DIA DA MULHER É TODO DIA
Espero que logo deixem de comemorar este dia. Como devem deixar de comemorar o do ANCIÃO, da CRIANÇA, do INDIO, NEGRO, etc.. Essas comemorações dizem muito do que não somos em função do achamos que deveremos ser na relação COM as minorias. Tenho a concepção de que a humanidade em seu processo de socialização, após dois mil anos de solidão (com a permissão de Garcia Marques), caminhou pouco na efetivação da convivência entre os diferentes. Contudo, nesta construção, a relação com a MULHER se diferencia porque ela é o ponto de equilíbrio de todas as nações. A rigor, homem e mulher são a dicotomia do mundo na concepção ortodoxa da formação da humanidade.
Todos sabem que as mulheres são, numericamente, maioria em quase todas as nações. Contudo, ninguém ignora que elas, após o estigma do "sexo frágil", resultante do poderio masculino e machista, tenham procurado se libertar desse jugo de "inferioridade e fragilidade" a elas impostos desde os tempos mais remotos. Intuo que grande parte das dificuldades que as mulheres têm, hoje, na busca da consolidação dos seus avanços e quebras de preconceitos, resida na maioria delas.
As lutas femininas, inicialmente, tomaram rumos políticos e feministas que, até onde alcanço, perduram até hoje. Isto levou a algumas inversões de valores em que, de um lado, estavam as FEMINISTAS e,do outro, as FEMININAS... Ou não!
A mulher existe na relação com o homem e vice-versa. Ao homem sempre coube compreendê-la em sua dependência, se não quisermos aceitar "sob seu domínio", mesmo hoje com toda suposta modernidade e liberdade da mulher. À mulher, não raro, sempre lhe foi atribuída a "passionalidade" traduzida em romantismos piegas, prendas domésticas, do lar, pouca inteligência, enfim, "mulher de cama e mesa" - facetas com as quais não concordamos mas sabemos que parecem ser assim sua subsistência no CONSCIENTE e INCONSCIENTE da grande maioria dos homens.
O DIA INTERNACIONAL DA MULHER tenta recuperar a "auto-estima social" da mulher. Digo social, porque acho que há indícios fortes de uma mulher mais real, dentro do significado que talvez se consolide no próximo século em sua plenitude. Por isto, nos referimos anteriormente à provável culpa das próprias mulheres acerca da morosidade dos processos de LIBERAÇÃO EXPONENCIAL. Essa "culpa", imagino, esteja calcada na pouca responsabilidade social e cidadã de algumas mulheres que, mesmo diante de tanta informação (TV, RADIO, CINEMA, INTERNET, TELEFONE, IPOD, JORNAL, LIVRO, ETC), insistem em permanecer no viés do sexo, do objeto desejável, da cama e mesa, da revista Play Boy, dos filmes pornôs... É como se o inconsciente coletivo não tivesse sido trabalhado, diferente do consciente individual que teve seu progresso. Na lógica do indivíduo, resgatam-se mulheres extraordinárias em todos os ramos do conhecimento, principalmente nas ciências e na política. Há um texto corrente na INTERNET que se atribui a Martha Medeiros, "O MULHERÃO" que, avalio pertinente neste contexto:
(Este é um texto de Martha Medeiros, colaboradora do jornal gaúcho Zero Hora, a maior cronista brasileira da atualidade e autora de vários livros. Esta belíssima crônica, escrita com a habitual leveza e sensibilidade de Martha, foi lida por Olga Bongiovanni no programa de 8 de março de 2001, Dia Internacional da Mulher).
Peça para um homem descrever um mulherão. Ele imediatamente vai falar no tamanho dos seios, na medida da cintura, no volume dos lábios, nas pernas, bumbum e cor dos olhos. Ou vai dizer que mulherão tem que ser loira, 1,80m, siliconada, sorriso colgate.
