TODO DIA É DIA DA MULHER.

 
 
         Trabalhamos quatorze horas por dia.Oito horas nos nossos empregos e mais seis em nossas casas, lavando, passando roupas, cozinhando, cuidando de filhos e maridos nem sempre cooperativos com gostaríamos que fossem . Mas sobrevivemos, lutamos, demarcamos nossos espaços. Somos guerreiras!
          Por que não falar de Cecília, cozinheira em uma escola para meninos infratores e que nos seus dias de folga trabalhava como diarista? Foi assim que ela formou duas filhas, uma em Ciências Sociais e outra em Pedagogia. E de Nilce, com um marido desempregado...Durante o dia trabalha como diarista e a noite, até as dez horas é servente de uma firma de limpeza...De Cacilda, esposa do zelador do meu condomínio, manicure e diarista, que hoje tem o seu salão de beleza...Da servente do meu condomínio que está cursando Pedagogia no período noturno . E de Eliane, que mesmo solteira adotou uma criança? 
          Como Cecília, Nilce, Cacilda, Daniele e Eliane, existem milhões! Não são famosas, talvez não tão bonitas fisicamente, mas são trabalhadoras, geram alternativas de sobrevivência para suas famílias. São elas as verdadeiras chefes de família. Merecem respeito e como! Não são mulheres que esperam pelos seus homens feitos as Mulheres de Atenas de Chico Buarque de Hollanda. São cada vez mais donas de seu nariz e por extensão de seu próprio corpo. Vão à luta e conquistam o direito de ter sua máquina de lavar, seu microondas, o aparelho de som, a geladeira, a bicicleta para o filho. Dão-se o direito de sonhar com sua casa própria. Mas todas nós queremos muito mais! Queremos mais creches para nossos filhos, mais saúde, mais educação, mais escolas Queremos a violência e os traficantes fora das ruas e da porta das escolas. Queremos a vida florescendo sadia para todos. Não queremos nossos maridos desempregados e perdendo sua dignidade nos bares da cidade. Não queremos nosso trabalho ser desrespeitado como se fosse algo “menor” e “sem importância”. Queremos nosso lugar no mundo porque sabemos lutar para tornar esse mundo melhor para os nossos filhos e para os filhos dos nossos filhos. È isso aí!
 
P.S. Este texto foi escrito em março de 1998, para homenagear as mulheres da minha Associação. Ontem, revirando caixas de documentos         , tive o prazer de encontra-lo.Resolvi   reedita-lo.
 
P.S. O pc.não está teclando o acento...