EDUCAÇÃO: UM BEM DE TODOS
Dentre todos os fatores que contribuem para a ascendência e propagação da violência em todas as áreas da sociedade, o político e o familiar sejam, talvez, os principais. Considerando política aqui não apenas em seu estrito sentido contemporâneo de disputas partidárias, em que o que vale é a tomada e manutenção do poder, mas também como a “condução de nossa vida coletiva”, como bem explica João Ubaldo Ribeiro, em seu livro Política.
Ora, tratando-se a política como condução de nossa vida em sociedade, concluímos que o grave e frequente problema da violência, em especial a escolar, não é responsabilidade exclusiva do poder público, mas também de toda a comunidade, que, além de não fiscalizar e cobrar aqueles que tem a obrigação legal de fazer com que nossos impostos sejam bem aplicados, não se fazem presentes nas escolas.
Desse modo, eximem-se de sua responsabilidade sobre os filhos, fazendo-a recair sobre o Estado, para quem não é interessante a formação crítica e consciente dos jovens e que prefere dar prioridade a setores secundários da sociedade, como a construção civil, por exemplo.
Ouvindo estudantes, professores e funcionários do Colégio Estadual do município de Ilhéus/BA, observamos que as principais causas apontadas como responsáveis pela péssima qualidade da Educação Pública e a consequente violência no âmbito escolar são a ausência da família e do poder público.
E o pior é que ambos, num incessante jogo de “toma que o filho é teu”, assistem ao triste quadro de decadência educacional de braços cruzados, como se não fossem responsáveis pelo que está acontecendo com nossos jovens, utilizando-se de discursos demagogos para cobrarem-se mutuamente. Infelizmente, o que deveria ser constitucionalmente um direito de todos, acabou tornando-se um pesado fardo que ninguém quer carregar.
Mas o que fazer, então? Como agir diante dessa triste realidade?
Bom, no que tange à responsabilidade familiar, a solução parece mais simples, visto que basta sua maior presença na vida de seus filhos e na escola, embora seus empregos lhes furtem todo o tempo que deveria destinar-se ao acompanhamento familiar.
No caso da responsabilidade do Estado, cuja finalidade é manutenção do poder, a situação se complica, visto que, infelizmente, a intenção dos que chegam a tal poder é criar mecanismos de dominação da gigantesca massa politicamente inconsciente, não dirimir os problemas sociais.
Ora, quando esses problemas forem resolvidos, o Estado talvez não tenha mais razão de existir, e isso assusta àqueles que se beneficiam com a miséria, com a falta de saúde, segurança e educação do povo, que são aqueles que estão no poder e lutam com todas as forças para que tudo permaneça justamente do jeito que está.
Entretanto, ainda há solução. Tudo é uma questão de prioridade. Não adianta destinar a maior parte dos recursos para o setor econômico em detrimento do educacional, por exemplo, visto que seria como construir um edifício cuja base seja um mangue. Desmoronará! Pois a educação é a base de tudo.
Um bom exemplo de que o que acontece no Brasil é uma questão de vontade é o “Timemania”, criado pelo governo federal para ajudar os clubes de futebol em crise. Mas por que não criam um “Escolamania”? Ora, a educação é, então secundária em relação ao esporte? A sociedade se constrói com educação ou com futebol? Não seria isso uma espécie de “pão e circo” brasileiro?