Quincas Borba: Uma visão acerca do Homem em seu Estado Aparente.
O Homem em seu Estado Aparente, como veremos agora através de um personagem de Machado de Assis. Na obra (Quincas Borba), o escritor Machado de Assis demonstra de forma bem nítida, com o personagens Rubião, o que ele já fez com outros de seus personagens, o esforço que o homem faz na criação desse "Estado Aparente”. Rubião é um professor interiorano, não tem muitos amigos, mas um desses, o estranho Quincas Borba ao morrer o deixa como herdeiro Universal, todavia Rubião terá que cumprir com a responsabilidade de cuidar de seu cão que também se chama Quincas Borba. Rubião não sente muito afeto pelo cão, mas como teme perder a herança se sente obrigado a cuidar dele. Outro fato que o leva a tratar o cão com carinho é Rubião imaginar que a alma do defunto amigo Quincas Borba habite no corpo do cão. O homem está a todo o momento preocupado em agradar as outras pessoas, ele se acha eternamente vigiado, faz de tudo para passar uma boa impressão. Essa eterna sensação de ser vigiado quer seja por uma força superior (Deus), ou até mesmo os demais partícipes da sociedade fazem com que o homem se esconda em uma verdadeira muralha que o deixe mais seguro frente aos outros. O homem não pode de modo algum se permitir ser surpreendido sem máscara, em seu estado cru, natural. Rubião querendo ser aceito assume padrões que diferem do seu real estado de ser. Rubião se torna um homem rico, que mora na Corte, faz novos amigos, vai ao Teatro, a festas, veste belas roupas, no entanto, isso não significa que todas essas mudanças aparentes tenham mudado seu “Estado de Ser Interior”, essas modificações superficiais apenas camuflam seu modo de ser provinciano. Rubião a cada momento estar em negociação para obter um melhor posicionamento na sociedade. De professor interiorano ele vai galgando cada vez mais um lugar de respeito e honra. O homem no seu projeto pessoal de auto-afirmação sente a necessidade de ser reconhecido pelos demais seres da espécie. Do mesmo modo que ocorre entre os outros animais, onde a fêmea se enfeita na conquista do macho e busca nele características como força, poder de liderança frente aos demais e o macho por sua vez busca aquela que possua melhor aparência, que se destaque em relação às outras fêmeas, entre os homens também há esse jogo de conquista. No entanto, não ocorre somente nas relações de cunho sexual, mas entre pai e filhos, entre amigos como também nas demais relações inter-pessoais. É através do outro que o homem se vê. E esse Homem Aparente se sente pressionado pelo outro a estar cada vez mais buscando uma melhor maneira de ser visto em sociedade. Mas qual será a espessura da lâmina que divide a sanidade da loucura? Onde será o ponto limitador de esforços na busca de uma identidade aparente, antes que o homem adentre os jardins obscuros e os terrenos pantaneiros da sandice certeza esses limites não foram observados pelo Rubião que se perdeu no seu desejo de auto-afirmação de grandeza, o homem está a todo o momento desafiando esses limites. Na sua tentativa de criar uma melhor imagem perante os outros, estes acabam acreditando naquilo que fantasia, dando seus desejos como se fosse verdade. Rubião sem perceber a cobra trilhando o mesmo caminho do seu finado amigo Quincas Borba se colocando cada vez mais em um mundo imaginário. Enquanto o Quincas Borba em sua loucura se achava um grande filósofo fundador de uma nova ideologia, o Rubião por sua vez se acha o próprio Napoleão III. A construção dessa identidade aparente pode ser um risco pra saúde mental do homem. Se esta não for bem estruturada é um posso certo para um distúrbio mental de grandes proporções.