Hamlet e o mar
HAMLET E O MAR
A cada viagem minha eu lanço mão de algum dos quase três mil livros que compõem a minha biblioteca e preparo o lazer cultural para as horas mortas do período de férias. Tem gente que leva livros e não lê. Eu não abro mão do mar, do sol, das caminhadas e dos prazeres gastronômicos para me dedicar à leitura. Não! Eu me dedico aos livros nas horas vagas: depois do café, antes do almoço, à tarde, antes do jantar e na hora de dormir. Raramente levo livros para a beira-mar. Livro é distração e não compromisso.
Como os leitores recordam, numa dessas saídas eu levei “Antígona” e desfrutei seu texto debaixo dos coqueiros, numa pousada em Porto Seguro, Bahia. Eu aprecio muito o gênero das tragédias, sejam gregas, de Shakespeare ou das óperas italianas, preferencialmente Puccini (La Bohème, Tosca e Madame Butterfly) e Verdi (La Traviatta).
Pois agora em fevereiro de 2010, em minha segunda estada em Garopaba levei duas obras de Shakespeare († 1616) para ler: Hamlet e Tempestade. Tempestade não deu tempo de ler todo, mas a história do príncipe Hamlet eu consegui devorar em uma semana.
É uma tragédia medieval ambientada na Dinamarca, com ingredientes de assassinato, usurpação de poder, vingança, sedução e fatos sobrenaturais. Na maioria das obras do bardo (Macbeth, Tempest, Rei Lehar, Antônio e Cleópatra, Romeu e Julieta, etc.) há bruxas, espíritos e seres sobrenaturais.
Na trama de Hamlet (o filme, com Mel Gibson é excelente!) há algumas frases que marcam a obra e são usadas até hoje: “Há algo podre no reino da Dinamarca”, “Ser ou não ser, eis a questão”, “Entre o céu e a terra há muita coisa que a nossa vã filosofia não alcança”, “O sono é prenúncio da morte” e “o resto é silêncio”.
Pois para ler o Hamlet eu escolhi a sacada da pousada onde fico sempre. Confortavelmente, lia o livro e contemplava, a vista, o ruído e o odor do mar. Valeu a pena.