Mistérios de Maria Madalena
Em algum momento da história, a história mais enigmática que alguém já pode escrever, ou a que jamais foi escrita, um conjunto de edificações fortificadas fora erguido para esconder a mais bela história de amor proibido entre um homem e uma mulher. História que já perdura dois milênios e que mesmo não sendo conhecido por um punhado de viventes, um grupo de seletos cavaleiros privilegiados tratou de deixar pelo menos alguns rastros.
Os únicos rastros que sobraram daquele tempo remoto são escrituras cujo peso histórico poderia abalar o mais forte dos pilares ligados a clerezia; escrituras que segundo constam nos manuscritos das escolas mais sérias ligadas aos mistérios do planeta, encontram-se sigilados a pelo menos mil chaves, dentro de uma arca onde somente os mais doutrinados podem ter acesso.
Para confundir a cabeça de quem busca somente aventura e riqueza, os cavaleiros guardiões do eterno segredo começaram a construir uma série de castelos místicos no sul da França; a história tratou de chamá-los de “Castelos Cátaros”, na região onde hoje chamamos de Languedoc, numa linha perpendicular entre Toulouse e Narbone, passando por Carcassone; todas estas cidades com bastante influência histórica.
Historiadores dizem que de fato os Cátaros jamais construíram um castelo se quer; no máximo eles se deram ao luxo, após a grande fama, para construírem pequenas edificações que nem de longe lembrava os grandes e monumentais castelos que levam a sua emblemática mística acerca do amor proibido e da guarda do sangue real, o fatídico Santo Graal, tão bem retratado e pouco compreendido, através do filme “O código Da Vinci”.
O que se sabe mesmo é que poucas destas verdadeiras edificações divinas sobreviveram ao tempo cruel, às guerras e ao descaso daqueles que governaram a França; muitos destes castelos foram completamente destruídos e deram lugar a cidades pequenas, ou vilas como chamamos aqui no Brasil; outros estão quase sumindo e poucos permanecem com um bom grau de visibilidade daquilo que existiu há várias gerações, há vários séculos; portanto, pode-se dizer com afirmação máxima que qualquer prova que surja nas paredes que ainda restam de pé, pode claramente ser contestada historicamente, porque o grande enigma somente poderia ser revelado com outros elementos contidos em cada um dos lugares escolhidos, pelo menos é isso que nos conta as lendas.
A história tida por conspurca pela igreja conta que aquele que se dizia o “filho de Deus”, o unigênito, pregava pelas terras ao redor onde hoje está Jerusalém; dentre seus vários seguidores, alguns não tão fieis como aparentam nos livros sagrados, havia muitas mulheres. Muitas destas mulheres, que acreditavam na santidade daquele homem que pregava o perdão e fazia milagres, eram viúvas ou descendentes de nobres ricos, que inclusive financiavam as caravanas que acompanhavam o Galileu; dentre elas estava uma de nome Madalena, insistentemente tida como prostituta, apenas para desvencilhar a verdade e criar um mito sem valor, como se ela, em sendo uma vendedora de seu corpo, não merecesse qualquer citação ou crédito.
Os livros secretos que contam a história de Madalena foram guardados por gente que teve mais contato com Jesus do que seus próprios parentes, do que seus próprios discípulos e acompanharam toda a trajetória deste romance; estes livros antigos falam que Jesus tinha um especial afeto por esta mulher e quando ele morreu seu gene não ficou apenas no sangue derramado em solo judeu; a história mal contada nos afirma que Madalena carregava mais do que o carinho de Jesus, ela carregava em seu ventre a mais pura prova da continuidade santa, a filha de Jesus!
É contado ainda que outro grupo, que não eram dos discípulos, tratou de retirar Madalena e sua filha da “Terra Santa”, dando-lhe uma rota de fuga através do Mediterrâneo, aonde elas chegariam a salvo no sul francês, sendo então recebidas por monges obstinados, capazes de guardar o mais nobre segredo entre muros e aposentos de diferentes castelos. Para fazer com que os curiosos e maldosos não as encontrassem, inúmeros castelos foram erguidos e de quando em vez, as duas migravam de um para o outro, disfarçadas de peregrinas, até as suas mortes.
