Os opostos não se contrapoem, mas Coexistem.
Muitos têm definições precipitadas sobre os opostos, as palavras que designam os denominados antônimos, mas na verdade os chamados “opostos” não o inverso completo do outro, são apenas elementos que andam um do lado do outro, que coexistem simultaneamente, de forma que eliminando a um, o outro se extinguiria. Aqueles que buscam o amor, seja de que espécie ou tipo for, odeiam o ódio. Eles amam o amor, mas para amarem o amor, eles têm que odiar o ódio. Daí se verifica que mesmo tendo, ou possuindo, o sentimento do amor de forma até profunda, existe o ódio no amor: o amor odeia o ódio, assim como o ódio odeia o amor. Percebe-se claramente uma relação em que há uma coexistência nesses dois sentimentos, por mais distintos em suas formas, estados, caracterizações e significações. Eu poderia acrescentar que todos os sentimentos humanos há essa relação.
Por que se eu eliminasse completamente o ódio, o amor também sucumbiria? Como o ser poderia saber, ter plena certeza, que seu amor não é ódio? Se ele afirma que o ódio foi extinto, e o mesmo afirma que nele existe só o amor, e que amor agora reina em tudo, é por que certamente para ele possuir essa certeza, ele tem de comparar o panorama atual com o panorama passado: ele o faz ainda tendo e conhecendo a idéia do ódio, incluindo nessa idéia seus devidos caracteres e estigmas, logo por tanto o ódio não foi destruído por completo, pois ele sempre será necessário para se dizer, discorrer, e definir o que é o amor (nesse ponto Platão foi bastante equivocado em sua teoria das “Formas Puras”). Dessa forma, todos os sentimentos que há no ser humano sempre coexistirão, mesmo que ele fosse um ser totalmente espiritual, um espírito puro, mesmo assim, em seu discernimento os dualismos jamais pereceriam, ao contrário, continuariam sempre existindo em coexistência. Até mesmo em todos os deuses cultuados pela humanidade, em todos, até mesmo no Deus Cristão, há em todos eles sentimentos dualísticos coexistentes, e esses mesmos sentimentos dualísticos coexistentes irão formar nessas divindades conceitos e doutrinas, que “imporão aos seres humanos”, onde também há esse princípio até nesse momento estudado.
Há ainda ouro ponto relevante a se pensar: onde muitos enxergam a oposição de uma coisa com outra, há na verdade um estado de transição, de mudança, de passagem de uma coisa em outra. Como por exemplo, o quente transita para o frio; o medo para a coragem; o mole para o duro; a luz para a escuridão, etc. Muitas vezes onde se vêem contrastes, oposições, estados de antonímias, na realidade, se bem analisada, encontraremos nada mais e nada menos do que transições.