar-se com os fatores: idade, sexo, classe social e situaçao ou contexto social.
O objetivo principal do artigo, tambem é considerar como pontos cruciais as seguintes perguntas:
__os falantes da variedade nao padrao da lingua tem alguma consciencia das diferenças linguisticas existentes?
__a consciencia da diversidade linguistica pode influenciar no processo de ensino/aprendizagem da lingua?
Bem, na pratica essas perguntas sao respondidas, e o que observamos, é que os alunos necessitam reformular suas falas, adequando-as a situaçao e locais.
Os falantes sao corrigidos como se a lingua que falam e escrevem nao fosse a mesma lingua portuguesa de todos os brasileiros, mesmo quando expressam corretamente, formas sintaticas, semanticas e lexicais que sao normas no meio social em que vivem.
A consequencia dessa violencia linguistica se expressa, geralmente, na criaçao de sentimentos, de incompetencia e insegurança linguitica por parte desses alunos. Em ultima instancia, essa contradiçao manifesta-se na rejeiçao do aprendizado da lingua culta, que resulta em altas taxas de fracasso escolat(Bagno,1999, p.74).
Para concluir o artigo, o que buscamos, é a caracterizaçao da linguagem e interaçao na sala de aula de lingua portuguesa com um foco na comunicaço social-discursiva entre o professor e seus alunos
A intençao que norteia o artigo é explorar as varias oportunidades, nas quais o professor na sals de aula pode lançar mao, atraves de uma comunicaçao interacionista e, assim formar usuarios da lingua portuguesa , alem de competentes, individuos mais reflexivos, responsaveis, ativos e cooperativos; minimizando assim, a evasao escolar, que ainda hoje, é de grande colaboraçao para que a educaçao em nosso país se encontre em degraus baixo dentro do parametro mundial.