Oque não é o Amor
O que não é o Amor
Durante as pesquisas sobre o Amor, observamos: várias formas de amor em função dos agentes envolvidos, tornando o tema vasto e complexo; e exposições mais claras e objetivas sobre o que não é o Amor. Assim, resolvemos nos restringir ao Amor entre homens e mulheres adultos – Amor Erótico, e iniciar a organização do material pesquisado com o que encontramos sobre o que não é Amor.
Certamente, nos apoiamos no pensamento do iliustre Carl J. Jung: "Se um homem não sabe o que é uma coisa, já é um avanço do conhecimento saber o que não é."
Atração física não é amor, pois nela reside os nossos instintos atrelados ao nosso estado fisiológico como as necessidades sexuais, prazer e perpetuidade da espécie.
Paixão é um forte sentimento que se pode tomar, até mesmo, como uma patologia.
Manifestada a paixão em devida circunstância, o indivíduo tende a ser menos racional, priorizando o instinto de possuir o objeto, que lhe causou o desejo. Sendo assim, o apaixonado pode transcender seus limites no que tange a razão e, em situações extremas, beirar a obsessão.
O filósofo Kant possuía uma visão semelhante aos seus pares Platão e Sócrates, bem como afirmava que "a paixão é a inclinação que impede a razão de compará-la às outras inclinações e de efetuar uma escolha entre elas. Assim, a paixão exclui um domínio de si mesmo, ou seja, impede ou torna impossível que a vontade se determine com base em princípios... “
“A paixão é uma doença por intoxicação ou por deformação que precisa de um médico interno ou externo da alma, o qual, todavia, não sabe em geral prescrever uma cura radical..."
A visão psicanalítica está mais próxima de uma visão Kantiana, no que se refere à doença, pois o sujeito apaixonado, seja por outro humano, ou pelo dinheiro, pela política, ou mesmo pela religião, está exclusivamente orientado pelo "princípio de prazer", alem de totalmente distanciado da realidade.
Na Paixão há servidão do sujeito ao objeto.
Segundo Freud, a Paixão teria como objetivo "arrancar o indivíduo da vida real, alienando-o por achar a realidade insuportável, seja no todo ou em parte, podendo chegar no pólo extremo da psicose alucinatória".
Erich Fromm em “A Arte de Amar” afirma que as formas imaturas de amor por ele desnominadas de União Simbiótica não deveriam ser consideradas Amor.
Sobre a União Simbiótica Erich Fromm esclarece que tem seu modelo biológico na relação entre a Mãe grávida e o Feto. São dois e, contudo, um. Vivem “juntos”, necessitam um do outro. O Feto é parte da Mãe, recebe dela tudo de que necessita; a mãe é seu mundo, em suma: alimenta-o protege-o, mas também a própria vida dela é acrescida por ele.
Na união simbiótica psíquica, os dois corpos são independentes, mas a mesma espécie de ligação existe psicologicamente.
Continua o ilustre pesquisador enumerando as duas formas de União Simbiótica.
A forma passiva da União Simbiótica é a da submissão, ou, se usarmos um termo clínico, a do masoquismo. O masoquista foge do insuportável sentimento de isolamento e separação tornando-se parte e porção de outra pessoa, que a dirige, guia, protege; que, em suma, é sua vida e seu oxigênio.
O poder daquele a quem alguém se submete é expandido, trate-se de uma pessoa ou de um deus; é tudo, e o submisso nada, exceto naquilo em que é parte dele.
Pode haver submissão masoquista ao destino, à enfermidade, à musica rítmica, ao estado orgíaco produzido por drogas, ou sob transe hipnótico. Em todos esses exemplos a pessoa renuncia a sua integridade, torna-se o instrumento de alguém ou de algo fora dela própria; não precisa de resolver o problema de viver por meio da atividade produtiva.
A forma ativa da União Simbiótica é a dominação, ou para empregar um termo psicológico correspondente ao masoquismo, o sadismo. O sádico quer escapar de sua solidão e de sua sensação de encarceramento, fazendo de outra pessoa uma parte, uma parcela de si mesma. Expande-se e valoriza-se incorporando outra pessoa que a adora.
Num sentido emocional mais profundo, a diferença entre as duas formas não é tão grande, visto que ambas tem em comum: fusão sem integridade.
Mira y López em seu livro “Quatro Gigantes da Alma” dá uma classificação psiquiátrica de amores, que poderíamos destacá-los para caracterizar o que não é Amor. Cada qual ama como é, ou melhor, como pode.
O Amor Esquizóide É um amor contraditório e desajustado, que faz os envolvidos viverem em perpétua tensão. Obedece à Lei do Tudo ou Nada.
