Metáforas
A palavra metáfora provém do grego e fundamenta-se numa relação de semelhança entre o sentido próprio e o figurado. No clássico exemplo de se chamar de raposa uma pessoa astuta ou a juventude como a primavera da vida, o esperto animal empresta vivacidade aos humanos e a Natureza a sua beleza à juventude.
Há eloqüentes metáforas cheias de otimismo, de vida, e as negras e entristecidas. A luz do conhecimento que poderia iluminar os escuros âmbitos do entendimento sugere vida, aprendizado e outra metáfora: o caminho do aperfeiçoamento que poderia ser percorrido pela inteligência de quem decidisse abandonar as velhas metáforas da passividade, do conformismo e do pessimismo.
O pessimismo destrói os ideais, tira as energias, traz a depressão. Ao reagir contra ele, estamos reagindo contra a insensibilidade e a ignorância. O pessimismo nos leva a achar que o mundo vai desabar por causa de um mau momento, de um problema qualquer que passa a tomar conta de toda a mente, de toda a vida. O pessimismo nos leva a colocar toda a nossa vida dentro dos problemas. É um pensamento que deve ser afastado. Ele não deve ser substituído por um otimismo piegas, senão pela convicção esperançosa de que poderemos mudar o curso de nossa vida para melhor; uma convicção baseada na realidade de sermos humanos, capazes de sentir, pensar, criar e transformar a vida e os dias futuros num pequeno jardim construído e cultivado com as próprias mãos.
A vida deve ser maior do que os problemas. Cada pequeno problema é uma prova que ela nos coloca, um obstáculo a ser transposto, um exercício diário que nos permitirá enfrentar problemas maiores no futuro. Ela deve ser ampliada para não ser sufocada por qualquer problema ou devorada pelos abutres do pessimismo. E ampliá-la significa ampliar a capacidade de pensar, de criar, sentir e ser, verdadeiramente, humanos.
Cada problema é uma prova. O ser humano com quem convivemos é um espelho onde podemos ver a realidade do que fomos, somos e seremos. Os maiores problemas não estão nos fatos que nos acontecem, nas pessoas com quem convivemos, na sociedade da qual formamos parte, senão em nós mesmos, em nossa maneira de não pensar e deixar as coisas correrem para que sejam resolvidas pelo acaso.
Certa vez alguém disse que deveríamos olhar a luz de frente para que as sombras ficassem às nossas costas. Eu penso que se nós dermos as costas à luz do conhecimento que nos convida a pensar, a realizar, a modificar as nossas vidas, mergulharemos, irremediavelmente, na desesperança, na sombra do pessimismo.
Lutar contra o pessimismo, contra os pensamentos sombrios que trazem tristeza e depressão é lutar por dias melhores, construí-los com a própria vontade, ser dono do destino.
A vida, como um vale de sofrimentos e lágrimas, metáfora menor e entristecida, reporta-nos ao aforismo pessimista que diz ser ela amarga e que errar é humano, e fazendo-nos refletir: ela deve ser doce e acertar é humano; os erros podem ser afastados, pois aqui estamos para superá-los.
Se as nossas vidas são metáforas, expressões e símbolos de uma realidade maior, façamos com que elas se preencham com o conteúdo da natureza cheia de luz, movimento e transformação.
Nagib Anderáos Neto
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