Mulherões, dentro desse conceito, não existem muitas: Vera Fischer, Malu Mader, Letícia Spiller, Adriane Galisteu, Lumas e Brunas.
Agora pergunte para uma mulher o que ela considera um mulherão e você vai descobrir que tem uma em cada esquina.
Mulherão é aquela que pega dois ônibus para ir para o trabalho e mais dois para voltar, e quando chega em casa encontra um tanque lotado de roupa e uma família morta de fome.
Mulherão é aquela que vai de madrugada para a fila garantir matrícula na escola e aquela aposentada que passa horas em pé na fila do banco para buscar uma pensão de 100 reais.
Mulherão é a empresária que administra dezenas de funcionários de segunda a sexta, e uma família todos os dias da semana.
Mulherão é quem volta do supermercado segurando várias sacolas depois de ter pesquisado preços e feito malabarismo com o orçamento.
Mulherão é aquela que se depila, que passa cremes, que se maquia, que faz dieta, que malha, que usa salto alto, meia-calça, ajeita o cabelo e se perfuma, mesmo sem nenhum convite para ser capa de revista.
Mulherão é quem leva os filhos na escola, busca os filhos na escola, leva os filhos na natação, busca os filhos na natação, leva os filhos para cama, conta histórias, dá um beijo e apaga a luz.
Mulherão é aquela mãe de adolescente que não dorme enquanto ele não chega, é quem de manhã bem cedo já está de pé, esquentando o leite.
Mulherão é quem leciona em troca de um salário mínimo, é quem faz serviços voluntários, é quem colhe uva, é quem opera pacientes, é quem lava a roupa para fora, é quem bota a mesa, cozinha o feijão e à tarde trabalha atrás de um balcão.
Mulherão é quem cria os filhos sozinha, quem dá expediente de 8 horas e enfrenta menopausa, TPM e menstruação. Mulherão é quem arruma os armários, coloca flores nos vasos, fecha a cortina para o sol não desbotar os móveis, mantém a geladeira cheia e os cinzeiros vazios. Mulherão é quem sabe onde cada coisa está, o que cada filho sente e qual o melhor remédio para azia.
Lumas, Brunas, Carlas, Luanas e Sheilas: mulheres nota 10 no quesito lindas de morrer, mas mulherão é quem mata um leão por dia.
Martha Medeiros (Jornal Zero Hora / RS)
Espero que rapidamente todas as mulheres se estabeleçam completamente enquanto cidadãs; espero que a "mulher de cama e mesa" que ainda sobrevive em todas as camadas da sociedade, desperte para um resgate de natureza igualitária com os homens em DIREITOS E CIDADANIA. Jamais na natureza física e sentimental. Afinal, homem é homem e mulher é mulher! Devem-se preservar as diferenças e investir na convivência respeitosa em que direitos e deveres devem ser observados fora da dominação de um sobre o outro.
Embora não concordando com esse dia INTERNCAIONAL, compreendo que ele serve para que se possa refletir sobre DISCRIMINAÇÃO no geral e da mulher no particular. Refletir, acima de tudo, na mulher competente, inteligente, livre de estigmas regados a "água oxigenada" e voltados para a dignidade do trabalho, da educação, dos filhos, dos amigos, dos irmãos. Mulher que ama, que gosta de sexo, que quer ser amada, que pode se dar ao direito de ser romântica e ao luxo de ser sozinha por opção. Mulher que cultiva inteligência e que não necessariamente deseja ser sustentada por homem, mas até sustentá-lo numa necessidade e diante de uma relação estável e respeitosa. Mulher feminina sem ser feminista. Que enfrenta trabalho duro sem se preocupar com opiniões machistas ou “lesbianistas” e que, acima de tudo, seja consciente de seus papéis, buscando ser feliz sem fugir de uma conduta ética de respeito ao próprio homem e a quem mais estiver por perto. Diante disto, TODO DIA É DIA DA MULHER!
