O PAPEL DO ESCRITOR E O COMPROMISSO COM A REALIDADE

Qual é realmente o papel do escritor?

*Levar ao conhecimento das pessoas, através da escrita, nas mais variadas formas de comunicação, os atos e fatos decorrentes de diversas atividades relacionadas ao ser humano, sejam elas: políticas, culturais, artísticas, informativas e científicas, bem como os de causas naturais, sem a interferência do homem, mas, com excelentes aspectos literários, a exemplo de poemas inspirados no esplendor do céu, da lua e do astro sol. Geralmente, é através dos textos expressos pelo escritor que sofremos influências e o modo de ver as coisas, sejam de maneiras positivas ou negativas, principalmente na questão comportamental dentro da vivência relacionada ao cunho político, social e familiar.

O papel do escritor tem enorme importância para nossas atitudes e exerce extraordinária influência a partir das faixas etárias mais baixas, refletindo fortemente também nos adolescentes, assim como, nas faixas adultas, onde a própria vivência já solidificou seus modos de proceder ou a maneira de se manifestar e as tornou seguras em virtude das experiências e momentos vividos anteriormente. E não querendo generalizar, os desvios são considerados pouco influentes em relação à totalidade de pessoas da chamada terceira idade, não significando que essa idade seja menos importante, mas em muitos casos, devido ao cansaço, inclusive mental.

Em tese, o escritor não é uma pessoa diferente das outras, digamos, dotada de maior inteligência. Entretanto, destaca-se pela perspicácia e a disposição de registrar suas observações, os fatos que ocorrem ao seu redor ou então na mais íntima imaginação.

Nos últimos tempos venho me dedicando a essas manifestações culturais, por meio da leitura e da escrita e passei a perceber que esse é o caminho mais curto para dividir com os outros os nossos momentos felizes, de emotividade, e outras formas de expressividade, de vivenciamento e isso tem me orientado para tal e me orgulhado pela oportunidade de socialização. Ninguém, de boa consciência vive nesse nosso mundo sozinho. Sempre proponho que escrevamos nossas idéias, que coloquemos no papel o que se passa pela nossa mente, e tenho observado ser esse ponto a maior dificuldade das pessoas, porque elas não se preocupam com o que vão escrever e sim com o que a escrita pode representar para outras pessoas, para os leitores. Sabemos que essa escrita normalmente passa a ser de domínio público. Por causa disso, perdemos muitas preciosidades, muitas relíquias literárias. Apenas como orientação, deixamos de aprimorar nossa redação, inclusive, na área escolar.

Há algum tempo, tínhamos na área da então Biblioteca Pública de Santana, uma programação chamada “Vime com Vinho”, desconheço os motivos da sua descontinuação, afinal, aquele espaço oportunizava-nos expressar e socializar nossos dotes artísticos, como por exemplo, a peça criada pelo nosso maior poeta santanense Carlos Lima, denominada “Seu Portuga e a Língua Portuguesa”, onde ele nos orienta sobre o uso correto da nossa belíssima gramática portuguesa.

E o compromisso do escritor com a realidade?

*Acima de tudo, cumprir à risca: a ética, o respeito e a lealdade com o leitor, em todos os sentidos e aspectos.

O leitor é quem promove o sucesso de qualquer escritor, dependendo do seu gosto pelo tipo de leitura, como por exemplo: os romances; histórias policiais; suspenses, ficção ou mesmo revistas e jornais informativos, com a intenção de “estar por dentro dos fatos” ou apenas como forma de passatempo.

De princípio, o escritor deve ser o mais realista possível, tendo em vista que através do que escreve, consegue passar sua mensagem e o que quer expressar para a opinião pública, que dependendo do que publicar poderá provocar ou criar situações novas e surpreendentes.

Ao escrever o livro “O Povo Brasileiro”, Darcy Ribeiro, diz que:

“Uma vez completado o livro, a primeira leitura crítica que consegui fazer dele todo me assustou: não dizia nada, ou pouco dizia que não tivesse dito antes. O pior é que não respondia às questões que propunha, resumíveis na frase que, desde então, passei a repetir: por que o Brasil ainda não deu certo?”.

Analisando a preocupação do autor, nota-se que cada vez que relia seu livro, o Brasil ou estava paralisado ou havia mudado e ele não conseguia relatar o que efetivamente almejava escrever, que era de demonstrar nossa realidade, dentro das mutações e indiferenças de um país-continente como o Brasil.

Por isso afirmar que o papel do escritor é sempre esclarecer o leitor e praticar o “compromisso” com a realidade.

Artigo publicado no Jornal "A Gazeta Santana", edição nº 18 de 12/02/2010.