Entenda a linguagem bélica

Romeu Prisco

Na última guerra mundial, os cidadãos que lutavam contra as forças de ocupação, entendidas estas como sendo as do "eixo" (Alemanha, Itália e Japão), eram chamados, individualmente, de patriotas e, em grupo, de "Resistência". Na atual guerra do Oriente Médio, os cidadãos que lutam contra as forças de ocupação, entendidas estas como sendo as do novo "eixo" (EUA, Israel e Inglaterra), são chamados, individual e coletivamente, de terroristas. Não são patriotas e pertencem, quando muito, a grupos de fanáticos.

Na atual guerra do Oriente Médio, armas de destruição em massa são aquelas que Saddam Hussein deveria ter, mas que, por não tê-las, não se sabe o que eram, assim como meia dúzia de "homens-bomba" e mais meia dúzia de foguetes "katiucha", de poder equivalente aos morteiros aqui fabricados por Fogos Caramuru. Robustos tanques equipados com canhão, metralhadoras de última geração, fuzís com mira a laser, caças super-sônicos com suas bombas de propagação, satélites-espiões, navios de guerra e sem contar os dispositivos atômico-nucleares, são, simplesmente, armas de "defesa". Que tal "armas de defesa em massa" ?

Resoluções da ONU contendo normas cogentes, são aquelas que atendem aos interesses do novo "eixo" e que determinam o imediato "desarmamento dos terroristas". Outras que poderiam conter normas cogentes, determinando o imediato cessar-fogo e a desocupação dos territórios invadidos, são aquelas que assim deixam de ser, diante de simples veto de um dos integrantes do novo "eixo", ou de um dos seus acovardados puxa-sacos. Destarte, se convertem em meras "recomendações".

A lista poderia ser mais extensa, mas, com esses três exemplos já é possível ter uma idéia de como funciona a "linguagem bélica". Outrossim, a maior parte da mídia, manipulada ou comprometida com o novo "eixo", colabora de maneira decisiva na introdução e manutenção desse linguajar. Assim, o que se vê e o que se ouve, são pessoas intimamente contrárias às agressões praticadas pelo novo "eixo", porém, falando em "terrorismo", quando se referem às ações defensivas ou mesmo de contra-ataque dos palestinos, iraquianos e libaneses, numa luta totalmente desigual.

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