POESIA x POEMA x POETA
Sempre que me deparo com essa trepide temática, recorro aos ensinamentos do amigo Antonio Virgilio. Poeta plural, às vezes alquimistas visceral, versa a polêmica como se estivesse a revelar segredos metafísicos guardados no baú da imaginação.
Em que pese já ter apreciado outras inspiradas vertentes, julgo ser esta a mais rica e lírica:
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O que é poesia?
Poesia é ovo. Ovo essência. E por excelência, o alimento mais nutritivo que já foi consumido pela demência humana.
Poema?
Poema é galinha. Galinha abrigo. Galinha mãe. Habitat natural do ovo poesia.
Se galinha não quebra ovos; posso afirmar que poeta também não.
Quem quebra ovo é artista. Criatura irresponsável. Tão irresponsável quanto seu Criador. Faz do ovo... omelete. E da omelete... arte.
É sempre assim. Na ânsia de desvendar a razão do viver; quebra ovos, unta iguarias, e faz omelete (de todas matizes e texturas). Quando a receita é boa, o ovo essência à arte se associa. Vira omelete. E o quebrador de ovos imagina ter desvendado o poema.
Fazer omelete é fácil; qualquer aprendiz de cozinheiro o faz. Todavia, se não cultua o ovo essência; sua omelete é uma arte onde a poesia: jaz.
-OMELETE DE POESIA É ARTE, MAS COM TODA CERTEZA, POEMA NÃO É -
E o poeta? Quem é essa personificação de hábitos toscos que enaltece o sofrer e, do sofrer, fingi sentir dor. Se não quebra ovos, se não manipula iguarias, o que faz para merecer a prestígio da poesia?
Ora amigos! O poeta, por não carregar na testa a estrela dos artistas, põe a galinha para chocar. E, muitas vezes, ocupar seu lugar.
Antonio Virgilio de Andrade
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