O fato é que nada ainda consiste em provas cabais de todas as alegações mitológicas acerca de Madalena e Jesus Cristo; nada pode corroborar com a tese de que os castelos Cátaros são de fato uma obra movida pela inspiração divina para guardarem o Santo Graal ou a esposa e filha de Cristo, mas para quem já esteve em pelo menos quatro deles, que são Pyerepertuse, Quéribus, Montségur e Rennes-le-Château, se pode pelo menos afirmar que algo de muito extraordinário há naqueles locais.
Não há como negar que eles foram construídos por circunstâncias muito especiais, seja por suas localizações nos terrenos, pelas pedras utilizadas, pelas inscrições que ainda restam nas pedras e o que há de melhor: o clima que todos ainda mantêm dentro de suas fortificações, mesmo com a sensação climática adversa do lado de fora. Não há como explicar, mas estar nos Castelos Cátaros e conseguir ficar sozinho por alguns instantes, mesmo para os incrédulos e céticos há revelações. Não me perguntem como, mas que elas existem; isso eu posso afirmar!
A história menos contada ainda afirma que cinco segredos de grandeza máxima forma produzidos durante e após a passagem de Madalena pela região; estes cinco segredos foram guardados em cinco castelos, todos na região de Carcassone e tal conjunto até hoje é chamado de “os cinco filhos de Carcassone”; a história convencional afirma que estes castelos foram grandes pilares para a permanência de Carcassone sob o domínio do soberano francês da batalha travada pelo Visconde de Trencavel em 1240.
Para quem tem alguma noção de geografia, uma viagem de barco entre Israel e a região onde estão os castelos cátaros, até hoje é uma grande aventura; em linha reta são mais de 3 mil km, contornando o sul da Itália, passando por onde é hoje a Córsega e a Sardenha até chegar a França; entre a Córsega e a Sardenha, no Mar Tirreno, hoje encontra-se a Ilha de Madalena; depois é só chegar ao Golfo de Lion e chegar na região de Gruissan; depois é só escolher qual das maravilhas antigas você quer visitar primeiro.
Quem não conhece nada desta história ficará encantado pela visão de tudo que se mostra ao longo da região; quem tem uma mínima noção do que esta fábula representa, ficará boquiaberto com os mistérios que podem surgir, mas aquele que ainda permanece doutrinado na parte mais lúcida do santo Graal, com certeza, cairá de joelhos perante a revelação dos pontos místicos e como alguns antigos daqueles recantos já diziam; apenas os olhos mais cristalinos e os corações mais sensíveis são capazes de enxergar e de sentir!
O filme de Dan Brow relata que tal de Sauniere guardava o segredo mais intrigante da história depois da criação do mundo, na verdade, Bérenger Saunière foi um padre francês que morreu em 1917 que restaurou a igreja de Santa Maria Madalena e construiu a Torre de Magdala. Sem o apoio da Santa Sé e pagando tudo do próprio bolso e com doações pouco explicadas, foi interpretado até como ladrão, pois não conseguia reunir provas suficientes da origem da verba. Ele fora acusado de simonia e de tráfico de intenções de missas e seu nome fora manchado na região por ordem direta do Bispo de Carcassone.
Toda a lenda moderna da vida de Madalena e os mistérios que envolvem os castelos Cátaros de fato se intensificaram depois de Bérenger Saunière e de sua governanta Marie Dénarnaud; foi somente depois deles e da intervenção direta do Priorado de Sião, que tentou desmentir os boatos de modo não muito convencional, que tudo começou, ou melhor, voltou a ganhar mais vida e a ultrapassar ainda mais fronteiras.
Se de um lado dizem que os pergaminhos onde estão descritos os detalhes do romance de Jesus, a existência de sua filha, os mistérios dos castelos e a chegada de Madalena na França são uma grande farsa para atrair turistas e dinheiro, há quem afirme que tudo isso é verdade e que em algum lugar, de algum castelo Cátaro, encontra-se enterrado, talvez, para sempre, o mais forte segredo da humanidade; segredo este que permanecerá forte e presente na vida de muitas pessoas, enquanto o mundo for mundo ou enquanto durar cada pedra dos castelos mais misteriosos da França.
Se um dia você dispuser de tempo e dinheiro, mesmo que pouco, não deixe de visitar a região de Carcassone no Sul da França e conhecer os castelos Cátaros!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
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