Carlos Sena - csena51@hotmail.com
Espero que logo deixem de comemorar este dia. Como devem deixar de comemorar o do ANCIÃO, da CRIANÇA, do INDIO, NEGRO, etc.. Essas comemorações dizem muito do que não somos em função do achamos que deveremos ser na relação COM as minorias. Tenho a concepção de que a humanidade em seu processo de socialização, após dois mil anos de solidão (com a permissão de Garcia Marques), caminhou pouco na efetivação da convivência entre os diferentes. Contudo, nesta construção, a relação com a MULHER se diferencia porque ela é o ponto de equilíbrio de todas as nações. A rigor, homem e mulher são a dicotomia do mundo na concepção ortodoxa da formação da humanidade.
Todos sabem que as mulheres são, numericamente, maioria em quase todas as nações. Contudo, ninguém ignora que elas, após o estigma do "sexo frágil", resultante do poderio masculino e machista, tenham procurado se libertar desse jugo de "inferioridade e fragilidade" a elas impostos desde os tempos mais remotos. Intuo que grande parte das dificuldades que as mulheres têm, hoje, na busca da consolidação dos seus avanços e quebras de preconceitos, resida na maioria delas.
As lutas femininas, inicialmente, tomaram rumos políticos e feministas que, até onde alcanço, perduram até hoje. Isto levou a algumas inversões de valores em que, de um lado, estavam as FEMINISTAS e,do outro, as FEMININAS... Ou não!
A mulher existe na relação com o homem e vice-versa. Ao homem sempre coube compreendê-la em sua dependência, se não quisermos aceitar "sob seu domínio", mesmo hoje com toda suposta modernidade e liberdade da mulher. À mulher, não raro, sempre lhe foi atribuída a "passionalidade" traduzida em romantismos piegas, prendas domésticas, do lar, pouca inteligência, enfim, "mulher de cama e mesa" - facetas com as quais não concordamos mas sabemos que parecem ser assim sua subsistência no CONSCIENTE e INCONSCIENTE da grande maioria dos homens.
O DIA INTERNACIONAL DA MULHER tenta recuperar a "auto-estima social" da mulher. Digo social, porque acho que há indícios fortes de uma mulher mais real, dentro do significado que talvez se consolide no próximo século em sua plenitude. Por isto, nos referimos anteriormente à provável culpa das próprias mulheres acerca da morosidade dos processos de LIBERAÇÃO EXPONENCIAL. Essa "culpa", imagino, esteja calcada na pouca responsabilidade social e cidadã de algumas mulheres que, mesmo diante de tanta informação (TV, RADIO, CINEMA, INTERNET, TELEFONE, IPOD, JORNAL, LIVRO, ETC), insistem em permanecer no viés do sexo, do objeto desejável, da cama e mesa, da revista Play Boy, dos filmes pornôs... É como se o inconsciente coletivo não tivesse sido trabalhado, diferente do consciente individual que teve seu progresso. Na lógica do indivíduo, resgatam-se mulheres extraordinárias em todos os ramos do conhecimento, principalmente nas ciências e na política. Há um texto corrente na INTERNET que se atribui a Martha Medeiros, "O MULHERÃO" que, avalio pertinente neste contexto:
(Este é um texto de Martha Medeiros, colaboradora do jornal gaúcho Zero Hora, a maior cronista brasileira da atualidade e autora de vários livros. Esta belíssima crônica, escrita com a habitual leveza e sensibilidade de Martha, foi lida por Olga Bongiovanni no programa de 8 de março de 2001, Dia Internacional da Mulher).
Peça para um homem descrever um mulherão. Ele imediatamente vai falar no tamanho dos seios, na medida da cintura, no volume dos lábios, nas pernas, bumbum e cor dos olhos. Ou vai dizer que mulherão tem que ser loira, 1,80m, siliconada, sorriso colgate.
