BALANÇO SOCIAL E AMBIENTAL

Quem estudou contabilidade nos anos 80, ou antes, talvez tenha ouvido apenas algum professor falando em responsabilidade social das empresas. Mesmo durante a década seguinte a disciplina ainda não estava formatada. O “capitalismo selvagem” do pós-guerra transferia toda responsabilidade social para os governos. Para as empresas cabia a função de produzir. Hoje há mudanças fundamentais acontecendo e nem todos se apercebem deste momento histórico.

Antigamente, sinal de distinção social para as madames era vestir suntuosos casacos de peles de animais. A partir da década de 80, aquela que se atrevesse a andar com tal vestimenta corria o risco de ser discriminada e execrada pelas colunas sociais da mídia. Hoje, as senhoras já idosas que sonhavam com este ornato no passado, ou mesmo o usaram, posam ostensivamente como defensora dos animais.

As exigências sociais e ambientais para as empresas estão cada vez mais presentes. Isso pode gerar alguns tremores enquanto as placas se ajustam. O sistema ISO está exercendo uma pressão fundamental para que este ajustamento aconteça. Interessante notar que isto tudo começa atendendo uma exigência do consumidor. Os governos, como acontece sempre, vêm na garupa e tentam faturar algum também.

A evolução das empresas industriais, comerciais e de serviços é uma conseqüência natural do crescimento. Empresas que se impuseram no passado graças à intrepidez dos seus fundadores, com o passar do tempo perdem este centro, sendo administradas cada vez mais por profissionais. Os acionistas pulverizados, embora estejam mais preocupados com os resultados de suas ações, também não gostam de saber que fazem parte de um grupo que não é socialmente responsável. O consumidor tem razões mais independentes para exigir muito mais.

Começa a tramitar na Assembléia Legislativa do Amazonas um projeto de lei que institui a obrigatoriedade do balanço social e ambiental para empresas fornecedoras do estado. Paralelamente a isso, pululam contadores adaptando-se a essa nova e saudável tendência. Tudo indica que veio para ficar e que daqui para frente será cada vez mais sofisticada e capilarizada. Chegará o momento em que o preço de um produto não mais será o fator preponderante. Os consumidores deixarão de comprar bens originados de empresas que não sejam socialmente responsáveis.

São os novos tempos. Os compromissos, que antes visavam trazer lucros aos proprietários da empresa, mais tarde direcionados apenas aos consumidores, hoje passam pela preservação ambiental e o atendimento da comunidade em que ela atua. Já existem prêmios estabelecidos por empresas, que se destinam àquelas que oferecem melhores condições aos seus colaboradores, fato inimaginável há 50 anos quando o capitalismo era tão voraz quanto o comunismo era antidemocrático. Os comunistas de outrora já falam em eleições.

Estamos vivendo uma mudança histórica menos drástica que a Revolução Francesa, mas não inferior em importância.

Luiz Lauschner – Escritor e Empresário

www.luizlauschner.prosaeverso.net.

Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 14/03/2010
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