MANÍACOS SEXUAIS - SERIAL KILLERS

A criminologia é uma ciência baseada meramente na experiência que se entrava do crime, do delituoso, da vítima e do controle social de todos os delitos. Toma como base a observação, nas ocorrências e no tirocínio, mais que em opiniões e argumentos, é multidisciplinar e, por sua vez, cultivada por outra série de ciências e disciplinas, tais como a biologia, a psicopatologia, a sociologia, política, etc.

Quando nasceu, a criminologia tratava de explicar a origem do crime, utilizando o método das ciências, o esquema causal e explicativo, ou seja, buscava a causa do efeito produzido. Pensou-se que erradicando a causa se eliminaria o efeito, como se fosse suficiente fechar as maternidades para o controle da natalidade.

Academicamente a Criminologia começa com a publicação da obra de Cesare Lombroso chamad0 "L'Uomo Delinquente", em 1876. Sua tese principal era a do delinqüente nato, aquele que se pressupunha que nascera com o destino a prática do mal, a própria semente maléfica que raramente se tinha condição de cultivá-la de forma tranqüila.

Já existiram várias tendências causais na criminologia. Baseado em Rousseau, a criminologia “deveria” procurar a causa do delito na sociedade, baseado em Lombroso, para erradicar o delito deveríamos encontrar a eventual causa no próprio delinqüente e não no meio. Um extremo que procura as causas de toda criminalidade na sociedade e o outro, organicista, investigava o arquétipo do criminoso natural!

Isoladamente, tanto as tendências sociológicas, quanto as orgânicas fracassaram. Hoje em dia fala-se no elemento “BIO PSICO SOCIAL”. Volta a tomar força os estudos de endocrinologia, que associam a agressividade do delinqüente à testosterona, os estudos de genética ao tentar identificar no genoma humano um possível "gene da criminalidade", juntamente com os transtornos da violência urbana, de guerra, da fome, etc.

De qualquer forma, a criminologia transita pelas teorias que buscam analisar o crime, a criminalidade, o criminoso e a vítima. Passa pela sociologia, pela psicopatologia, psicologia, religião, antropologia, política, enfim, a criminologia habita o universo da ação humana. A nós interessará a criminologia que diz respeito à psiquiatria, onde o indivíduo pode ser decifrado em parte pelo distúrbio nascido ou cultivado ao longo da vida!

Jeanine Nicolazzi diz em um de seus artigos que, de fato, explica Freud, os homens não são criaturas gentis que, no máximo, podem defender-se quando atacadas, mas seres aos quais os dotes compulsivos lhes imprimem uma significativa cota de agressividade, cujos efeitos podem ser apreendidos na apropriação que fazem dos outros, utilizando-os não apenas como um ajudante ou objeto sexual, porém como outro qualquer sobre o qual a descarga a compulsão efetiva-se de diversas formas, como na exploração do trabalho, nas humilhações, torturas e mortes.

A agressividade é intrínseca às funções do “eu” do homem, ou seja, uma estrutura distinguida por uma tensão agressiva, por uma intenção de agressão. "Tensão no sentido de oposição, já que o outro sempre se opõe, disputa o mesmo lugar do eu. Para o eu humano só existe um lugar possível: se eu não estou certo, se não ocupo o lugar daquele que está certo, então... estou errado e é o outro quem está certo; para o eu, é como se o outro tivesse se apropriado desse lugar...

Difícil de compreender? Não! É muito fácil e qualquer pessoa já nasce com uma predestinação a adaptar-se ao mundo que lhe exige paciência, cautela, calma e resignação, mas como nem tudo é meticulosamente perfeito há os que não conseguem esta adaptação e são justamente estes que trocam muitas vezes o lado mais duro da vida pela prática do crime e nem sempre estes indivíduos são necessariamente os excluídos sociais ou os paupérrimos, que são maioria no mundo; a maior porção daqueles que delinqüem fazem parte de uma rede social de puro privilégio, onde não lhes falta comida, oportunidades e até certo conforto.

Dentro da criminologia há vários tópicos de discussão para que cheguemos a uma plataforma básica de esclarecimento dos atos e motivos delituosos; o dano psíquico, a perícia psiquiátrica, os crimes em nome da religião, a relação “cérebro X violência”, as emoções naturais, os transtornos sociopáticos, as diversas personalidades do ser humano, as parafilias, que são os delitos sexuais e os crimes sexuais em série, aqueles em que alguém mata para praticar sexo ou praticam o ato sexual com outrem e depois o mata para que impere o silêncio e a impunidade.

Os atos de violência contra as pessoas por motivos sexuais constituem uma parte importante de todos os delitos sérios e podem chegar às formas mais desumanas de assassinato. O crime por prazer constitui casos extremos de sadismo, onde a vítima é assassinada e às vezes mutilada, com o propósito de provocar gratificação sexual ao criminoso, o qual normalmente consegue o orgasmo mais pela violência do que pelo coito.

Na psiquiatria o chamado Crime Sádico Serial, ou homicídio por Parafilia, pode ser considerado homicídio por prazer, já que a causa e a razão do ato tem uma origem sexual. Deve ser tarefa da sexologia e da psiquiatria forense estabelecer os aspetos da personalidade de um criminoso sexual com características de crime serial.

O exame de todas as manifestações da conduta delinqüencial deve ser investigado em função da personalidade total do criminoso e de seu inseparável contexto social. Além disso, o perito médico deve descobrir o valor e a significação que a realidade tem para o criminoso, seu juízo crítico, capacidade de auto determinar-se!