Mulherões, dentro desse conceito, não existem muitas: Vera Fischer, Malu Mader, Letícia Spiller, Adriane Galisteu, Lumas e Brunas.
Agora pergunte para uma mulher o que ela considera um mulherão e você vai descobrir que tem uma em cada esquina.
Mulherão é aquela que pega dois ônibus para ir para o trabalho e mais dois para voltar, e quando chega em casa encontra um tanque lotado de roupa e uma família morta de fome.
Mulherão é aquela que vai de madrugada para a fila garantir matrícula na escola e aquela aposentada que passa horas em pé na fila do banco para buscar uma pensão de 100 reais.
Mulherão é a empresária que administra dezenas de funcionários de segunda a sexta, e uma família todos os dias da semana.
Mulherão é quem volta do supermercado segurando várias sacolas depois de ter pesquisado preços e feito malabarismo com o orçamento.
Mulherão é aquela que se depila, que passa cremes, que se maquia, que faz dieta, que malha, que usa salto alto, meia-calça, ajeita o cabelo e se perfuma, mesmo sem nenhum convite para ser capa de revista.
Mulherão é quem leva os filhos na escola, busca os filhos na escola, leva os filhos na natação, busca os filhos na natação, leva os filhos para cama, conta histórias, dá um beijo e apaga a luz.
Mulherão é aquela mãe de adolescente que não dorme enquanto ele não chega, é quem de manhã bem cedo já está de pé, esquentando o leite.
Mulherão é quem leciona em troca de um salário mínimo, é quem faz serviços voluntários, é quem colhe uva, é quem opera pacientes, é quem lava a roupa para fora, é quem bota a mesa, cozinha o feijão e à tarde trabalha atrás de um balcão.
Mulherão é quem cria os filhos sozinha, quem dá expediente de 8 horas e enfrenta menopausa, TPM e menstruação. Mulherão é quem arruma os armários, coloca flores nos vasos, fecha a cortina para o sol não desbotar os móveis, mantém a geladeira cheia e os cinzeiros vazios. Mulherão é quem sabe onde cada coisa está, o que cada filho sente e qual o melhor remédio para azia.
Lumas, Brunas, Carlas, Luanas e Sheilas: mulheres nota 10 no quesito lindas de morrer, mas mulherão é quem mata um leão por dia.
Martha Medeiros (Jornal Zero Hora / RS)
Espero que rapidamente todas as mulheres se estabeleçam completamente enquanto cidadãs; espero que a "mulher de cama e mesa" que ainda sobrevive em todas as camadas da sociedade, desperte para um resgate de natureza igualitária com os homens em DIREITOS E CIDADANIA. Jamais na natureza física e sentimental. Afinal, homem é homem e mulher é mulher! Devem-se preservar as diferenças e investir na convivência respeitosa em que direitos e deveres devem ser observados fora da dominação de um sobre o outro.
Embora não concordando com esse dia INTERNCAIONAL, compreendo que ele serve para que se possa refletir sobre DISCRIMINAÇÃO no geral e da mulher no particular. Refletir, acima de tudo, na mulher competente, inteligente, livre de estigmas regados a "água oxigenada" e voltados para a dignidade do trabalho, da educação, dos filhos, dos amigos, dos irmãos. Mulher que ama, que gosta de sexo, que quer ser amada, que pode se dar ao direito de ser romântica e ao luxo de ser sozinha por opção. Mulher que cultiva inteligência e que não necessariamente deseja ser sustentada por homem, mas até sustentá-lo numa necessidade e diante de uma relação estável e respeitosa. Mulher feminina sem ser feminista. Que enfrenta trabalho duro sem se preocupar com opiniões machistas ou “lesbianistas” e que, acima de tudo, seja consciente de seus papéis, buscando ser feliz sem fugir de uma conduta ética de respeito ao próprio homem e a quem mais estiver por perto. Diante disto, TODO DIA É DIA DA MULHER!
Carlos Sena - csena51@hotmail.com