Pouca Visão

Alardeia-se por todos os cantos e bandas que vivemos uma época de desenvolvimento, nunca antes vivida neste país. Descontados os acréscimos eufóricos dos fanáticos, quem assim não for, chega à conclusão racional de que o tão propalado desenvolvimento, não é tanto quanto se alardeia, a julgar pelo conceito de desenvolvimento.

Aqui, no nosso querido Piauí, a perfuração de um poço, mesmo que não tenha sido paga, mas inaugurada, merece destaque em alguns veículos de comunicação e discursos festivos de autoridades do executivo e do legislativo. Isto é positivo porque se mostra realmente o que nossos dirigentes entendem por desenvolvimento e por ele lutam. Por outro lado, esses paladinos e promotores da esperança nos permitem pensar e contestá-los sem citar nomes, pois se assim procedêssemos, perderíamos muito tempo e tomaríamos muito mais espaço nesta página de jornal.

Dentre muitos outros motivos que temos para contestar o famigerado desenvolvimento propalado, basta que citemos apenas um caso onde fica patente o desinteresse de agentes governamentais na promoção do desenvolvimento: bem próximo de Teresina, um município possui uma floresta fóssil conhecida apenas por alguns poucos. Nesse município, não existe o Conselho Municipal de Meio Ambiente, condição necessária para que se elabore um projeto ambiental que vise o aproveitamento dos recursos naturais disponíveis, no caso, a floresta fóssil, como fonte de exploração turística, mas a autoridade municipal, o prefeito, a julgar pelas suas ações ou pela ausência delas, não valoriza, não escuta como também não contesta novas iniciativas ou idéias, mesmo porque, por incompetência, fecha os olhos para o novo ou, como melhor diríamos, tem pouca visão de futuro.

Enquanto isso acontece, aqui e alhures, descarta-se o turismo como vertente importante no processo de desenvolvimento do Estado.

Como disse o Professor Antonio Carlos de Andrade, doutor em Economia em entrevista a um dos jornais locais: “não basta plantar soja no Piauí para que o Estado se desenvolva...”. Não basta construir habitações, como não basta construir estradas nem tão somente a energização rural. Necessário se faz entender que desenvolvimento se faz e se promove de modo integrado, levando-se em conta todas as potencialidades do município, do estado e do país. Aí, por coerência científica, concordamos com o professor doutor e aproveitamos para perguntar aos secretários de Meio Ambiente e de Turismo do Estado, se eles têm conhecimento da floresta fóssil existente bem próximo de Teresina? se acham importante para o desenvolvimento do Estado e, se conhecem e concordam, por que, até agora, nada foi feito pela inclusão dessa riqueza ambiental no planejamento estratégico de desenvolvimento do Estado do Piauí?

Rui Azevedo

Artigo publicado no jornal Diário do Povo - Teresina-PI. em 27.02.10

Rui Azevedo
Enviado por Rui Azevedo em 02/03/2010
Código do texto: T2116176