O vício da Casa Grande : O Globo que escraviza
“A Terra gira para que todas as pessoas do mundo possam olhar para o espaço em todas as direções. Assim cada um pode ver as estrelas e tudo o mais que existe, de qualquer lugar onde esteja. (...) Não importa se você mora em Java ou em Jessheim – não há nenhum pedacinho da glória do céu que ficará escondido de você. Além disso, seria terrivelmente injusto se só metade das pessoas da terra sentissem os raios do sol no rosto; ou, por exemplo, se metade da humanidade nunca visse a lua crescente. Mas tanto o sol como a lua pertencem a todas as pessoas da terrra.”
Jostein Gaarder[i]
“Escrava e filho. Quem quizer comprar uma mulata muito moça, sem vícios, sabendo cosinhar, lavar e engommar e estando com um filho de dous mezes e abundante leite, nesta typographia se dirá quem vende."
Anúncio de jornal em 1865[ii]
Os senhores da Casa Grande se destacam pelo vício do oportunismo em lucro gratuito na intolerância: acostumados ao histórico das benesses pelo apoio às atividades anti-democráticas, pautadas por uma “uma elite despreparada e ignorante”[iii] (que busca fugir do reconhecimento desse despreparo e ignorância tentanto imputar o que lhe é próprio às outras classes sociais no uso e abuso do poder econômico), seguem lançando aos mares da comunicação seus navios negreiros, numa perversidade a que se deve clamar limites.
Alimentados na sucessão de eventos políticos da história recente, mamando nas tetas de governos golpistas e ditadores, se recusam a aderir aos princípios democráticos, no mais das vezes com um ranço autoritário refletido numa má vontade editorial quanto aos assuntos mais importantes para a maioria (aquela mesma que define o povo). E para manter esse vício, como qualquer adicto extremo, “furta o que pode e o que não pode” (ou o que não deve).
No campo político, como sempre, sua ideologia hipócrita das trevas apóia os que rezam pela cartilha de seu partido único: o Partido da Casa Grande. São esses “representantes” que os sustentam nos legislativos tupiniquins que, em contrapartida permanecem “blindados” até que se torne clara e evidente a corrupção que campeia (aí são execrados para serem “descolados” de seus senhores).
Mais um acontecimento emblemático desse vício vem à tona neste momento: o senhores da Casa Grande, numa ação de censura velada (através da exorbitância) burlam a democracia (defecando na Constituição sob a parcimônia das togas), demonstrando preconceitos e racismo evidente. Um anúncio (pago) proposto pela `Omi-Dùdú` - Afirme-se (que foi publicado na Folha e no Estado), que inicialmente havia sido cotado pelo jornal O Globo em R$ 54.163,20 teve o preço “reajustado” (após análise da equipe editorial do jornal) para o valor absurdo de R$ R$ 712.608,00.[iv]
O que os senhores da Casa Grande querem mais, além da Escravidão da intolerância e preconceito é constranger, deturpando as informações, o que não é novidade:[v]
a) um estudo realizado pelo pesquisador Kássio Motta para o Instituto de Artes e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense (UFF) analisa o caso do jornal O Globo no período de março de 2002 a julho de 2004. De acordo com o levantamento, no total foram publicados 55% de textos negativos e 15% de textos positivos sobre as cotas. Neste contexto estão 34% de matérias negativas contra 6% positivas, e 66% de editoriais e artigos negativos contra 34% positivos;
b) Outra pesquisa, desta vez encomendada pelo CEERT ao Observatório Brasileiro de Mídia, observou os jornais Folha, Estado e Globo, dos quais se extraiu 972 textos publicados entre 1º de janeiro de 2001 e 31 de dezembro de 2008 (...) o Globo sobressai em relação aos seus concorrentes no que se refere a uma orientação anticotas mais organizada e institucionalizada, tendo sido o único jornal em que os textos opinativos foram mais freqüentes do que as reportagens – 53,1% e 28,1% respectivamente, quando o assunto é cotas nas universidades;
c) ) as pesquisas ocupam apenas 5% dos textos e são aludidas quase que exclusivamente nas reportagens (83%), aparecendo muito raramente nos textos opinativos (8,3%).
Ações terroristas desse naipe, que visam matar a possiblidade de informações importantes para o maior número possível de cidadãos, devem ser contidas em sua raiz através da denúncia às instâncias democráticas e acompanhamento da sociedade. (veja exemplo[vi])
“São parasitos os que exploram a sociedade para benefício próprio, os que vivem à custa do Estado sem nada produzir, os que vegetam em lastimosa ociosidade. Tais indivíduos são como células cancerosas que roubam a vitalidade do organismo social". Julio Schwantes[vii]
[i] Gaarder, Jostein: Através do Espelho, São Paulo: Cia das Letras, 1998, 141 p., p.119
[ii] Núcleo de Antropologia da USP – Entre a Casa e a Rua: http://www.n-a-u.org/ENTREACASA1.html
[iii] Prado, Paulo. Retrato do Brasil - Ensaio sobre a tristeza brasileira, São Paulo: Duprat-Mayença, 1928, 130 p. – citada em Instituo Millenium - Roberta Fragoso Kaufmann: A importância de Gilberto Freyre para a construção da Nação Brasileira : http://www.imil.org.br/artigos/a-importancia-de-gilberto-freyre-para-a-construcao-da-nacao-brasileira-parte-i/
[iv] Cidadania é Alegria - O Povo contra O Globo - http://cidadaniaealegria.wordpress.com/2010/03/09/o-povo-contra-o-globo/
[v] Humberto Adami - http://humbertoadami.blogspot.com/
[vi] Observatório da Imprensa - Caderno da Cidadania - É necessária uma nova Abolição?: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=561CID001
[vii] SCHWANTES, S. Júlio. Colunas do Caráter. Santo André: Casa Publicadora Brasileira, 1983. p.58.