Más notícias de um diagnóstico

Más notícias de um diagnóstico

Muitos profissionais das mais diversas áreas entram em um grande conflito interno quando precisam decidir se contam ou não uma má notícia para seu paciente ou família. Assim, o pensamento que reincide a todo instante na mente desse profissional é: “Qual a melhor maneira de abordar um assunto difícil, dolorido? Como dividir estas informações”?

Porém, toda essa indecisão e dor por ela causada não são sentidas apenas pelo profissional, pois os pacientes e familiares passam pelas mesmas experiências quando são comunicados de uma má notícia.

Tais momentos inesperados desencadeiam no indivíduo e em sua família importantes estágios emocionais, como:

• O momento do choque: vivenciar algo que não está esperando, a mudança de vida e na vida pode causar esse estranho desconforto.

• A negação e o isolamento: em seguida, o indivíduo não aceita naquele momento aquele quadro e tenta de todas as maneiras negá-lo, rejeitá-lo. Sente vergonha e medo, o que o leva a isolar-se.

• A raiva: esse próximo estágio ocorre pela descoberta e informação do prognóstico, ou de uma má notícia, como por exemplo, um acidente com morte súbita de um ente querido.

• A barganha: nesse estágio, o indivíduo faz suas negociatas consigo mesmo e com os outros. Aqui entra o poder da fé, que é muito importante. Busca os mais diversos meios que ele puder para se ver curado, restaurado. Assim, ele tentará, seja nos recursos da medicina, seja em outros, conseguir a cura ou o conforto emocional que tanto almeja. A tendência é o indivíduo ficar mais humilde, pois se trata de um momento de muitas leituras da vida, dos valores, do que fez, do que deixou de fazer. É uma auto-retrospectiva no sentido de melhorar o que já foi feito e o que ainda falta fazer.

• A depressão: diante dessa transformação brusca, inesperada e dolorida, o indivíduo tende a ficar melancólico, deprimido, ou seja, o mundo, em vez de ser uma janela colorida que se abre, é uma janela cinzenta que se fecha. Nessa fase, é preciso buscar esperança onde parece não achá-la mais. Um paciente relatou a seguinte frase, estando em um estágio desses, que me chamou a atenção: “A esperança de que minha esposa se recupere está se desvanecendo rapidamente há alguns dias... a única esperança que tenho agora é a de poder ter novas esperanças.

• A aceitação: estágio esse em que a tendência do indivíduo é ir aceitando, convivendo, aprendendo a lidar com a nova situação, pois finalmente reconhece que a consequência do prognóstico existe, é realidade. Pode ser impossível mudá-la, mas é perfeitamente possível lutar para amenizá-la. Aqui, é preciso conscientizar-se de que infortúnios aparecem, mas um dia também passam.

As referidas fases podem ser sentidas tanto pelos indivíduos, quanto pelas famílias. Dessa forma, se for um acidente, a família sentirá. Se for um diagnóstico, o paciente mesmo sentirá. O importante é que todos estejam conscientes de que períodos difíceis, desencadeados por um prognóstico nada promissor, ou uma mudança repentina ocasionada por um acidente existem e podem acontecer na vida de qualquer um. Não escolhem quem atingir, mas os atingidos podem, sim, escolher como lidar com eles. O mais sábio é que escolham lutar com muita propriedade, pois adversidades podem ser comparadas a temporais: existem, acontecem, destroem muito, porém passam. E, na maioria das vezes, são seguidos por extensos períodos de bonança.

Dr. J.F.Alvarez 20/02/2010

jafjaf
Enviado por jafjaf em 24/02/2010
Código do texto: T2105093