Quando há incontestável dificuldade do criminoso para aceitar a lei, pode significar uma anomalia adaptativa no desenvolvimento de sua personalidade. Porém, não obstante, o exame psiquiátrico geral dos criminosos sexuais seriais tem mostrado que a expressiva maioria deles (80 a 90%) não apresenta sinais de alienação mental franca; isso se traduz que a grande e maior parte dos criminosos sexuais agem por agir e não por uma demência ou anomalia casual.

Falamos em “alienação mental franca”, que é o mesmo que psicose ou demência crônica, porque a imensa maioria desses criminosos é composta por indivíduos com Transtornos da Personalidade, Psicopatas Anti-sociais, portadores de Disfunções Sexuais ou Parafilias e nenhum desses quadros caracteriza uma alienação mental suficiente para a inimputabilidade, portanto, raramente se pode falar em pessoa que será isenta de pena em razão de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado que, ao tempo da ação ou omissão, não era capaz de entender o caráter ilícito do fato por ele praticado ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

A Polícia Civil de Minas Gerais investigou e prendeu rapidamente o estuprador Marcos Antunes Trigueiro, conhecido agora como Serial Killer por ser acusado da morte de cinco mulheres que tinham as mesmas características físicas, além de outras três pessoas. Segundo consta no inquérito policial, que já estão acostados laudos periciais, há material genético do acusado em três das vítimas, que já liga o réu diretamente aos casos. Responsabilidade técnica a parte, a Polícia Civil agiu como os bons tempos da Scotland Yard e nos contos onde Sherlock Holmes era o grande investigante de Sir Arthur Conan Doyle.

Uma vez preso o maníaco Marcos Trigueiro deverá ser investigado em profundidade de fatos e enunciado; ele carecerá de avaliações profundas para se entender um pouco mais da mecânica criminal de sua mente perversa. Ao que se sabe, diante do explicado pela polícia mineira, ele tinha um padrão de vítimas, que eram as morenas de cabelos longos; também se fala da relação física de suas vítimas com a aparência de sua mãe e se isso for confirmado, que Marcos estuprava e matava as mulheres pela semelhança familiar podemos estar diante de um caso intricado onde o fato abstruso raramente se revelará em respostas consistentes.

Caso se consiga pelo menos lançar em tese que este personagem do cotidiano brasileiro, tão igual a tantos outros que estão soltos, cometia seus crimes por associação a fisionomia de sua mãe, podemos também estar diante de uma preocupação ainda maior, onde o Estado falido e despreocupado acende a luz amarela do perigo dos novos tempos, onde a grade educacional e o acompanhamento psicológico de muitas crianças já tardam em acontecer.

Os crimes de trânsito matam mais, os acidentes de trânsito também matam mais, acredita-se que até circunstâncias menos perigosas como a gripe mate muito mais do que os crimes sexuais, mas nenhum deles é tão aberrante e tão chamativo para a mídia do que o crime de estupro seguido de morte. A sociedade tolera os milhares de mortes da dengue ou da cólera; acostumamos-nos a relevar o baque das mortes provocadas pela AIDS ou mesmo pela malária, mas não permitimos que crimes hediondos ficassem sem uma explicação e uma punição.

O caso de Marcos Antunes Trigueiro precisa ser analisado com rigor e a Lei precisa ser aplicada na colocação de sua pena sem que haja sinuosidade tênue ou inaudível. Precisamos preparar os mais moços para que consigam se adaptar a este mundo exigente sem que eles enxerguem no caminho do crime a “estrada de tijolos de ouro”, mas não podemos esquecer que milhares de pessoas também morrem por conseqüência de temas banais e que ninguém faz absolutamente nada (inclusive o Estado) para prevenir novos acontecimentos.

Mais uma vez evocando Gibran Khalil Gibran em sua frase notável “a neve e a tempestade destroem as flores, mas nada pode contra a semente”, podemos até crer que a mente criminosa possa nascer criminosa; ela pode nascer criminosa quando há uma anomalia, mas jamais nascer por uma predestinação. A mente criminosa se desenvolve de acordo com a degradação da lógica e dos conceitos sociais coletivos; ela se desenvolve após um farto bombardeamento de idéias contrárias a ordem de justiça e daquilo que é no mínimo plausível e ético!

A comoção nacional sobre o caso do maníaco de Minas Gerais não passa de romantismo e um enlatado da mídia que dá status a notícia, caso em contrário, todos estariam preocupados com as cadeiras mal feitas, que matam cerca de 600 pessoas por ano em quedas simples ou ainda, ninguém beberia ao volante, motivo de acidentes que matam mais de 5 mil pessoas por ano, matando inclusive crianças, idosos, adultos e mulheres morenas com cabelos longos!

Também tão grave quanto estuprar e matar é usar a pessoa sob o aspecto do medo; mulheres que conhecem bem seus algozes ainda insistem em não denunciá-los por acreditarem que este tema é de fórum íntimo e depreciativo do ponto de vista social; a ONU afirma que 68% das mulheres estupradas conhecem seus agressores e muitos destes estão dentro de suas próprias casas e desta exterioridade, na criminologia, se observa a ignorância associada ao medo e ao descrédito da ação do Estado, também se pode observar a personalidade múltipla, que neste caso, pertence apenas a vítima...!

Por estes e outros ordenamentos da criminologia é que eu sustento a frase: “nem tudo que se enxerga é aquilo que de fato o é...”! Para bom entendedor, a ordem dos tratores não altera o viaduto!

Motivado pela comoção ou não, parabéns a Polícia Civil de Minas Gerais e a todos os envolvidos na belíssima ação que culminou com a prisão de um indivíduo com cérebro irregular; uma pessoa covarde e totalmente inútil para o convívio com outros indivíduos!

Carlos Henrique Mascarenhas Pires

Meu site: www.irregular.com.br

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Enviado por CHaMP Brasil em 28/02/2010
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