À PROCURA DAS PRIMEIRAS PALAVRAS.
Por: Ester Andrade Elias
Todos nós temos uma história, um momento no qual alguém reconhece o inicio da nossa existência no mundo. Os conceitos, idéias, coisas tiveram também uma origem.
Cagliari(1998), afirma que a escrita quando inventada já previa as regras do sistema que permitem ao usuário codifica-la e decodifica-la, neste sentido, o processo de aprendizado dessas regras,ao qual chamamos de alfabetização, seria tão antigo quanto à invenção da escrita.
É muito importante compreender que desde a sua origem surge como uma necessidade social, num momento em que o homem negociava os seus produtos e utilizava um sistema numérico para marcar a quantidade do gado e de seus produtos com cajado ou osso.
Era necessário distinguir os produtos e seus proprietários, por isso foi preciso inventar outros símbolos que realizassem essa função.
Naquela época ser alfabetizado significava, distinguir, decifrar os símbolo e ser capaz de escrevê-los, com o passar do tempo, houve a expansão do sistema da escrita e conseqüentemente o sistema simbólico exigiu um conhecimento muito maior de informações para ler e escrever.
A civilização grega e romana fará ainda ulteriores modificações que resultarão no modelo alfabético que temos hoje, já que com um número limitado de letras e fonemas conseguimos exprimir palavras, idéias e conceitos muito complexos.
Os PCN’s(BRASIL, 1997) recomendam que a alfabetização não seja um aprendizado de decodificação e memorização e na tentativa de encontrar novos caminhos trazem novos conceitos, porém ainda continuamos com muitas interrogações sobre como ensinar leitura e escrita e letrar nossos alunos.
Segundo Soares (1998), a palavra letramento, que aparece pela primeira vez no vocabulário da educação pode ser definida como o estado do individuo que foi alfabetizado e exerce as práticas sociais de leitura que circulam na sociedade em que vive.
A autora compara alfabetização a letramento, enquanto o segundo é mais abrangente e exige também que o individuo alfabetizado tenha se apropriado das práticas sociais de leitura e escrita.
Ao confrontar os termos é importante ressaltar que o professor deve ter em mente a distinção e as relações entre o fenômeno da alfabetização e do letramento e a partir daí traçar objetivos que considerem tanto o processo de desenvolvimento do aprender a ler e a escrever quanto da apropriação das práticas sociais do uso da escrita.
A escola, como instituição que promove a aprendizagem e dota os seres humanos de capacidades para se realizarem, tem a obrigação de possibilitar oportunidades para que essas pessoas conheçam e manipulem a linguagem escrita como objeto de aprendizagem. No entanto, a experiência tem nos mostrado através dos anos que estamos vivenciados a dicotomia da linguagem escrita, num processo inverso ao que seria a sua verdadeira proposta.
Entretanto, apesar de estarem indissolúvel e inevitavelmente ligados entre si, escrita, alfabetização e letramento nem sempre têm sido enfocados como um conjunto pelos estudiosos.
A alfabetização refere-se à aquisição da escrita enquanto aprendizagem de habilidades para leitura, escrita e as chamadas práticas de linguagem. Isso é levado a efeito, em geral, por meio do processo de escolarização e, portanto, da instrução formal.
O letramento por sua vez, focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição da escrita. Entre outros casos, procura estudar e descrever o que ocorre no dia a dia. O letramento tem por objetivo investigar não somente quem é alfabetizado, mas também quem não é alfabetizado.
Portanto, costuma-se pensar que a escrita tem por finalidade difundir as idéias principalmente a escrita impressa. No entanto, em muitos casos ela funciona com o objetivo inverso, qual seja: ocultar, para garantir o poder àqueles que a ela têm acesso.
É necessário ter em mente que a grande maioria dos nossos alunos só integra na escola após os seis anos de idade. Portanto, não há porque protelar o desenvolvimento de um leitor mais autônomo em nome de um prolongado processo de letramento se há evidências na leitura cientifica de que atividades que estimulam de forma mais sistemática alfabético afetam positivamente a aprendizagem da leitura e da escrita, sobre tudo quando está estimulação vem associada à palavra escrita através de jogos e atividades especificamente dirigidas. Assim, os professores terão que compreender a leitura é uma possibilidade pedagógica que favorece ao educando condições de superar dificuldades e construir-se enquanto pessoa na interação e integração com o outro.
É importante notar o jogo entre antigo/moderno/moderno/moderníssimo. O discurso de Galhardo afirma que a hegemonia do Sistema de Educação deva ser responsabilidade do governo.
Podemos constatar que o movimento que impulsiona a mudança no campo da Educação vem desde seus albores, da secretaria de Educação dos órgãos do governo, de uma classe ou de um grupo que não representa o todo das pessoas envolvidas com o processo educacional.
Ferreiro (1987) sublinha a importância da capacidades cognoscitiva da criança que tinha sidos esquecida pelos métodos anteriores. A autora faz esta afirmativa respaldando-se na teiria de Piaget, segundo a qual, o sujeito é um ser ativo, que aprende através das suas açãoes sobre os objetos, e constrói as categorias de pensamento ao mesmo tempo em que organiza seu mundo.
Enfim, sem dúvida alguma cabe às escolas a responsabilidade de propiciar aos seus alunos o domínio dos códigos instrumentais da linguagem de tal forma que propicie mais que domínio de informações especifica em sala de aula os alunos devem adquirir várias habilidades, desde cognitivas, como a compreensão, o pensamento analítico e abstrato, a flexibilidade de raciocínio para entender situações novas como para solucionar problemas em sua formação profissional, indispensável à autonomia no seu grupo social.
Aos poucos , os alunos tornaram-se conscientes dos processos envolvidos na produção da escrita/leitura e constituíram-se autores da escrita de fim de semana.
Este resultado no interpelam sobre uma nova altitude pedagógica a ser assumida pelo professor. Torna-se necessário que nós , ocupamos do ensino da aprendizagem da leitura e escrita,para instaurar um processo de ensino que possibilite ao aluno não o binômio ler/escrever, codificar/decodificar, mas produzir significados e sentidos para a sua escrita, inscrever-se na nossa história.
REFERENCIA
SOARES, Magda. As Muitas Faces da Alfabetização. Cadernos e pesquisa. São Paulo, n. 52, p. 29-24, fev. 1990.
TFOUNI, Leda Verdiani, Letramento e alfabetização, 6. ed. – São Paulo, Cortez, 2004
COLETÂNIA. A Mãe – Alfabetização – página 11.
Modulo VI. Ed: UNOPAR- Londrina – 2008