BBB : D O U RADO, DOU RABO! *
D O U RADO, DOU RABO, BBB!
Dourado está "bombando" no BIG BOSTA BRASIL. Nada contra o rapaz, pois ele está, democraticamente, atendendo a uma seleção concorrida de uma TV para se habilitar ao prêmio de R$ 1.500.000,00. A TV está fazendo a sua parte, mesmo que má, mas está. Ela vive de audiência como as demais e tudo fez e fará para ter IBOPE alto, mesmo condicionando pessoas aos mais diversos tipos de comportamentos. Estabelece com isto o seu jogo, apostando cegamente, no telespectador - ele é quem consome tudo, mesmo que não se aperceba disto; ele é quem é outra peça importante do jogo, mas não se nota usado pela TV. Talvez poucos tomem consciência desses "usos" malversados da mídia televisiva em função do que ela propões, sob o título de divertimento. Neste contexto, retomo a questão do DOU... RABO, digo DOURADO. Ele está virando celebridade sendo arauto da violência contra as mulheres, os gays e outras derivações que se encontram dentro da casa do BBB. Faz a linha "machão", mas está se fortalecendo como homofóbico, até porque são comportamentos interdependentes. Como está num jogo, parece que escrúpulos inexistem nas relações estabelecidas no certame. Ora chama um gay de "viado safado" e depois se desculpa, ora fala que se a outra (Moranguinho) fosse homem ele arrebentaria de ‘porrada’ para ele ir ao hospital, etc.. Essa desculpa é bem falaciosa, pois na esperteza dele, sabendo que está sob câmeras por todos os lados e para o país todo, quer passar a imagem de quem "erra, mas pede perdão"! Como se perdão fosse cartão de crédito na conta da vida digna e respeitosa com os semelhantes.
O que nos causa escárnio é o fato de que vivemos num país imergido em todo tipo de violência, principalmente contra a mulher. A lei Maria da Penha que não nos deixa mentir. E a gente assiste em horário nobre a uma pessoa estimulando violência contra as minorias no geral, mas no particular contra os "coloridos" que estão na citada casa.
Como dissemos, ele está na dele, querendo faturar. Mas o grande público não. O faturamento de quem assiste a um filme, a um programa de TV, a uma peça de teatro, etc., deve ser cultural e de entretenimento sadio e com componentes que somem conhecimentos positivos. No meu entendimento, o BBB joga com os espectadores, fatura em cima deles, edita um programa barato e, salvo melhor juízo, define quem vai ganhar o prêmio, do mesmo jeito que sabe quando deve apimentar a audiência. O pior é que algumas pessoas se passem para telefonar votando pela retirada de alguém do paredão, acreditando na lisura do seu voto. Mas fazer o quê? A sociedade de consumo passa um pouco por isto, por essa falta de crítica acerca das correntes de dominação das massas.
Tomei conhecimento de que já existem até BLOGS específicos na defesa do DOURADO. Há até fã-clubes de pessoas que vão noite adentro no “paper view” só para ver o rapaz fazer ginástica na piscina. Espero que a grande maioria dessas pessoas tome tento, percebam que estão sendo usadas. Mas o que me acalma, de certa forma, é saber que há muitas mulheres sérias neste país que podem até assistir ao BBB, mas que jamais se passam para defender um cara com essa personalidade homofóbica, violenta, machista, conservadora. Até porque a mulher consciente de si e do seu papel, não vai criar fantasias em função de um cara que não é ninguém, tem uma beleza física comum, mas que tem contra si, comportamentos extemporâneos, doentes, violentos... A rigor nem posso garantir que goste mesmo de mulher como quer demonstrar. Quem é homem, quem é mulher, que "é" é e fim. A turma "colorida" demonstra isto muito bem, pois convive tranqüila com tantos diferentes da casa, até onde posso perceber.
Concluo enfatizando um aspecto psicanalista que sempre utilizo nestas questões: para os homens que gostam de mulher, quanto mais gays tiver, melhor, pois sobrarão mulheres no pedaço. Para os homofóbicos, os gays devem incomodar talvez porque "toquem" em alguma "ferida" escondidinha no consciente ou inconsciente, enrustida entre o que a sociedade quer que eles sejam e o que efetivamente eles gostariam de ser. Essas questões não podem ser generalizadas, mas o sentido geral é este. Outra evidência disto é que, com as mulheres e com os próprios gays, esse comportamento não se evidencia. Talvez porque haja mais segurança entre deles acerca do que, de fato, gostem para suas realizações afetivas.
Espero que DOURADO não prospere. Melhor: espero que boa parte das mulheres e dos homens que estão adorando esse personagem fatídico, em tempo, "acordem pra Jesus" e não esqueçam: a violência que assola o nosso país não pode contar com aliados desta maneira dentro da nossa própria casa.