O Amor Paranóide cresce e se manifesta com brilhantismo, conquista com facilidade seu “objeto” libidinoso. Sendo, porém, extremamente egocêntrico, imperialista e absorvente, logo se enche de ciúmes e exigências que torturam e inibem a quem o recebe.
Quem resiste a convivência de um amor paranóide, avassalador num instante e indiferente em seguida, se transforma em simples apêndice ou sombra escrava de seu tirânico amante.
O Amor Hipomaníaco é também brilhante, fácil, alegre e atraente, porem sem transcendência e principalmente nutrido pela raiz genital. Se esgota qual fogo-fátuo e esquece com surpreendente frigidez.
O Amor Pessimista e Melancólico está impregnado de medo e, às vezes, de rancor. Carece de força e de desejos; suscita mais compaixão que paixão. Porque quem sente o Amor Pessimista ou Melancólico, vê seus perigos e não goza de seus benefícios, sofre de suas dúvidas e não desfruta de seus atrativos, pede e não dá, não engana, porém desengana, exagera os obstáculos e diminui os recursos para transpô-los. Carece de fé. É desertor do Amor.
O Amor Compulsivo é escrupuloso, suscetível, super-ordenado em seus rituais, temeroso, inquieto e alterado, com impacientes urgências e inexplicáveis dilações, complica o decurso da convivência e destrói toda possibilidade de intergração.
O Amor Ansioso é anelante e angustiado, não tem pausa nem meio termo. Passa do entusiasmo delirante ao desespero trágico e da exaltada alegria ao medo pavoroso.
O Amor Nutritivo tem o gozo causado por prazeres puramente orais. Para chegarem a obter o prazer sexual requerem comer, beber e aspirar determinados manjares, bebidas ou perfumes.
O Amor Mortal é alimentado pela raiz tânica, busca seu ingresso no Nada. Caracteriza-se pela busca do silêncio, da solidão, da obscuridade e do imobilismo mudamente contemplativo, como se quisessem antecipar o Nada a que se dirigem. Ao olharem-se não buscam descobrir os claros de sua alma viva e sim o definitivo perfil de seu cadáver.
Amor Imperialista, Sádico e Tirânico consiste em exibir plena submissão do cônjuge. Esse tipo de amor obedece à fórmula: “se me amas, demonstra-o submetendo-te incondicionalmente a minha vontade.
O Amor Lúbrico corresponde ao desenvolvimento exclusivo da raiz genital. Os amantes nada têm em comum a não ser seu recíproco afã de satisfazer os impulsos à recíproca posse de seus corpos.
O Amor Intelectual, Criador é regido sob o dinamismo quase exclusivo da colaboração. Esse tipo de amor tem mais de companheirismo, de camaradagem ou amizade que de real intercâmbio erótico.
O Amor em Vaivém é o mais comum dos amores bifásicos: durante um período o homem se interessa e seu amor atinge o máximo enquanto a mulher resiste e “deixa-se querer”. A partir de dado momento ele começa a desinteressar-se e, então, ela reage e descobre que o ama “com loucura”. E, assim sucessivamente, quando um aperta o outro afrouxa.
O Amor Explosivo caracteriza-se pela coincidência e correspondência entre as fases de atração e repulsão violenta, que se alternam em ambos os amantes. Ocorrem disputas e reconciliações selvagens. Na primeira fase há amor incendiário e, na segunda, ódio incendiário.
Amor em Três tempos: Atração; Pugna; e Aversão.
Aqueles que assistiram ao filme “Nove e meia semanas de amor” encontraram na relação apresentada algumas formas dessa clasificação psiquiátrica de “amar”.
Refletindo com o até aqui exposto, poderíamos concluir que o desamor: tem motivações fisiológicas; é um forte sentimento que impede a vontade de ser determinada por princípios; é resultado de uma compulsão; é refúgio de realidade insuportável, ou porto para alienação; pode ser caracterizada como relação de domínio ou submissão; é fusão sem integridade.
Fontes:
Gigantes da Alma – Emilio Mira y López;
A Arte de Amar – Erich Fromm;
ocanto.esenviseu.net;
redepsi.com.br;
emdiv.com.br;
wikipedia.
Desamor
Longe, passou o amor
de minha mente e coração,
pois, dar foi dor
e cuidar não foi ocupação.
Hoje sei, que foi desamor,
não ligar as tuas carências.
responsável, como favor
e respeito foi à falência.
Sem interesse por teu segredo,
sem sentir o aroma de tua essência
e sem entender, de tua vida, o enredo.
De medo e solidão, minha existência.
Sem fé e objetividade,
surdo à voz interior,
desisti da felicidade,
por ser incapaz ao amor,
desisti da felicidade,
por ser incapaz ao amor.