Os saberes adquiridos fora da escola
Muito se fala que a escola não mais prepara o cidadão.
De certa forma, existe muita razão nessa afirmação. Se não, vejamos.
Quantos de nós, apesar de possuirmos escolaridade formal, temos dificuldades, por exemplo, na compreensão do texto de um contrato de compras a prestação, ou mesmo de uma bula farmacêutica?
Será que isso poderia ser considerado despreparo, ou, o que seria pior, que a escola não nos ensinou devidamente o que deveríamos ter aprendido?
Nessa análise devemos levar em consideração que essas competências aqui colocadas, não teriam relação, sequer minimamente, com os programas escolares ou aos saberes oferecidos aos alunos nas formas das disciplinas formais da matemática, história, geografia, e tantas outras que são colocadas nos currículos escolares.
Claro que as compreensões básicas do dia a dia devem ter suas relações com o aprendizado escolar. Elas supõem uma correlação com o domínio da língua, operações matemáticas básicas e demais competências requeridas na vida cotidiana.
Entretanto, de que adianta escolarizar um indivíduo, por mais de 15 anos de sua vida se ainda ele continua despreparado para ela?
Nesse aspecto, a escola não está contribuindo para desenvolver as competências necessárias ou até mesmo para que, quem freqüenta a escola se aproprie dos conhecimentos necessários para seu desempenho enquanto cidadão.
Em contrapartida, uma boa parte das competências necessárias para o nosso exercício plena da cidadania, é desenvolvida fora da escola.
Portanto, as competências que a escolarização formal exige que seus alunos adquiram, devem estar, obrigatoriamente, aliadas às competências mais simples e tão necessárias, independentemente dos programas e conteúdos escolares.
Muitas vezes a resolução dos problemas do cotidiano não dependem do conhecimento das formalidades da resolução de uma equação do 2º grau, ou das formas de cultivo de bactérias patogênicas, ou ainda do conhecimento físico do princípio de Arquimedes, que por tantas vezes, foram os motivos para a reprovação escolar.
Talvez até, todo esse ano refeito, de nada significou para o aprendizado do cotidiano daquele aluno, que pode ter se saído bem melhor na vida do que outro que nunca tenha sido reprovado.
Os professores deveriam repensar seriamente sobre isso...
Oswaldo Genofre
Secretário Adjunto de Educação e Cultura de Ribeirão Pires.
(Artigo publicado no Jornal Folha de Ribeirão Pires)