A escitura simples e direta

A ESCRITURA SIMPLES E DIRETA

Sobriedade em literatura não significa dizer muito fazendo uso de poucas palavras, o que é também uma virtude, espartana, mas dizer o necessário, o imprescindível, o que não pode ser esquecido jamais de ser dito. Embriagar-se dessa lucidez é, sem rodeios, um grande desafio para quem escreve no intuito de que sua escritura alcance o nível de arte literária. A palavra certa, no lugar certo, proporciona clareza e propriedade na definição de objeto, fato, situação, personalidade. A concisão na expressão da frase, gera o texto simples e direto . Abaixo o desespero pela quantidade. Pois o que está em jogo aqui não é ela e sim a qualidade. Se acontecer será consequência natural. Não se pode esquecer que em sua viagem imaginativa, o escritor precisa de portos e aeroportos seguros aonde possa ancorar ou aterrissar e destilar o combustível dos ensinamentos experimentados. Assim é que toda literatura de peso nasce do fluxo do peso das experiências vividas e da pesquisa; de muita pesquisa. Por isso é que se o escritor quiser escrever uma obra que vença o tempo e a mediocridade das relações humanas, precisa dedicar a maior parte do seu tempo em empreendê-la. Não vai conseguir a menos que enfrente toda e qualquer dificuldade. Como a economia da vida, exige perdas para proporcionar ganhos. Diferente da economia de mercado que só pensa e só quer o lucro, o lucro fácil. Alguns destes princípios a UBE – Petrolina aprendeu com a literatura jornalística de José Américo Lima. “Trânsito sisudo? Onde já se viu? Não existe!”. Assim ele reagiu certa vez a uma expressão de um conto presente na Antologia Prosadores em Rebuliço. Era viagem demais para ele, habituado a uma prática austera de linguagem. Mas que sorte sua e deles, vindo de Recife, em Petrolina aportou na ilha dos poetas:Sebo Rebuliço. Muitos vezes se passou por reducionista e exagerado na concepção do estilo. Às vezes de fato o era. Porém, sem se dar conta, muito lhes ensinou com sua rigorosidade ao escrever, ao conceber esse ato, ao pensar em acontecimentos e pessoas reais na hora de compor seus personagens. E hoje eles sabem, que ainda aprenderão um pouco mais com sua memória literária, os livros que escreveu, que a UBE-Petrolina luta e lutará para a manter sempre viva. Pois sabe o quanto isto é importante para a literatura da região. Que ele só poderá ser conhecido pelas futuras gerações de poetas, escritores e apreciadores da literatura do Sertão do São Francisco, através do que escreveu. Já que sua literatura espelha o homem que foi. Lá estar, em entrelinhas e linhas, sumo precioso de sua vida, que pode ser degustado na construção realisticamente esperançosa do livro Queno Curumim, onde mostra o quanto dentro do homem sistemático e cético, existia a criança que se libertava correndo pela floresta e subindo em árvores para restaurar ninhos de pássaros. Nas denúncias feitas num romance histórico e um livro reportagem, Canudos - A maldição dos excluídos e Pau de colher, que expressam a rigor, a sede de justa social que campeava em sua maneira de ser, no estilo supracitado.

Uberda Alves

Pres. da UBE -Petrolina

uberdan alves
Enviado por uberdan alves em 16/03/2010
Código do texto: T2141187