A péssima transmissão do Carnaval carioca.
Antigamente, coisas de três décadas tínhamos várias emissoras de televisão fazendo a transmissão do carnaval carioca para todo o país. Com o passar dos tempos as crises varrendo o mundo e a moeda encolhendo, ficou-se o monopólio das transmissão.
Infelizmente isso não foi bom para o telespectador brasileiro, pois ele não tem opção de sintonia que possa lhe satisfazer uma boa qualidade de informação da nossa maior expressão popular que é o carnaval.
Nesses anos de monopólio da Rede Globo no carnaval carioca, o televisionamento tem caído de maneira vertiginosa, com a falta de uma concorrente existe o abuso da emissora em fazer a transmissão de péssima qualidade.
A Liesa, que é a organizadora do evento dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, deveria encontrar um meio de fazer outros veículos eletrônicos de participar com a Rede Globo na transmissão deste evento, mesmo porque é democrático, nenhum telespectador é obrigado a assistir um só canal, quando esse por algum motivo lhe desagrada.
Podíamos ver isso claramente na década de 1980, quando existia a Rede Manchete de Televisão, que na época deu um show de como ministrar com cátedra uma transmissão do porte do carnaval do Rio de Janeiro.
Seus comentaristas, seus críticos, seus convidados, todos profundos conhecedores do carnaval, com formação acadêmica no assunto, que defendiam suas visões com absoluto conhecimento de causa, além de informar-nos com competência, deixava-nos apreciar o desfile e escutar o áudio sem interferência de palpites fora de hora, prejudicando o entendimento do espetáculo.
Além da Rede Manchete tínhamos também como opção a Rede Bandeirantes e a TVE, hoje TVBrasil. Livre escolha também de imagens, não tínhamos pool naquela época. Da última vez em que duas empresas se juntaram para a transmissão do desfile fizeram um pool de imagens, isso foi péssimo pois as imagens eram gêmeas, idênticas como num canal e no outro.
Hoje em dia temos uma emissora que reina absoluta na transmissão no desfile oficial e outra que pega a sobra da porção desse desfile, que é o das campeãs. Todas as duas deixam a desejar ao público alvo, que é o sambista. Seus comentaristas não abordam nada que realmente ilustre aquele cortejo. Suas deduções são totalmente errôneas, descabidas, não raro, suas narrações nada tem haver com o que está sendo retratado pela aquela agremiação que está em destaque na pista.
A Rede Bandeirantes na transmissão do que sobrou do banquete principal, coloca em seu estúdio de passarela uma pessoa que nada entende de carnaval, muito menos de escolas de samba carioca, conclusão: seu apontamento é digno de riso zombeteiro, merecedor de escárnio, esse apresentador de programa sensacionalista que explora a angustia alheia, não sabe narrar, o que diz é literalmente repetitivo, se perde ao falar daquilo que passar rente aos seus olhos.
A Rede Globo de Televisão, a que monopoliza o desfile principal também não fica nada a dever da sua co-irmã Bandeirantes. Seu staff de comentaristas discursam todo o tempo de desfile das agremiações, não dá tempo do telespectador prestar atenção e ouvir o samba cantado pela escola em desfile. Diga-se de passagem que o próprio esquema de transmissão das escolas são absolutamente mal feito por essa emissora. Ela só começa a transmitir de fato depois de aproximadamente dez minutos que a escola já entrou na pista de desfile. Isso quer dizer que aquela comunidade que esperou e trabalhou árdua durante 365 dias, perdeu 600 segundos de visual trabalhado.
Isso é um desrespeito as comunidades, pessoas sacrificadas o ano todo. Além disso, seus jornalistas e comentaristas torcem pela escola do coração sem o menor respeito e pudor pelas demais. Jornalismo sério, com credibilidade é aquele que não toma partido, não se envolve. Ele só informa tal como é. Isso se aprende na academia de comunicação social. Isso se chama ética profissional e temos a obrigação de respeitar.